a rua escura deserta
acelera o desejo
eu piso fundo no mundo
com o farol aceso
uma sirene: polícia
no retrovisor
não sei se é paranóia
ou se sou infrator
em cada curva fechada
espero pelo pior
estranho cheiro de sangue
ninguém ao redor
no carro, o rádio anuncia
mais um assassinato
vejo seu corpo na esquina
paro o carro e salto
como vou te esquecer
seu beijo é mesmo assim
marcas no pescoço dizem
que o tempo todo só
queria assistir a meu fim
um dia seu nome é Ana
no outro dia Janette
o tempo todo na cama
afiando a gilete
só sai na rua se for
em busca de uma brisa
e quando o dia começa
você corre da polícia
a vida inteira agitou
e hoje vive no vício
um vai e vem, entra e sai
na porta do edifício
seu veneno é cruel
seu olhar, assassina
me queimo no seu calor
seu coração de heroína
como vou te esquecer
seu beijo é mesmo assim
marcas no pescoço dizem
que o tempo todo só
queria assistir a meu fim
você só quer aplicar
você não quer nem saber
você só sabe iludir
você espalha o terror
In: CHACAL. Comício de tudo: poesia e prosa. São Paulo: Brasiliense, 1986. p.85-86. (Cantadas literárias, 48)
Assim como o Geraldo Urano e Lupeu, Chacal tem a cara da gente!
ResponderExcluirE por falar em Lupeu, cade o Nicodemos?
ResponderExcluirE por falar em Lupeu, cadê o Nicodemos?
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