sábado, 26 de abril de 2008

: " A aceitação é a chave que abre a porta à vida".

Com parecido desejo, Pedro Dória publica no seu blog uma entrevista de José Saramago em que este diz não ter raiva da morte, mas que a aceita. E ao aceitá-la faz a diferença entre resignação (é uma aceitação com desistência) enquanto a aceitação pura é porque não tem mais saída. A frase do título foi apresentada pelo Médico Gianni Antonio Lira Mastroianni, morador em Fortaleza que fez o seguinte apanhado:

Aceitação do inaceitável, do intolerável. Dizer sim ao que é, não para se resignar ou comprazer com esse estado de coisas, mas porque estamos diante do inevitável. Adaptar-nos às coisas, harmonizando-as, eis a virtude. Aceitá-las, desposando-as, eis o Tao. Dizer sim ao que é. O monge é aquele que vive no verdadeiro, sob a ação do Espírito que É, sendo sua vida um puro amém, um eco consciente que responde sim à realidade infinita de Deus. Assim é, assim é. Além do julgamento e do desejo. A saúde não é o equivalente à felicidade, saciedade ou sucesso. É estarmos em harmonia com as circunstâncias que nos circundam. Aceitar é viver até a própria morte (São Francisco chamava-a de irmã morte). Um padre eremita ortodoxo que viveu em Paris pintou um ícone com Cristo abraçando Adão no inferno . Falou que o homem ao se reconciliar consigo mesmo em seu inferno, ou seja, com o diabo que há nele, com sua maldade, sua sujeira, sua sombra, em vez de rechaçar, abraçar tudo isso com amor, ainda assim o divino poderá brilhar. Eis o que é Ressurreição. É se libertar da vontade de ter razão e de tentar apresentar a aparência que se pensa ser a mais adequada. São Paulo disse que tudo contribui para o bem dos que amam a Deus. Até mesmo o pecado, disse Sto. Agostinho. Existem espaços em nós que adquirem existência depois de penetrados pela dor ou pelo amor. No ciclone, enquanto tudo vira turbilhão, o centro permanece imóvel. Fluamos na sinergia do esforço e da graça para o centro do ciclone: o coração nobre e purificado do homem. Jesus Cristo vivenciou o âmago do inaceitável ao receber livremente a morte e o absurdo. Não se defendeu diante de Pilatos e Herodes. Ficou no total isolamento, abandonado e atraiçoado pelos amigos mais próximos. Portanto, não veio para nos livrar do sofrimento do mundo, mas nos ensinar a aceitá-lo. A cruz não será tirada senão daquele que a transportou. Temos 2 eus. Somos 2 homens: um interior e outro exterior. O homem exterior pode ter uma atividade, enquanto o homem interior permanece totalmente livre, em imutável desapego. A partir de agora, siga para as misérias do cotidiano essencialmente centrado no seu divinal homem interior contemplativo e deixe o homem exterior ligado no piloto automático da vida ativa trabalhar seu sustento, lutando por um salário de menor sofreguidão. Eis o modesto testemunho do vosso gato para a sintonia com a luz eterna que brilha nesse mundo que, em breve, ainda que dure certo tempo, irá desaparecer. Big ... Bang... Amém...

P.S.: Tudo o que se diz de Deus não é sua natureza. É o que está em volta de sua natureza. Ele nada é do que é, mas está acima de tudo que é e acima do próprio Ser ...


Gianni Mastroianni.


Peço que agora volte ao poema "PORTAS SEM FECHARADURAS" que foi escrito para responder-lhe o espírito de aceitação.


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