sexta-feira, 2 de novembro de 2007

"Ti Jean"

Marca a hora, o relógio;
mas o que é que marca a eternidade?
E se o corpo não for alma
- quem será a alma?

Walt Whitmam

Ainda que não tenha perdido os mais próximos (o que considero uma puta sorte, sabendo que é questão de tempo); mesmo com um sol triunfante bem na minha janela acanhada, de cortinas acanhadas; ainda que eu não saiba o que é chorar com um ramo de flores nas mãos, ou qualquer outra coisa que carregue o significado da palavra saudade, prefiro o sossego. O silêncio. A recusa da praia, da rua, da balbúrdia.

Não se trata de hipocrisia. Nem de tristeza momentânea. Mas dá pra pegar no ar um clima. Ameno, silencioso; um troço que flutua acima de nós, quando, numa subida pra fumar um cigarro, vejo alguns comprando flores, usando roupas sóbrias (apesar do calor), austeros, lentos. Em alguns lugares, se comemora. Outras pessoas falam de passagem, como se esse lance de morrer fosse mais uma etapa. Tudo muito confortador.

Eu fico com as músicas do Dylan. Com o rosto fulgurante do Ginsberg enquanto abre um livro de seu grande amigo. A imagem granulada, vacilante e o vento que, por pouco, não carrega o chapéu do Bob.

Fico com a canção me dizendo que eternidade é um negócio que custa caro. Mas que mantém a força avassaladora de encantar os novos, os que chegaram depois. O resto? Bem, o resto, em mim, é uma breve sensação de dor compartilhada. Uma leve melancolia sem propósito. E a homenagem pros amigos deste blog. Os que ficaram. E os que foram.

É só clicar: http://www.youtube.com/watch?v=a8R03fq3nEw

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