AS CANETADAS DA EDUCAÇÃO
Durante a plenária da Conferência Nacional de Educação Básica, acontecida entre os dias 14 e 18 de abril, em Brasília, cerca de 2 mil professores e delegados com direito a voto, decidiram que os alunos com necessidades especiais, transtornos e altas habilidades, possam ser matriculados normalmente em qualquer escola brasileira. Esse é mais um cosmético da tecnocracia brasileira, que faz sua política de inclusão educacional apenas no papel, à base da canetada.
Durante a plenária da Conferência Nacional de Educação Básica, acontecida entre os dias 14 e 18 de abril, em Brasília, cerca de 2 mil professores e delegados com direito a voto, decidiram que os alunos com necessidades especiais, transtornos e altas habilidades, possam ser matriculados normalmente em qualquer escola brasileira. Esse é mais um cosmético da tecnocracia brasileira, que faz sua política de inclusão educacional apenas no papel, à base da canetada.
A decisão tomada, praticamente por unanimidade, prevê a criação de um documento que auxiliará o Ministério da Educação a criar um pacote de ações, estratégias sociais, programas e políticas educacionais, que visam por fim à continuidade das escolas e classes especiais, que, segundo os especialistas, criam barreiras sociais e fomentam o preconceito contra os alunos considerados especiais. Tudo é muito lindo, maravilhoso e deslumbrantemente moderno. E o caminho certo é esse mesmo, não há dúvidas. Mas acontece que até chegarmos a esse caminho, ainda temos muita estrada pela frente. Ainda temos que recolocar a educação brasileira nos trilhos, após a tirania criminosa da ditadura militar, que tantas seqüelas deixaram.
Além do esvaziamento da grade curricular, provocada ao longo desse passado negro, da falência estrutural das universidades públicas, do achatamento desumano dos salários dos que atuam na área, da piada de humor negro que se tornou o ensino médio e o acesso às escolas de graduação, bem como sem falar no mercado público de carnes e derivados que se tornou a rede particular de ensino, ainda lutamos contra cortes continuados no orçamento nacional destinado à educação brasileira, fruto da irresponsabilidade e incompetência de nossos representantes públicos. Se isso tudo não bastasse, ainda temos o desafio de passar a limpo o sistema de gerenciamento das escolas públicas, em que pesam as amarras burocráticas do tempo da tirania militar aliadas a modelos políticos de gestões, com representações indicadas por interesses políticos de facções que se revezam nos poderes, para que tudo conspire a favor da roubalheira e do desmando.
Mas é lindo, é supremo, é de criar baba vermos os negros, os estudantes de escolas públicas, os índios e os deficientes ingressarem na universidade através de um sistema de cotas, não importa se através de um modelo de castas americano, da década de 50 do século vinte, como também não importa se o tapete que cobre essa sujeira é a falta de investimentos públicos que causaram a falência do sistema nacional de ensino. Se faltam vagas na rede pública, nada mais justo e eficiente aliar à política de cotas, a criação de cursos particulares, bonitinhos e elegantes, mas tão ordinários quanto os cursos públicos, basta uma averiguada nos últimos resultados da OAB e das faculdades de medicina avaliadas pelo MEC, recentemente, inclusive faculdades caririenses aparecem na lista.
Nas novas medidas de inclusão educacional, as escolas de ensino médio merecem o nosso crédito. Nós temos que acreditar que seja possível um aluno sair de uma universidade, que não profissionaliza, que pretensamente apenas fomenta a pesquisa, com a capacidade de educar um aluno especial em um mesmo ambiente destinado aos alunos normais. É só uma questão de tempo. Devemos esperar que o governo tome a iniciativa e comece a fazer as mudanças necessárias para essa educação inclusiva a partir das estruturas físicas de nossas escolas, bem como a criação e distribuição de material didático especial. Claro que isso vai ser rápido, sem transtornos, afinal nós temos como meta principal dos investimentos públicos, a educação. Também é ético da nossa parte esperarmos que os cursos universitários que possibilitam a docência tenham cadeiras que proporcionem a capacitação pedagoga para a habilidade plena com o trato dessa nova urgência. Também é saudável imaginarmos que o corpo docente já em atividade tenha essa capacitação adquirida à distância, através de módulos digitais ou laptops de última geração. Acho realmente que falta boa vontade da nossa parte em aceitarmos que esse é o nosso futuro, brilhante, moderno, capacitado. Não custa nada acreditar que é possível educar através da qualidade insondável das letras musicais da banda Aviões do Forró, afinal não existe má vontade que uma canetada não resolva.
Marcos Leonel
Ola, Marcos Vinícius,
ResponderExcluirO convite foi enviado há vários dias para o e-mail que vc me forneceu. Recebeu ?
Um abraço,
Dihelson Mendonça
vou consultar agora
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