terça-feira, 29 de janeiro de 2008


Soraia serena me conta que quer saber quantos passos ela deu desde que aprendeu a andar. Soraia serena quer saber quantos bifes comeu desde que seus dentes nasceram fortes e translúcidos. De quebra, quer saber quantas vacas morreram pra que ela matasse sua fome ancestral e sua ânsia de vida. Soraia serena olha pra lua e pergunta se é real a “tal lua”. Se for, pra que serve? Soraia serena quer saber de que é feita a alma, e qual a cor da gargalhada. Soraia serena diz que já comeu muitos homens, e algumas mulheres também. Mas nada disso, ou desses e dessas respondeu o que ela queria: entrar corpo a dentro do outro, saber do orgasmo e da pequena morte da outra, saber o que era gozo e farsa. Soraia serena diz que gostava de fumar maconha e observar formigueiros no pé de mangueira do quintal. Gostava de ver a simetria das formigas em seus passinhos ligeiros. Se perguntava: somos do mesmo feitio? Temos o mesmo deus? Temos o mesmo botão de ligue e desligue? Diz que deixou de fumar porque as formigas foram embora. Me pergunta por quê. Porque elas foram embora? Soraia serena suspira. Sopra as velinhas de seu bolo. Noventa e uma velas. E um sorriso lindo. Sereno. Serena.

Pra gabi ma passion rouge. Que inspirou parte de soraia serena, moradora do condomínio borba gato.

Um comentário:

  1. Meu camarada,
    texto que não dói na vista.
    Uma prosa poética.
    Maravilha, meu camarada.

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