UMA OBRA INSÓLITA - José Nilton Mariano Saraiva
Contundente.
É o adjetivo preciso e definitivo para rotular e exprimir a obra de fôlego “No Armário do Vaticano” (de Frédéric Martel, 499 páginas) repleta de pormenores íntimos, assustadores e escabrosos, sobre o que se esconde por trás das até então indevassáveis muralhas do Vaticano.
Você sabe, por exemplo, por qual razão o austero alemão cardeal Joseph Aloisius Ratzinger, depois de muito lutar para ser ungido ao trono papal (então, por votação secreta passou a chamar-se Bento XVI), resolveu “se mandar”, sem mais nem menos, numa atitude insólita, até hoje questionada por gregos e troianos ???
Ou, por qual motivo o também cardeal, argentino Jorge Mário Bergoglio (que o sucedeu como Papa Francisco) tem literalmente comido “o pão que o diabo amassou” em razão de ter que enfrentar diuturnamente (dentro do Vaticano) um verdadeiro exército de gays e homofóbicos que não aceitam a “abertura” por ele defendida ???
Rotulado como... “uma investigação devastadora sobre a corrupção no clero” ou ainda como... “uma teoria chocante sobre o Vaticano, a maior comunidade gay do mundo”, fato é que “No Armário do Vaticano” é acima de tudo uma obra corajosa, já que o autor desassombradamente “dá nome aos bois” (monsignores, padres, cardeais e por aí vai). E como há bois...
Alfim, e pra complementar, um breve resumo da própria editora.
“POR TRÁS DA RIGIDEZ HÁ SEMPRE QUALQUER COISA ESCONDIDA: EM NUMEROSOS CASOS, UMA VIDA DUPLA.” Ao pronunciar estas palavras, o papa Francisco tornou público um segredo que esta investigação vertiginosa explora, pela primeira vez, com grande detalhe.
NO ARMÁRIO DO VATICANO EXPÕE A DECADÊNCIA NO CORAÇÃO DO VATICANO E NA IGREJA CATÓLICA ATUAL. Um trabalho brilhante baseado em quatro anos de pesquisas rigorosas, que inclui entrevistas com dezenas de cardeais e encontros com centenas de bispos e padres.
O celibato dos padres, a condenação do uso de contraceptivos, os inúmeros casos de abuso sexual, a renúncia do papa Bento XVI, a misoginia entre os clérigos, a trama contra o papa Francisco — todos esses temas estão envoltos em mistério.
Este livro revela a face escondida da Igreja, uma instituição fundada em uma cultura clerical de sigilo e baseada na vida dupla de padres e numa extrema homofobia. A esquizofrenia resultante na Igreja é difícil de entender: quanto mais um prelado é homofóbico, mais é provável que ele seja gay.
É um livro revelador e inquietante.