quinta-feira, 27 de março de 2008

Que lição tirar disso

Emerson Monteiro

Perante o grave problema em que, nos tempos atuais, se transformou a droga, o assunto impõe, sem sombra de dúvidas, considerações diversas a respeito e representa o maior dos desafios jamais impostos à civilização. Tipo de fera destruidora da saúde moral, abalo do equilíbrio mental e fonte de desânimo das sociedades, por mais que se proponham, não existem meios suficientes de combater à altura esse mal, que já avassala, sobremodo, os jovens, numa cobrança dolorosa, de prejuízos incalculáveis.

Variadas hipóteses, contudo, querem a encontrar a cura de tamanha destruição de personalidades, da família, do idealismo coletivo e da inocência original, somados aos danos genéticos que ferem, de comum, as futuras gerações. Uns avisam que maior educação corrigiria o rumo da escalada viciosa. Outros indicam a eliminação do mal através das ações de extermínio do cultivo das plantas, nos locais de produção. Outros, também, optam pela coerção e uso intensivo das forças militares na eliminação do vício.

A história deixa elementos a mostrar que, nos tempos antigos, o uso de tais substâncias alucinantes cresceu em face dos critérios materialistas das guerras, impondo com seu uso, a cidadãos pacíficos, propostas cruéis no trato dos semelhantes, por ocasião de confrontos nos campos da luta. Hoje, ao relacionar a vulgarização da violência das páginas policiais com a droga, o analista apenas percorre, em sentido contrário, o que aconteceu no passado. Se agora os itens criminosos aumentam juntos do uso de álcool e demais substâncias tóxicas, conforme as estatísticas, desde séculos que os exércitos usam bebidas alcoólicas e outras substâncias, a prejudicar o cérebro, no objetivo de transformar pessoas cordiais em máquinas de combate, andróides esses alimentados de atitudes sanguinárias para o ímpeto das batalhas.

Com o girar dos dias, porém, somadas as guerras de rapina e a instalação dos Estados nacionais indiferentes à paz reclamada pelos seres humanos, o materialismo de mercado nutriu seus parasitas, desenvolvendo os meliantes e líderes marginais da ordem moderna.

Assim, ao querer só alegar vitimação generalizada, os dirigentes no comando, livres de exceção, participam das mesmas contradições, pouco importando a direção dos destinos entre si relacionados. Mocinhos e bandidos, fãs e ídolos, amargam, em igual proporção, o pesadelo da droga e suas destruições e conseqüências, na insegurança e drama das histórias e ruas. Ao embalo de raves e baladas cotidianas, pais e filhos amargam, sob o teto da angústia, a perspectiva de um futuro sombrio.

As normas de preservar aparências reclamam, pois, conclusões realistas e abalizadas. Dessa lição corrosiva, depois do padrão típico do desespero e do medo, nada encobrirá as razões que exigem solidariedade, necessária à superação do problema. E por isso, na medida em que a verdade nasce e desanuvia a crise verificada, a espécie humana se contorce, no parto de suas limitações e buscas, diante da aventura de viver e superar os obstáculos da própria sobrevivência.

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