A escritura como álibi de fuga de uma contundente realidade, aceita ou não, em tudo e por tudo, até na “escritura fatal”, por si fator de luta com as armas que se oferecem, no salve-se que puder da matéria em queda livre.
A gestação e o parto das palavras a se identificar com qualquer gestação e qualquer parto, tanto na esperança, quanto nas dores, créditos da realização de um ser noutro Ser. Marcas fortes do ferro das palavras, que abandonar, por isso, desertaria de si o Eu que clama, explode nas paredes da alma, chama que devora as entranhas do vaso deste chão, barro inútil a se não transformar em outros seres e circunstâncias através dos novos partejamentos. Doce ato de fenecer nas coisas que permanecem perante o mistério da Eternidade. Deixar-se continuar, em meio ao conflito de dramas e intenções, uma superior dimensão que a tudo sobrevive. Lao-tsé bem diz que o Tao que pode ser dito não é esse o verdadeiro Tao. Falar do sonho é o que restaria para quem sonha.
Sartre oferece a receita, quando escolhe escrever, do binômio “viver ou escrever”. Há que se achar o modo suficiente de somar a arte na vida, por demandarem faces inseparáveis da única moeda, na existência – o que manter o homem vivo. A “doce amargura” de viver o inelutável e representá-lo perante o filtro glorioso do Universo que conta; criar.
Falassem as pedras e restariam semelhante angústia de autores e suas palavras prenhes de poesia e extrema verdade.
Maria Rilke soube circunscrever esse afeto compulsivo dos poetas a cruzarem épocas e lugares, artistas no impulso irresistível de gravar o âmago das coisas intangíveis, condição missionária dos artífices da beleza; flores, cores e desenhos da Natureza; idênticos papéis noutras dimensões do discurso multiforme da impermanência permanente.
Quais intérpretes que exercitam a reportagem do Poder, no registro das fatuidades, e fazê-las permanentes, cumprem o dever de lançar luz nas consciências, testemunhas privilegiadas do Amor, oleiros do Belo. O que seria da humanidade inexistissem Van Gogh, Shakespeare, Thecov, Hesse, Machado de Assis? Talvez manhãs cinzentas e tardes luminosas dar-se-iam, ainda assim, contudo menos intensas, ausentes da força e da luminosidade que persistem no varar dos séculos pelas as artes dos escrevinhadores.
Boas as suas palavras; alimento bom na forma e no conteúdo.
Emerson Monteiro
Parabéns, meu caro Emerson! já chegou por aqui "arrebentando" mesmo. O que acho que vai ser interessante na nossa ( espero que longa ) convivência, é exatamete esse toque pessoal que cada um vai dando ao Blog ( ou Blos, como queiram ), essa diversidade de estilos a desfilar, um por vêz. Temos aí o nosso cronista insaciável, de cujas palavras é muito amigo, o Dr. José Flávio Vieira. Temos também o José do Vale Feitosa, que é outro, mas que fala sobre uma temática totalmente diferente e estilo peculiar.
ResponderExcluirTemos um poeta fantástico, que não posta muito, mas quando posta alguma coisa, "mata a pau" ( sujeito perigoso ), que é o Lupeu. Uma poetisa sensível, que passa toda essa suavidade naquilo que escrve e nos temas sempre delicados que abora: Socorro Moreira. Temos o Gustavio Rios que é fantástico també. E mais outros... temos o Carlos Rafael, o Salatiel, eu mesmo, Dihelson Mendonça, e vários outros que fazemos uma espécie de coordenação, de ponte, de preenchimento dos espaços entre uma temática e outra, e os questionamentos.
E assim, a gente vai questionando, ponderando, inquirindo, segundo o espírito de cada um. Eu gosto muito de ler o feedback das pessoas, os comentários. Eles são, como se diz na internet, nos blogs, o lado B dos mesmos. Lendo-os, muitas vezes a gente descobre verdadeiras postagens, não menos interessantes do que o assunto oficial da postagem.
Sua abertura foi magistral. Resta-nos o aplauso, a admiração, e o desejo de ver continuadas essas postagens que muito nos deliciarão.
Um grande abraço,
Dihelson Mendonça
A arte de escrever é escrever com arte. Esse é o diferencial, que faz das letras, palavras, frases, texto - tinta, notas, gestos e, conseqûentemente, quadro, música, teatro.
ResponderExcluirescrever é preciso. Viver..
Aí Prof Emerson !
ResponderExcluirBem vindo ao covil ! Estava ainda faltando vc responder à chamada geral do Capitão do Mato Luiz Carlos Salatiel.
Texto inspirador! Aos poucos e silenciosamente (as gandes revoluções são silenciosas) a arte vai aglutinando os bons! Seremos os escolhidos?
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