Trouxe do meu blog pessoal, exclusivamente poético, http://www.tudo-fel.blogspot.com/, esse poeminha cometido sob a inspiração saudosista de um passado já um pouco distante: final dos anos de 1980, quando mantíamos uma banda de garagem chamada Lerfa Mu. São fragmentos de um tempo bom, idealista, divertido e, acima de tudo, coerente com a eterna chama da juventude (carlos Rafael).
Lerfa Mu
Nesses dias tortos, frios ou mornos
Quando a cama vira uma nave
E o olho abre sonolento
Sem o bote daqueles dias decisivos
Numa praia da Normandia
No cume do Tibete
No telhado da vizinha
Lembro daquelas noites quentes
Em teto de concreto
Um saxofone solitário ou em duelo
Dos solitários homens do norte
Não existe mais o Bar de Silvanir nem o Xá-de-Flor
Onde molhávamos goelas com goles homéricos
Mas a praça bicentenária
Com seus oitizeiros decanos
Permanece impávida que nem Ali
Fazendo sombra para os profanos
Casais namorando em frente à Igreja da Sé
Sim todos aqueles anos se foram
Escoaram pelo ralo e entraram no cano
No túnel no liquidificador
Do tempo que tritura a nossa dor
Lupeu escarra e não lamenta
Tão pouco pede desculpa
Mas canta a violência nas telas de tv
Calazans, o doce canalha
Leonardo Léo, nosso Manitas del Plata
João Eymard, o homem-barba de baquetas
Igor troglodita o baixo
Leiam as músicas que tocam nos versos deste poema
Dedicado a Aldinha, Helen, Eliane, Glória, Val e a cega Silvana
Nossas eternas musas
Muito boa essa poesia. Eu pensava até em escrever sobre isso, mas não tenho a memoria necessária.
ResponderExcluirEra o tempo que eu estava chegando no Crato e as vezes via vocês ensaiando lá na praça da sé, num prédio onde hoje funcionam uns barzinhos.
Eu só ficava pensando em montar uma banda naquele estilo também.
Essa época e vocês merecem muito ser relebrada. Não só relembrada mas também mostrada para todos, talvez uma exposição para que o Crato retorne a sua efevercência cultura novamente.
Aquele "altar" era a sede da OCA, da banda e bando.
ResponderExcluirBons tempos en(tocados) e sobre(vividos)!
Boas lembranças do poema maior chamado vida!
Só há duas formas de um homem ser poético: com os amores e esperanças de uma vida à frente, ou a saudade e lembrança de tempos atrás...
ResponderExcluirBem, esse poema é muito saudosista e belo, Rafa. Condensou muita coisa, muitas coisas que nunca poderiam ser esquecidas.
Hi...estou ficando velho.
Daqui a pouco estarei falando "no meu tempo..."
Parabéns pelo poema.
Abraços,
DM