FÉ MENINAS: O SHOW
Eu estive lá e revi duas facetas do meio artístico caririense: produção artística e ausência de público. Isso muito que já foi debatido aqui, inclusive de forma acirrada, mas nada mudou. Uma parte disso se deve a alguns espetáculos de pouco profissionalismo, outra parte se deve ao público mesmo, em que muito se vive do mito da cultura do que propriamente dela, e boa parte se deve à produção.
O nome do show foi bem bolado, pois viver de arte aqui requer muita fé mesmo. O repertório, apesar de muito bem escolhido, sofreu com o arcabouço dos famigerados barzinhos. Creio que seria necessária mais personalidade em muitos arranjos apresentados, embora a competência, virtuose e talento dos músicos da banda sejam inegáveis. João Neto: violões; Bonifácio: sax e clarineta; e Cícero: percussão; mostraram domínio no acompanhamento das meninas, mas em alguns momentos faltou ousadia. Não creio que esses músicos tiveram o tempo necessário para arranjar as músicas, além de uma execução aplicada, mas burocrática em determinados momentos.
Val Andrade; Auci Ventura; Amélia e Leninha, apresentaram entrosamento nas combinações vocais e comedimento nas interpretações, fundamental em momentos de divisão de cena. A afinação foi mantida em quase todos os momentos, sem que nada pudesse comprometer a cena geral. Harmonia, simpatia e desenvoltura se sobrepuseram às limitações da ambientação de palco e da iluminação, simplistas demais para um espetáculo com quatro das cantoras de maior projeção no cenário musical caririense. Também sabe-se lá com que planilha de custos a produção trabalhou. Um equívoco imperdoável: esconderam a banda. Se a intenção era destacar em primeiro plano as vocalistas, nada mais simples do que colocar praticáveis para os músicos.
Aqui destaco a apresentação de Leninha, não que tenha brilhado mais do que as outras, que corresponderam às expectativas, mas por ter se apresentado sem afetações, muito mais Leninha do que Elis ou Janis Joplin, como estava acontecendo sempre em seus shows individuais. Assim, Leninha deixou que Leninha, a grande cantora que é, viesse à tona e mostrasse todo o seu talento, um amplo domínio de divisões e entonações, Leninha por ela mesma, esse é o seu grande lance.
O som ficou ao encargo da dupla Fiapo e Joaquim, na mixagem e técnica. Exceto algumas microfonias em uma música de Gilberto Gil, o som esteve simplesmente profissional, limpo, com altura e equalização perfeitas. A iluminação foi praticamente chapada o tempo inteiro, apesar de não interferir no brilho do espetáculo. O problema da qualidade sonora no Cariri já não é tanta. Vários profissionais já demonstram domínio técnico, como é o caso desses. Agora a luz é outros quinhentos. Ainda é aquela coisa mambembe, em segundo ou terceiro planos, inclusive em espetáculos de maior envergadura orçamental.
O ponto mais do que negativo, pela sua constância, foi a ausência de público. Grandes cantoras, grandes músicos, grande repertório, grande som e público ínfimo. A falta de divulgação, já uma certeza nas produções do Sesc, emperrou o produto final de uma produção que demonstrou ter acertado, dentro das limitações do orçamento, em quase tudo. A divulgação é fundamental. Não existe a menor lógica para não existir divulgação, a não ser que a intenção seja produzir espetáculos para familiares, membros da produção e alguns destemidos aventureiros da arte. No entanto, esse é um espetáculo que merece respeito, que deve se repetir em outros palcos e não ficar preso a uma data comemorativa.
Marcos Leonel
Eu estive lá e revi duas facetas do meio artístico caririense: produção artística e ausência de público. Isso muito que já foi debatido aqui, inclusive de forma acirrada, mas nada mudou. Uma parte disso se deve a alguns espetáculos de pouco profissionalismo, outra parte se deve ao público mesmo, em que muito se vive do mito da cultura do que propriamente dela, e boa parte se deve à produção.
