Chegada da família real portuguesa ao Brasil
(Há quase seis anos, escrevi o artigo abaixo, publicado no "Jornal do Cariri 13-1-2002. Felizmente, nos dias atuais o papel de Dom João VI na história do Brasil é visto de forma positiva. Aleluia!)
Dom João VI, esse injustiçado
Armando Lopes Rafael
Armando Lopes Rafael
Estão apresentando - num seriado de TV - Dom João VI como um glutão, despreparado, omisso e preguiçoso...Os historiadores honestos dizem exatamente o contrário! No jornal "O Povo" de 13/11/2001, na coluna de Elio Gaspari, o historiador Evaldo Cabral de Mello afirmou:
"(a mini-série da Rede Globo) "Quinto dos Infernos" revela muito mais a cabeça dos telespectadores do século XXI do que a realidade do início do XIX".
O historiador Armando Alexandre dos Santos, por sua vez, assim se expressou:
"Na realidade, D. João, Príncipe-Regente e depois Rei, soube transformar em apenas 13 anos um Brasil que encontrou provinciano e acanhado em 1808, num Reino-Unido a Portugal, estuante de vitalidade e de virtualidades que até hoje, decorridos perto de dois séculos, ainda não foram suficientemente exploradas e ainda estão muito longe de se esgotar. Mais do que isso, soube prever a separação do Brasil de sua antiga Metrópole - intencionalmente não falamos de independência, uma vez que o Brasil desde 1815, quando foi elevado à condição de Reino Unido a Portugal e aos Algarves, já não era dependente de Portugal à maneira de uma província".
"(a mini-série da Rede Globo) "Quinto dos Infernos" revela muito mais a cabeça dos telespectadores do século XXI do que a realidade do início do XIX".
O historiador Armando Alexandre dos Santos, por sua vez, assim se expressou:
"Na realidade, D. João, Príncipe-Regente e depois Rei, soube transformar em apenas 13 anos um Brasil que encontrou provinciano e acanhado em 1808, num Reino-Unido a Portugal, estuante de vitalidade e de virtualidades que até hoje, decorridos perto de dois séculos, ainda não foram suficientemente exploradas e ainda estão muito longe de se esgotar. Mais do que isso, soube prever a separação do Brasil de sua antiga Metrópole - intencionalmente não falamos de independência, uma vez que o Brasil desde 1815, quando foi elevado à condição de Reino Unido a Portugal e aos Algarves, já não era dependente de Portugal à maneira de uma província".
Já o historiador Oliveira Lima, no livro O Império Brasileiro (Itatiaia, S. Paulo, 1989, p. 182) escreveu:
"Foi moda, durante muito tempo, difamar D. Pedro I e zombar o mais possível do bom Rei D. João VI, a quem o Brasil deve sua organização autônoma, suas melhores fundações de cultura e até seus devaneios de grandeza". É verdade. Basta ver o que ele fez quando aqui chegou, com a família real, em 1808. Foi Dom João VI quem abriu os portos do Brasil às outras nações, criou o Banco do Brasil, a Biblioteca Pública, o Jardim Botânico, e tantas outras repartições que consolidaram o Brasil como nação, como o ensino médico, o curso de agricultura, a Imprensa Oficial, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios e o Curso de Cirurgia etc.
"O estabelecimento de instituições monárquicas no Brasil, a partir de 1808, contribuiu estamos hoje certos e, aliás, alicerçados numa larga tradição histórica, para uma mutação pacífica do estado de colônia à situação de Estado Independente. A dinastia de Bragança ao transferir-se para o Rio de Janeiro, ao transportar para a colônia todo o aparelho institucional do reino abandonado às intenções napoleónicas, deu um passo gigantesco, não só garantindo a sua própria sobrevivência activa, institucional e política, como acentuando essa unidade administrativa e territorial no Brasil".
" A unidade territorial e política da antiga colônia portuguesa da América do Sul é normalmente aceite como uma conseqüência do estabelecimento, por parte dos portugueses, de um governo colonial centralizado que viria a permitir uma herança de unidade. A administração espanhola, bem pelo contrário, teria criado as condições para uma repartição de estados no seu império colonial americano".
"Foi moda, durante muito tempo, difamar D. Pedro I e zombar o mais possível do bom Rei D. João VI, a quem o Brasil deve sua organização autônoma, suas melhores fundações de cultura e até seus devaneios de grandeza". É verdade. Basta ver o que ele fez quando aqui chegou, com a família real, em 1808. Foi Dom João VI quem abriu os portos do Brasil às outras nações, criou o Banco do Brasil, a Biblioteca Pública, o Jardim Botânico, e tantas outras repartições que consolidaram o Brasil como nação, como o ensino médico, o curso de agricultura, a Imprensa Oficial, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios e o Curso de Cirurgia etc.
"O estabelecimento de instituições monárquicas no Brasil, a partir de 1808, contribuiu estamos hoje certos e, aliás, alicerçados numa larga tradição histórica, para uma mutação pacífica do estado de colônia à situação de Estado Independente. A dinastia de Bragança ao transferir-se para o Rio de Janeiro, ao transportar para a colônia todo o aparelho institucional do reino abandonado às intenções napoleónicas, deu um passo gigantesco, não só garantindo a sua própria sobrevivência activa, institucional e política, como acentuando essa unidade administrativa e territorial no Brasil".
