quinta-feira, 29 de maio de 2008

CARTA AO FRONT DA TRINCHEIRA DA "GUERRA GLOBALTECNO-IDEO-LÓGICA": A GUERRA NÃO É UM CAMINHO DE UM VERDADEIRO SER CONSCIENTE DE SI MESMO

CARO IRMÃO (Ã)
Espero que essa carta chega na trincheira onde a dor se encontra. Eu não quero lhe convencer. Você está numa guerra (tecno-ideo-lógica) e pouco posso fazer por você. Só cabe a mim escrever. Não me leve a mal só quero ajudar. Só quero lhe fazer compreender. Fiquei sabendo da sua participação. O convite foi feito de modo muito sutil e você atendeu à convocação. Partiu sem perceber a real situação. Assim como você muitos foram e também não voltaram. Perderam a noção do caminho de volta. Perderam a sensibilidade da condição de ser humano livre e feliz. A guerra em que você se meteu não está sendo realizada à luz do dia da verdade. É uma guerra subliminar na escuridão da visão de mundo racional. Por isso, ela se realiza num espaço de uma dimensão da inconsciência de si.
Fico olhando as trincheiras ocupadas por soldados vestidos com o uniforme da competição. Esse uniforme é cinza escuro e manchado de vermelho (sangue!). Ele tem estampado na altura do peito o símbolo da destruição com o nome de globalização (econômica). Vejo a poeira subindo nas trincheiras superlotadas de soldados-cidadãos ideologizados-globalizados. O calor é intenso e o inimigo se esconde na confusão. Cada um procura se enquadrar numa ordem ideológica estabelecida que define a estratégia do confronto. O inimigo é parte de um esquema organizado e estruturado segundo as leis do mercado ou do Estado autoritário . Por isso, a guerra tem uma lógica ideológica que precisa de muita sistematização. Os comandantes da guerra estudam essa lógica e depois reunidos num grande salão escolhem as Ações (de “valores”). Os soldados nas trincheiras apenas cumprem as ordens de acordo com o poder das Ações (que guardam em suas próprias BOLSAS!).
Por isso, meu prezado irmão (ã) é com muita dor que escrevo com amor. Retorne imediatamente ao mundo sem guerra. O inimigo que tanto busca combater é a sua própria projeção lógica na figura do outro. Não existe de fato nenhum inimigo. Não existe com quem concorrer. O que existe é uma ordem humana que inventou um estado, um modo de viver, um modo falso de ser. Não precisa seguir automaticamente em direção à trincheira da sobrevivência sem consciência. Não precisa morrer. Toda vez que você ganha de alguém perde a chance de "morrer" para si mesmo. A vida não é uma guerra. E nem você é um soldado. Muitos lhe ensinaram a marchar, mas poucos sabem de fato caminhar. O caminhar é livre, o marchar é orquestrado. Muitos são repetidores; poucos são mestres de verdade.
Posso ver você marchando em direção ao posto de trabalho na trincheira do combate. Lá você bate continência ao capitão do posto e em seguida segue para a linha de frente. Os mapas do combate lhe são passados. São inúmeros relatórios, dados, pesquisas, memorandos, cartas etc. Todos eles são analisados para possibilitar a posição real do inimigo. O inimigo não é um alvo estático. É um alvo lógico. Nesse sentido, todo cuidado deve ser lógico também. Todas as previsões terão que ser lógicas. Todos os fundamentos terão que ser lógicos. Você e seus companheiros terão que ser lógicos. A vida e tudo mais que lhe cerca será (psico)lógica. O mundo se torna um fenômeno lógico. A lógica fica cada vez mais lógica. O meio ambiente fica lógico. A imaginação se impregna de lógica. E a verdade se torna finalmente lógica. Nesse contexto, o dia passa ser vinte quatro horas de um tempo construído logicamente. O anoitecer acontece depois do entardecer. A terra gira em torno do sol. O sol é uma bola de gás incandescente. O homem veio do macaco logo após a perda dos pêlos (que ninguém sabe precisar como ele ganhou consciência de si humana). O amor é uma paixão. A paixão é um processo físico-químico. A felicidade é conquistar uma mulher bonita ou um homem bonito. A liberdade é poder consumir qualquer produto do supermercado ou comprar qualquer carro veloz e caro ou comprar uma roupa no shopping-center da cidade.
Nesse contexto, a vida é um estado pensante (“penso, logo existo”) numa condição biológica que vai desde o dia em que você nasceu e se conclui alguns palmos abaixo do chão (dentro de um caixão!). A realização é "ter" um lugar ao sol; é um gol flamenguista no time vascaíno e vice-versa; é acertar na loteria federal; ser médico; ser advogado; ser doutor etc. É tudo lógico! Mas, não é ontológico. Ou seja, antes do lógico precisa se colocar o "onto" (o ser). O ser é o fundamento de tudo. Por isso, um sábio grego afirmou "conhece-te a ti mesmo". Em outras palavras, é preciso conhecer quem você é. E você, meu caro irmão (ã) entrincheirado (a), é muito mais do que lógico. Você é SUPRA-HUMANO (ONTOLÓGICO)!
Assim, mesmo que o mundo tente mostrar que estamos em paz, reflita se isso é uma lógica criada pelos inventores e comandantes da guerra, ou se de fato estamos sendo usados como autômatos numa guerra psico-lógica sutil. Pense enquanto há tempo para sair dessa lógica absurda que exclui 2/3 da população mundial. Você (meu leitor (a) desconhecido (a)) está também nessa guerra? Como sair dessa guerra absurda que mata de miséria, de doença, de fome, de exclusão, de solidão, milhões de indivíduos que não sabem usar o seu poder lógico. Vence aquele que tem mais lógica ou poder ideológico? Ganha aquele que convence ideo- logicamente? A vida se resume em ser ou não-ser lógico? Pense! O Amor não é lógico. É ilógico! E agora, o que fazer? Renunciar/sair/ser ou continuar/ficar/não-ser: eis a questão! Enquanto há tempo e vida, busque em Ti a Origem de TUDO MESMO!
Prof. Bernardo Melgaço da Silva - bernardomelgaco@hotmail.com

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