O nome do show foi bem bolado, pois viver de arte aqui requer muita fé mesmo. O repertório, apesar de muito bem escolhido, sofreu com o arcabouço dos famigerados barzinhos. Creio que seria necessária mais personalidade em muitos arranjos apresentados, embora a competência, virtuose e talento dos músicos da banda sejam inegáveis. João Neto: violões; Bonifácio: sax e clarineta; e Cícero: percussão; mostraram domínio no acompanhamento das meninas, mas em alguns momentos faltou ousadia. Não creio que esses músicos tiveram o tempo necessário para arranjar as músicas, além de uma execução aplicada, mas burocrática em determinados momentos.
Val Andrade; Auci Ventura; Amélia e Leninha, apresentaram entrosamento nas combinações vocais e comedimento nas interpretações, fundamental em momentos de divisão de cena. A afinação foi mantida em quase todos os momentos, sem que nada pudesse comprometer a cena geral. Harmonia, simpatia e desenvoltura se sobrepuseram às limitações da ambientação de palco e da iluminação, simplistas demais para um espetáculo com quatro das cantoras de maior projeção no cenário musical caririense. Também sabe-se lá com que planilha de custos a produção trabalhou. Um equívoco imperdoável: esconderam a banda. Se a intenção era destacar em primeiro plano as vocalistas, nada mais simples do que colocar praticáveis para os músicos.
Aqui destaco a apresentação de Leninha, não que tenha brilhado mais do que as outras, que corresponderam às expectativas, mas por ter se apresentado sem afetações, muito mais Leninha do que Elis ou Janis Joplin, como estava acontecendo sempre em seus shows individuais. Assim, Leninha deixou que Leninha, a grande cantora que é, viesse à tona e mostrasse todo o seu talento, um amplo domínio de divisões e entonações, Leninha por ela mesma, esse é o seu grande lance.
O som ficou ao encargo da dupla Fiapo e Joaquim, na mixagem e técnica. Exceto algumas microfonias em uma música de Gilberto Gil, o som esteve simplesmente profissional, limpo, com altura e equalização perfeitas. A iluminação foi praticamente chapada o tempo inteiro, apesar de não interferir no brilho do espetáculo. O problema da qualidade sonora no Cariri já não é tanta. Vários profissionais já demonstram domínio técnico, como é o caso desses. Agora a luz é outros quinhentos. Ainda é aquela coisa mambembe, em segundo ou terceiro planos, inclusive em espetáculos de maior envergadura orçamental.
O ponto mais do que negativo, pela sua constância, foi a ausência de público. Grandes cantoras, grandes músicos, grande repertório, grande som e público ínfimo. A falta de divulgação, já uma certeza nas produções do Sesc, emperrou o produto final de uma produção que demonstrou ter acertado, dentro das limitações do orçamento, em quase tudo. A divulgação é fundamental. Não existe a menor lógica para não existir divulgação, a não ser que a intenção seja produzir espetáculos para familiares, membros da produção e alguns destemidos aventureiros da arte. No entanto, esse é um espetáculo que merece respeito, que deve se repetir em outros palcos e não ficar preso a uma data comemorativa.
Marcos Leonel
Marcos,
ResponderExcluirCrítica de primeira, no tom certo, sem afetação.
Carlos Rafael
Valeu cara
ResponderExcluirsó lembrar Carlos que estamos vivos
naquele projeto já falado. Aguarde notícias.
Abraços
Rumba tequilayoca,camarada sai da toca dos alcatrazes,te espero prá tomarmos umas doses de orgitcas palavras poemas.Nosso velho FAR wost kariri,cemitério de artes sepultadas por politicos mas resurgidos por marginais insistentes de fome de fazer arte.O artigo é pura realidade nossa,movimentos adomecidos e algumas estrelas por demais em costela~ções.Pé no chão e estrada aberta para o sol.
ResponderExcluirValeu Bernardo
ResponderExcluiragora no feriado vai rolar
um vinho aqui em casa
eu aviso quando, vamos ouvir, cultuar, falar do que tem ser falado e esquecer do que teima em ser lembrado, vê se marca com o poeta Cleílson, ficou de postar e até hoje.
Abraços