segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Cinismo

Quando rasgarem o gesso ao meio
e me libertarem desta luva branca
talvez eu lhe diga como senti falta
de uma parede generosa.
Pensei em vários momentos difíceis
em estraçalhar os dedos de encontro a ela.
A minha predileta é a do quarto.
Uma parede que se faz de morta
para com crueldade extrema
sugar minha carne.
Compreendo agora a parábola indiana.
Ao banhar-me de fato algo não se molha.
É a minha mão obscura.
Engessada.
Na fisioterapia quem sabe eu lhe confesse
como quase morri trocando uma lâmpada.

4 comentários:

  1. Se são verdadeiras todas as tuas queixas , juro-te amigo , posso ser a enfermeira !


    S.O.S de plantão !

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  2. A gente viveria escrevendo versos.
    Esquecendo do mundo, do pão e do circo.
    Abraços, querida Socorro.

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  3. Demais,Domingos, muitas vezes leio suas imagens do cotidiano e imagino como seria Huidobro ou Unamuno lendo seus versos.
    abraços

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  4. Pensador como és, meu camarada
    também me sinto privilegiado.
    Abraços.

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