sexta-feira, 3 de agosto de 2007

O Grão - trailler (em primeira mão) do filme de Petrus Cariry


Petrus, filho do cineasta Rosemberg Cariry, passou a infância entre os copiões e os filmes do pai. "Eu tenho muitas recordações dele montando filme; é uma coisa que me vem sempre à memória, quando me lembro da infância". Mas foi apenas em 2001 quando resolveu deixar a banda de rock e realizar o primeiro vídeo, Maracatu Fortaleza. "O meu pai ser cineasta, pra mim, era uma carga pesada. A sombra era grande, eu ficava sempre receoso. Mas tomei coragem, superei e deu certo. A partir daí (do filme Maracatu Fortaleza), não parei mais". No entanto, para Petrus, foi somente com A Velha e o Mar que as comparações - até então "inevitáveis" - com o pai arrefeceram. "Porque são estéticas bem diferenciadas; o meu (cinema) é mais ligado ao cinema contemporâneo. Papai trabalha com elementos populares, é um pouco mais barroco. São duas linguagens diferenciadas", demarca.

Petrus, aos 28 anos, faz parte do que se chama de "nova geração" do cinema cearense, ao lado de cineastas como Armando Praça e Ivo Lopes. "A gente se identifica muito com uma forma de fazer cinema, a gente vê os mesmos filmes. É interessante fazer parte de uma geração que pensa o mesmo cinema - ou pelo menos tem as mesmas ambições, em termos de mudança". Em relação à produção cinematográfica cearense, Petrus avalia que os curtas vêm recebendo bom investimento do Governo e estão rodando bem os festivais. "Mas eu acho que o pessoal deveria experimentar bem mais no curta-metragem, que acaba virando um 'micro-longa' ou uma seqüência de uma longa".

Para o cineasta, Dos Restos e das Solidões é o seu "grande filme". "É, sem dúvidas, o mais avançado tecnicamente, que eu dei tudo de mim, tudo que eu conhecia sobre cinema e vinha estudando e discutindo com o Firmino Holanda (montagem), o Ivo Lopes (fotografia). É o 'meu filme'. Pelo menos até o próximo (risos)". E o próximo começa a ser filmado justamente amanhã, dia 1º. É O Grão, primeiro longa do cineasta e sua segunda experiência com ficção, que deve ficar pronto em julho do ano que vem. "Nesse longa, já vou usar as experiências que eu fiz em Dos Restos e das Solidões, essa coisa da dilatação do tempo, planos mais estendidos, recusa do plano/contra-plano", adianta. As filmagens, diga-se, vão ocorrer no município de Itaiçaba (160 km da Capital). Antigo ponto de comercialização de gado, o local era chamado de "Passagem de Pedras". Nada a ver com a história do filme, mas muito a ver com a trajetória do cineasta. O Grão promete ser a passagem de Petrus; do curta ao longa, da experimentação inicial à consolidação de uma linguagem. "Agora, você imagina a pressão pra esse longa, as pessoas me cobrando... Mas é isso mesmo, as pessoas cobram". Quem manda ousar fazer um cinema diferente?

Um comentário:

  1. O Petrus parece ser um cineasta de grande talento e com um olhar mais ampliado que o pai. Não quer dizer que não goste da filmografia do Cariry (pai), mas cultua muito o lado popular.

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