sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O mundo é central e plástico – um ballet chinês

Até que outros mundos descubras,
é o nosso um paradoxo abissal,
entre a fantasia e a realidade,
a permanência e a morte,
o silêncio sem cordas vocais,
a escuridão de todas as luzes.

É o nosso mundo um ponto fixo,
nele os nortes de todas as auroras,
o dom que brilha antes e depois se apaga,
as letras que ecoam os pensamentos fugazes,
teus olhos que vertem o nascimento do filho.

E do nosso mundo o móvel que não fica,
tantas encruzilhadas cujo destino é outro,
nuvens de formas novas a cada sopro do mundo,
uma verdade descendo pela torneira até os ralos,
a lua que míngua para ser plena e plena se míngua.

Pois é o nosso mundo, um mundo de duas faces,
de uma janela a plasticidade da impermanência,
na outra o centro da gravidade em que tudo é,
mas para a tal chegar nem toda filosofia disse,
nem poesia, canção, despedida, beijos de chegada.

Foi num ballet chinês,
coreografia das faces,
o corpo num ponto,
o corpo plástico,
se movendo,
no exato contexto,
do centro da gravidade.

Nenhum par de dois foi tão filosófico,
quanto aquele ballet chinês,
o impossível no centro da possibilidade,
a possibilidade se arriscando na impossibilidade,
e nasci, chorando com uma criança o faz,só para ter o ar que a noite asmática negou-me.

Um comentário:

  1. "O impossível, no centro da possibilidade"...Acredito sempre que é possível!

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