segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"Jogo de cena" - José Nilton Mariano Saraiva

ARENA, PDS, PMDB, PSDB, PPS e PSB têm alguma coisa em comum, além do fato de serem volúveis agremiações políticas brasileira??? Algum projeto ou algo que de alguma forma as irmanem ??? Guardam alguma similitude em termos de defesa de um ideário programático comum ??? Pugnam por regras ou princípios consentâneos ??? Trilham a mesma estrada e comungam do mesmo objetivo ???
Claro que não. Longe, muito longe. E bote distancia nisso.
Pois foi esta a trajetória sinuosa, chinfrim e um tanto quanto mal-cheirosa percorrida pelo espertalhão e arrogante Ciro Gomes até aqui (politicamente), nem que para tanto tenha tido que abater e deixar pelo caminho, insepultos, restos mortais de fiéis companheiros de jornadas outras (vide seu "irmão" Tasso Jereissati). E ai de quem cobrar-lhe fidelidade e coerência ideológica: sua conhecida e pornográfica metralhadora giratória é acionada em todas as direções, sem dó nem piedade, independentemente de quem esteja à frente. O negócio é marcar posição. Seguir o script surrado, batido, mas de uma eficiência a toda prova (que está provado não ser privilégio do PMDB) e que objetiva, em última instância, angariar alguma “boquinha” pra si e seus áulicos. Enfim, manter-se empregado e muito bem remunerado, já que no Brasil a “política” virou um rentável “meio de vida”.
Quem não lembra, por exemplo, que, quando da disputa da eleição presidencial com o então candidato Lula da Silva, Ciro Gomes tachou-o de “despreparado” e “incendiário” para, após a vitória do oponente, silenciar e lacrar o bico com “superbond”, ao acomodar-se cândida e placidamente em um dos seus ministérios ??? E – suprema ironia - a partir de então, era Deus no céu e Lula da Terra.
Ou alguém já esqueceu que, mais recentemente (antes das últimas eleições), ao ter sua candidatura à Presidência da República abortada e descartada pelo próprio partido (PSB) – que pragmaticamente optou por apoiar a candidata Dilma Rousseff - o senhor Ciro Gomes (então um poço transbordante de mágoas), compareceu aos mais diversos meios de comunicação (Globo, Record, SBT, Band e por aí vai) e afirmou para toda a nação, de forma contundente e desabrida, que o candidato Serra, pelo currículo e pela experiência, era a pessoa mais preparada para dirigir o Brasil para, em seguida, depois de uma conversa entre quatro paredes com o staff lulista, virar coordenador da campanha da Dilma, aqui no Ceará ???
Naquela ocasião, informamos, com todas as letras, vírgulas e acentos, aqui mesmo (postagem “Cada homem tem seu preço ???”) que “...para renunciar à candidatura presidencial e agüentar calado todo o corrosivo desgaste que atualmente atravessa, por baixo do panos, provavelmente, terá sido firmado, lá atrás, um “acordo de cavalheiros”, que garante ao senhor Ciro Gomes um ministério qualquer num futuro governo Dilma Rousseff (onde ele poderá abrigar todos os áulicos que o cercam e traficar influência)”.
Pois é, hoje, depois de fazer beicinho, de mostrar-se magoado com o andamento do processo da escolha sucessória ministerial, de ter sido considerado por toda a mídia brasileira como “carta fora do baralho” do primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff, de viajar à Europa para “esfriar a cabeça e recarregar as baterias”, o senhor Ciro Gomes faz “charminho” e anuncia que “vai pensar” sobre se atende ou não o “honroso convite” da presidente eleita para assumir o Ministério da Integração Nacional (que já ocupou no governo Lula). Já marcou até a data para o anúncio e provavelmente virá correndo da Europa para veicula-lo, preferencialmente “ao vivo e a cores” e em horário nobre: quarta-feira próxima, dia 15.12.10.
Rudimentar jogo de cena, blefe pôqueano de quinta categoria, enganação pura e simples. Ciro Gomes, apesar dos aparentes laivos de loucura e intempestividade, dos arroubos e estultices de praxe, dos desmentidos e vai-e-vem protocolares, "já estava" escolhido ministro do governo Dilma Rousseff antes, mas muito antes do segundo turno.
Enganou-se, gerou expectativa ou foi na onda dele quem quis, já que não é preciso se ser nenhum expert na política para se matar certas previsíveis charadas.

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