sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O poeta pede a seu amor que lhe escreva


Garcia Lorca

Amor de minhas entranhas,

morte viva,

em vão espero tua palavra escrita e penso,

com a flor que se murcha,

que se vivo sem mim quero perder-te.

O ar é imortal.

A pedra inerte nem conhece a sombra nem a evita.

Coração interior não necessita o mel gelado que a lua verte.

Porém eu te sofri.

Rasguei-me as veias, tigre e pomba,

sobre tua cintura em duelo de mordiscos e açucenas.

Enche, pois, de palavras minha loucura

ou deixa-me viver em minha serena noite da alma para sempre escura.

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