Vozes da tristeza,
continente no baú.
costurado: flores de rebites,
tampa: ecos dos tempos,
força dúbia: penetrante e evasiva,
que das frestas surge,
envolvendo genitálias,
fisgando ermos insulares,
em multiplicidade continental.
Revolvendo brisas matinais,
inocências virgens,
arrebatando a castidade,
voluptuosa canção,
poderosa, sucessiva, impreterível,
surgindo,
ocupando,
esgueirando-se,
afirmando-se.
Traços e pautas,
impregnações de ondas emocionais,
mágica revelação,
repuxos e avanços,
suave e permanente,
fugaz promitente,
rápida feito raio,
espalhafatoso trovão,
se tenta e esvai-se rápido.
Novamente é o mesmo,
veio e imergiu,
película lacustre de nuvens refletidas,
pausa breve,
sucedida dos pingos circulares,
indeciso e efêmeros,
tanto é silêncio,
quantos decibéis,
quase retirante,
gritos de chegança.
Surge como golfinhos,
silvando e, lindo, mergulhando,
deixando espumas translúcidas,
agora não mais indefinidas,
todas majestades,
em dourado de explosões,
chocalhando úvulas palatinas,
e cordoalhas ventriculares,
apaixonando cada fragmento
desta vida explodida.
A cauda submerge,
total como o corpo dos cetáceos,
jato forte da respiração,
inundando céus de aerossóis,
arco-íris sobre a cabeça,
num segundo de arranque,
minha vida inteira,
conjugando-se em verbo regular.
Caudais intransponíveis,
desta balsa louca dos vendavais,
ao mesmo que revolução
também costa verdejante,
cheia de flores multicores,
quase grito,
afinal grito
e minha voz se mistura ao redemoinho de fogo.
No auge que distrai,
das entranhas revoltas que reconstroem,
todo o drama da humanidade
e seus desejos loucos de permanência,
acima da morte,
fazendo filhos
numa paixão de corpos,
convulsas copulações.
E lá chegas
Isolda?
A fraqueza dos meus olhos não viram,
a voz do ciúme traidor
abriu a vela negra,
no barco que tua ausência presumiu-se
quando a vida em momento pós-ejaculado,
minha respiração acalmando-se,
pálpebras em sombra,
os olhos sonhando,
com o filho
que nossa morte de amor gerou.
Só podia ser teu esse poema ...
ResponderExcluirVocê é um filho da arte !
Adorei !
É doce morrer no amor ...
ResponderExcluirAssim diria Dorival !