quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

“Reajardinamento” da esperança (Frei Betto) - José Nilton Mariano Saraiva

"Quem se deixa dominar pelo medo de pensar, evitando contradições e opiniões divergentes, assimila o pensamento de quem o proíbe de pensar e se alheia da busca da verdade, confundindo-a com a autoridade. Ou pior: julga o seu pobre pensar refletir a verdade lapidar e olvida que HÁ A SUA VERDADE, A MINHA VERDADE E A VERDADE VERDADEIRA. O desafio é buscarmos, juntos, a verdade verdadeira".

"MINHA GERAÇÃO – A DOS IDOS DE 68 – VIVE AGORA EM DESCONFORTO. Tantos sonhos e sacrifícios, cantos e passeatas, e o olhar altivo de “Che” iluminando nossos ideais, para resultar em filhos que se drogam, detestam política e, de academia, só conhecem as de ginástica. PARA ALGUNS, O CULTO DO CORPO COMPENSA A ATROFIA DO CÉREBRO".

"ASSIM É A POLÍTICA: horizonte de sonhos para o qual se caminha ao peso de bolas de ferro presas ao tornozelo. Não há rotas lineares; são todas labirínticas, acidentadas. Em cada curva, uma surpresa, obrigando o viajante a mudar de ritmo e refazer o mapa. Nas costas, a sacola atulhada de vaidades intransponíveis, maledicências, frituras e bajulações desmedidas. NELA SE INGRESSA SEM PASSAR PELA PROVA DA COMPETÊNCIA, NEM SE EXIGE ATESTADO DE IDONEIDADE MORAL".

“HÁ MUITOS MODOS DE ADMINISTRAR A LOUCURA, PORQUE DELA NÃO SE PRESCINDE INTEIRAMENTE. A minha é a arte de tecer letras, combinar vocábulos, consubstanciá-los, garimpar-lhes o significado, aprimorar sintaxes. As palavras me salvam, tornam terrivelmente lúcida a minha demência e dissipam-me as sombras da alma. Tenho com elas uma relação passional, promíscua, lexicofágica. Como-as, bebo-as, respiro-as, são elas que me povoam os sonhos. Ao longo de quatro anos de prisão (1969-1973), escrevi a parentes, amigos, confrades, para sublimar o medo, exorcizar demônios, revitalizar a fé. REAJARDINEI MINHA ESPERANÇA ATRAVÉS DA ESCRITA e, sobretudo, emiti meu pálido clamor em meio a tanta atrocidade”.

"SOMOS OS NOSSOS ATOS. Na vida, temos a liberdade de apenas escolher as sementes. Depois, haveremos de, inelutavelmente, colher o que plantamos. Isso vale para a vida pessoal, social e política. Por isso, as nossas opções fundamentais são tão importantes. São elas o nosso verdadeiro retrato. Nem ovo, nem galinha. Os dois juntos. O ovo contém a galinha, a galinha bota o ovo. AS PESSOAS MUDAM MUDANDO O MUNDO. MUDADO, O MUNDO MUDA AS PESSOAS".

"Deixe-me dizer, mesmo com o risco de parecer ridículo, que O VERDADEIRO REVOLUCIONÁRIO É GUIADO POR GRANDES SENTIMENTOS DE AMOR. É impossível pensar num revolucionário autentico sem esta qualidade. É preciso ter uma grande dose de humanismo, no sentido de justiça e de verdade para não cair em extremismos dogmáticos, em escolasticismos frios, em isolamentos das massas. É preciso lutar todos os dias para que esse amor à humanidade viva se transforme em atos concretos que sirvam de exemplo e mobilizem" ( aqui, Che Guevara, citado por Frei Betto).

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