LIVRO I, 30.03.1999
(para Vena)
vou tirar o vestido azul da terra
quero vê-la correndo nua
pelos campos nevados da alemanha
enquanto recito o desiderata
mamãe chegou da missa
e não trouxe uma hóstia
para eu comer com guaraná
geraldo josé
eu não roubei o seu dinheiro
eu não matei você
minha cara angol de brincos de ouro
eu sou apenas esta noite que cega o mundo
eu não pego a lua mergulhando no mar
para isso eu tenho que subir no céu
estou palitando os dentes
e a via láctea é o meu chapéu
geraldo josé
a rússia lia nos meus olhos
o que eu pensava dela
eu sou o amém
e aponta com o dedo o futuro
antes que o meu cigarro acabe
eu vou embora para sempre
me escreva do canadá
geraldo josé
não faço poesia
digo quem sou
eu sou a lua da primavera
eu sou o quadril de vênus
e as pernas de atenas
sou a onda do rádio
que chegou no mar
sou o grito
da estrela que deixou de brilhar
geraldo josé
minha casinha fica no universo
seus olhos estão no meu rosto
eu sou aquele velho esquimó
o poema apache na ponta da lança de buda
sou as terras intactas
o país que está submerso no gelo
onde eu brincarei amanhã
geraldo josé
a civilização é uma criancinha
procurando os peitos gostosos de vênus para mamar
a civilização é uma foda escrota
que larga o pau na minha cabeça
a civilização é o espelho
onde eu penteio as minhas lindas tranças
geraldo josé
vou tocando na lata do mundo
brochando a américa no banheiro
com os meus grossos lábios africanos beijo a lua
e fica nua para nadar no amazonas
eu não sei de mim
apenas me delicio com uma gostosa salsicha alemã
geraldo josé
escrevo como a águia voa
ou como o veado corre
me entrego ao papel
como uma estrela se entre à noite
eu sou o sol que esquenta o egito
enquanto a terra
passeia de barco pelo nilo
geraldo josé
sou um homem feliz
sou a mulher mais feliz do mundo
num foguete fui pra lua
e estou por lá ainda hoje
consolação eu não tenho
mas inspiração não me falta
vou fugindo da realidade
na fumaça do cigarro
geraldo josé
o pastor encheu a cara de bíblia
e depois vomitou na platéia boba
sou a encarnação de lúcifer
ninguém acredita
eu sou apenas uma gata mansa
como a velha maísa
apaixonado eu estou sempre
e é por isso que eu tenho tanta raiva
geraldo josé
meu papo é legal
não exige estrutura de ninguém
é só ler e achar graça
meu papo exige estrutura
como tem gertrudes nesse mundo
troglodita e taciturno
vou saindo pelos fundos
para dar um mergulho no titicaca
ou no mar morto
mas eu sou mesmo é das alvoradas vermelhas
das noites de vênus pelo céu
geraldo josé
quero um trago de cahaça
nesse imenso brasil católico
quero comer cocada
dançar a quadrilha de são joão
para onde vou mais?
para lugar nenhum
se aqui é o meu lugar
geraldo josé
tudo vem da natureza
e olta para a natureza
a terra vai pelo céu
sustentada por gabriel
a virgem pornográfica me alucina
longe da hipocrisia moral
ou seguindo a minha ética
filha gostosa da grécia
não seja tão sério
não me leve a mal
geraldo josé
Geraldo,
ResponderExcluirjosé, urano, efe, de lima batista...
tantos eles
e tantos elos
que me confesso submerso
em seu canto
grande Geraldo
que no Tempo revela
e pra nós desenrola
o novelo do verso
Um palpitar mais forte e mais sentido em minha alma se fez ao ler os poemas que guardei por tanto tempo. Não poderia ter entregue em melhores mãos, dessa forma outros poderão sorver dessa energia dos muitos sabores, aromas e cores dos poemas de meu amigo, O Poeta. assim o chamo.
ResponderExcluirGrata a você, Luis, a Geraldo pela oportunidade de saborear o que de fato é muito bom.
"minha casinha fica no universo
seus olhos estão no meu rosto
eu sou aquele velho esquimó
o poema apache na ponta da lança de buda
sou as terras intactas
o país que está submerso no gelo
onde eu brincarei amanhã"