" A unidade territorial e política da antiga colônia portuguesa da América do Sul é normalmente aceite como uma conseqüência do estabelecimento, por parte dos portugueses, de um governo colonial centralizado que viria a permitir uma herança de unidade. A administração espanhola, bem pelo contrário, teria criado as condições para uma repartição de estados no seu império colonial americano".
Sobre a personalidade de Dom João VI, assim escreveu o escritor inglês Marcus Chekek, no livro "Carlota Joaquina" (José Olympio, 1949, pp. 210):
"Era acessível ao mais humilde dos seus súditos. Foi sempre um fervoroso católico e um protetor da música. Era caridoso, profundamente leal para com os seus amigos, leal para com os aliados do seu país, sentimental, fácil de levar e muito apegado a fisionomia e cenas familiares. A afeição e o respeito que gozou entre o seu povo foram postos à prova em inúmeras ocasiões. Os defeitos do seu caráter eram em geral os excessos das suas boas qualidades. Um homem menos bondoso ter-se-ia livrado de suas dificuldades com um divórcio, ou imposto disciplina a seus filhos pela severidade".
No Brasil, felizmente, renomados historiadores fizeram justiça a Dom João VI, a exemplo de Oliveira Lima ("Dom João VI no Brasil", 2ª ed., Rio, 1945, 2 vols); Pandiá Calógeras ("Formação Histórica do Brasil", 4ª ed., S.Paulo, 1945, pp 69-72) e Hélio Viana ("História do Brasil", 3ª ed.,S.Paulo, 1965, vol. II, pp 7-34).
O tempo (Senhor da Razão, segundo a Bíblia Sagrada) trabalha a favor da revisão de muitos conceitos que foram amplamente aceitos com "foros de verdade" até 1989 (ano da queda do Muro de Berlim). É o caso do que representou para o Brasil a instituição monárquica que vigorou aqui de 1500 a 1889 (389 anos, contra 111 anos da atual forma republicana).
É só aguardar. Quem viver, verá...
O tempo (Senhor da Razão, segundo a Bíblia Sagrada) trabalha a favor da revisão de muitos conceitos que foram amplamente aceitos com "foros de verdade" até 1989 (ano da queda do Muro de Berlim). É o caso do que representou para o Brasil a instituição monárquica que vigorou aqui de 1500 a 1889 (389 anos, contra 111 anos da atual forma republicana).
É só aguardar. Quem viver, verá...
Grande Armando: venho percebendo que fazes um diálogo frequente com a esquerda política em vários assuntos. Especialmente nesta tua veia monarquista. Como és um historiador sério e comprometido com a análise de fatos complexo eu estranho. De onde vem isso se o grande inimigo histórico do monarquismo foi o republicanismo? A revolução inglesa reformou a instituição monárquica de tal ordem que tudo o mais passou a ser visto com absolutismo. A revolução francesa, a maior vitória política da burguesia nacional, foi regicida e republicana. É bem verdade que os fundamentos instituicionais da república francesa foram inicialmente estabelecidos pelo império napoleônico, mas já não havia uma ds instituições monárquica que é a família real. A revolução russa foi regicida, também, mas a suposta contradição dela não foi somente o império que bem sabes nem foi derrubado apenas pelos bolchevistas. Estes últimos já participaram de lutas internas da revolução após a queda do império russo, assim como os jacobinos. No Brasil o que nunca houve foi uma oposição entre comunistas ou socialistas contra a monarquia, estes nem existiam na proclamação da república como organização política e social. Sei que sua referência ao muro de Berlim é simbólica, mas historicamente este muro tem muito que ver com a segunda guerra mundial e a tomada da Europa em guerra pelas forças aliadas. Neste caso, durante quase 50 anos a Europa foi dividida, assim como suas ex-colônias em todos os continentes, entre as hegemonias de duas principais potências mundias os EUA e URSS. Esta luta é o centro da análise.
ResponderExcluirCaro José do Vale:
ResponderExcluirObrigado pelo comentário. Na verdade, o meu objetivo, ao rabiscar esses articuletos (considero-me um "aprendiz de escrivinhador") é mais modesto. Busca apenas alertar sobre certos livros didáticos que repetidamente vêm ridicularizado importantes personagens da história do Brasil.
Esses livros - a maioria escritos por militantes da esquerda jurássica - enfocam sempre os aspectos negativos de nossa história pátria. Toda ação humana pressupõe falhas, é claro! Mas esses "trogloditas" ridicularizam e menosprezam nossos feitos históricos, enquanto valorizam "heróis" de outras "dinastias" (algumas de 50 anos como os Castros (Fidel e Raul, de Cuba); além de outras mais recentes como a dos Kirchner, na Argentina... sem falar nas recém-iniciadas (que não têm mais prazo para terminar): Chávez,na Venezuela e Morales, na Bolívia...
Hoje nossos filhos e netos são deseducados pelos meios de comunicação de massa e pelos livros didáticos, sob pretexto de uma visão crítica, que apresenta apenas aspectos negativos de nosso País.