Soraia serena me conta que quer saber quantos passos ela deu desde que aprendeu a andar. Soraia serena quer saber quantos bifes comeu desde que seus dentes nasceram fortes e translúcidos. De quebra, quer saber quantas vacas morreram pra que ela matasse sua fome ancestral e sua ânsia de vida. Soraia serena olha pra lua e pergunta se é real a “tal lua”. Se for, pra que serve? Soraia serena quer saber de que é feita a alma, e qual a cor da gargalhada. Soraia serena diz que já comeu muitos homens, e algumas mulheres também. Mas nada disso, ou desses e dessas respondeu o que ela queria: entrar corpo a dentro do outro, saber do orgasmo e da pequena morte da outra, saber o que era gozo e farsa. Soraia serena diz que gostava de fumar maconha e observar formigueiros no pé de mangueira do quintal. Gostava de ver a simetria das formigas em seus passinhos ligeiros. Se perguntava: somos do mesmo feitio? Temos o mesmo deus? Temos o mesmo botão de ligue e desligue? Diz que deixou de fumar porque as formigas foram embora. Me pergunta por quê. Porque elas foram embora? Soraia serena suspira. Sopra as velinhas de seu bolo. Noventa e uma velas. E um sorriso lindo. Sereno. Serena.
Pra gabi ma passion rouge. Que inspirou parte de soraia serena, moradora do condomínio borba gato.
Pra gabi ma passion rouge. Que inspirou parte de soraia serena, moradora do condomínio borba gato.
Meu camarada,
ResponderExcluirtexto que não dói na vista.
Uma prosa poética.
Maravilha, meu camarada.