sábado, 12 de junho de 2010

Um Dia Comum

O meu coração prossegue sanguíneo.
De pouca conversa.

Ultimamente tem adorado
apenas duas coisas:

a porta do quarto encostada
e a tartaruguinha de pano

com toda a sua força
impedindo que o vento abra.

Desde cedo não vi nada mágico
em volta das plantinhas da varanda
tampouco ouvi os gracejos dos passarinhos.

Neste dia especial
tão singelo
e tão bacana

em que até os diabinhos
comovem-se com a fita rosa
a prender os cabelos da anjinha

deveria o poeta
sair com uma veste digna.

Um perfume purple.
Atacar a primeira dama.

Não importa se a dama
de vermelho
ou cinza.

Seduzir.

Um olhar franciscano.
Um sorriso tímido.

Não posso.
Estou sob feitiço.

Primeiro a tartaruguinha de pano
não me deixa abrir a porta.

Segundo a porta fincou
os pés nas cerâmicas.

Cumplicidade entre as eternas rivais
para que o poeta não fuja de dentro
do copinho de requeijão.

É um copinho de vidro.
Transparente.

Dá pra ver a dentadura da minha vó.
Uma relíquia.

2 comentários:

  1. domingos,
    você percebeu que só quem tem postado alguma coisa no blog é você, eu e o zé do vale. quero dizer com uma maior regularidade.o zé flávio, o emerson, o zé nilton também comparecem mas, os assíduos somos nós três. seus poemas, minhas imagens e os textos científicos do zé tem mantido o blog respirando.

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  2. Oxigênio valioso.
    Creia.

    Forte abraço.

    E continuemos.

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