segunda-feira, 14 de junho de 2010

pulpifex maximus


Ninguém é indiferente a elogios; mas não há melhor maneira de testar um caráter do que observar a reação de quem recebe um elogio. Causam desconfiança aquelas pessoas que se mostram ansiosas por ser elogiadas, porque não se trata de algo que deveriam querer, mas de algo que deveriam considerar uma sorte receber. Ninguém se sente muito à vontade quando se trata de reivindicar como plenamente justificável o desejo de receber elogios, ou, ainda menos, o talento para se auto-elogiar conhecido como cabotinismo.
Mas e se nosso desejo mais forte fosse o de ser elogiado - e, por conseguencia, de elogiar - ,não o de ser amado, ou compreendido, ou desejado, ou punido? Como seria a nossa vida? Ou melhor: Como seriam nossos relacionamentos? Quanto tempo durariam? Que estariam as pessoas fazendo juntas?
A gente de repente estaria dizendo coisas como esta: nada mais cruel com um parceiro do que ser bom em matéria de fidelidade mas ruim nas celebrações e festejos. Ou então: as pessoas tem casos porque não recebem elogios suficientes do parceiro, ou porque não são elogiadas da maneira como preferem. Ou: não é difícil segurar um relacionamento, mas é impossível celebrar e celebrar e celebrar o tempo inteiro. O aplauso prolongado acaba tendo um efeito duvidoso.
(adam phillips)

2 comentários:

  1. Antes até do elogio
    paira aquela névoa.

    E quando não se é elogiado
    então uma catástrofe intima.

    O mais cruel é aquele que elogia
    somente para ver o sorriso trêmulo no rosto do envaidecido que na verdade não vale tal elogio.

    Como também é elevado aquele elogio
    que parte da plena e verdadeira admiração: uma sorte.
    Para ambos

    Forte abraço.

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  2. gosto sempre dos seus comentários/poemas. também quando o elogio for pertinente,não devemos ter pruridos ao fazê-lo. o elogio é alimento para o ego. que fazer!

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