quarta-feira, 14 de maio de 2008

A AUTORIA E A RESPONSABILIDADE CIENTÍFICA

A ciência existe para servir ao homem no seu crescimento intelectual e moral. E jamais deverá servir aos interesses escusos e mesquinhos. O espaço da universidade não é o mesmo espaço do lado de fora dela. Quando peretencemos ao meio acadêmico assumimos tacitamente um acordo de compromisso com os valores, critérios e ideais científicos. O ato científico requer responsabilidade e maturidade de quem escolhe esse caminho de produção de conhecimento. Por isso, não se deve misturar o espaço e discurso doxológico com o espaço e discurso epistemológico. E o espaço acadêmico em qualquer parte do mundo segue o critério de responsabilidade e autoria de quem elabora um discurso acadêmico ou teoria. Nesse sentido, não se admite no espaço acadêmico a construção de conhecimento sem a identidade de seu autor. Isso está implícito e é uma lei dentro do meio acadêmico. Assim sendo, não se admite a invisibilidade de quem quer que seja. Em outras palavras, um cientista invisível é um charlatão! A visibilidade dentro do processo de construção do conhecimento científico é uma exigência sine qua non para a legitimidade e legalidade do caminho científico. E é exatamente o desocultamento da realidade que torna esse processo de investigação um caminho respeitado e legitimado pelas sociedades modernas. A função da ciência é desocultar e tornar visível o fenômeno ou processo invisível aos olhos do senso comum. E para tanto todo o processo de descoberta científica precisa ser visível aos olhos da academia - que é quem de fato legitima o caminho percorrido. Nesse sentido, a verdade científica é um processo de transparência que vai desde a escolha do tema até a escolha dos instrumentos de coleta, análise dos dados e construção da linguagem. Logo, sendo a ciência um espaço de transparência e busca da verdade ela não admite o ocultamento intencional de quem se propõe a fazer ciência. E sendo assim a academia se difere do resto da sociedade porque sua finalidade é transformar o duvidoso, ambíguo e aparente em leis e princípios claros, comprováveis e fundamentados. Na medida em que, aceitamos a prática de ocultamento ou desvirtuamento das verdades no seio da academia estamos corroborando para uma prática danosa ao processo científico, que em essência é democrático, transparente, crítico e visível. Em outras palavras, ao cientista é dada a liberdade de defender e criticar qualquer tese desde que seja fundamentada e tenha autoria. E que nessa autoria exista originalidade, ou seja, não seja cópia de uma outra. Assim, devemos banir dentro das universidades as práticas anti-científicas que só confundem e enganam os iniciantes e postulantes a função de cientistas: os alunos. Não cabe, portanto, dentro da universidade se propagar textos ou matérias sem a assinatura de seus autores. Porque o cientista oculto, covarde, medroso e sem escrupulos não é e nunca será um cientista de fato. Até porque existe uma ética acadêmica que é a de tornar visível o conhecimento produzido e permitir a sua constatação, por qualquer outro cientista, do que se diz e do caminho que se fez para se chegar aquela construção de verdade científica.
Em síntese, o cientista tem a liberdade de defender qualquer tese, p. ex.: a bondade do demônio ou a santidade humana, mas para isso terá que se fundamentar e mostrar para a academia o caminho epistemológico que fez. Nada é absoluto e definitivo em ciência. Mas, com certeza, os verdadeiros cientistas odeiam falácias e astúcias enganosas no processo científico. Xô charlatão ou dono da verdade! Prof. Bernardo Melgaço da Silva – (88)9201-9234

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