O pessoal que mantém estes blogs coletivos na região do Cariri tEm um desgaste de condução diária que poucos desajariam. É que o coletivo começa com a divergência e só mais adiante identifica um maior número de semelhanças entre si. De outro modo isso é o que acontece em todas as comunidades, especialmente aquelas imaginadas (títuo de livro de Benedict Arderson) quando o coletivo de pessoas, por desejar uma vida igualmente satisfatória encontra seus denominadores comuns. Especialmente encontra os fatos, as pessoas e os valores míticos que são difundidos através da coisa mais fantástica da humanidade: a lingua. O idioma que é a parte comum de todos. Por isso as divergências são claramente compreendidas, mas já sob uma amarra comum, o próprio vernáculo.
A introdução deste texto vem a respeito da manifestação de Guel Arraes sob aquele outro quando em 1968 dei adeus ao Crato. O Guel fez parte ativa daquele mundo do texto. Quando anos depois o encontrei aqui no Rio, a primeira lembrança e memória que ele me trouxe foi o Almirzinho. O Zé Almino Arraes, o irmão mais velho do Guel, escreveu um livro de primorosa redação, chamado o Motor da Luz e este motor não era outro mais que aquele antigo dedicado à iluminação o Crato desde a nascente. O Zé, Ana, Gusto, Guel e os irmãos mais novos eram pernambucanos de linhagem recifense. Quem tem Recife no coração dificilmente poderá ter outra cidade. Recife ao meu ver tem muito mais força de expressão brasileira e nordestina do que Salvador. Fortaleza, Natal, João Pessoa, Teresina e São Luis ou são muito novas ou se expressam para si mesmas. Recife não, ela é mais universal, fala dela e dos outros.
Pois bem estes pernambucanos do Recife têm tão profunda ligação com o Crato que igual devoção só vi em alguns cratenses em relação ao Recife. Ao receber o texto falando de 1968 o Guel respondeu-me com estas palavras: Pois é, Zé, nossas memórias compartilhadas são até maiores do que eu pensava: O Crato é o mundo. Abraços. Guel
Nos comentários daquele texto encontrei a compreensão generosa da "nova guarda" o Dihelson e Carlos Rafael e Marcos Leonel, além daqueles que beiram meus anos vividos: Armando Rafael e Socorro Moreira. A Socorro e o Armando me tocam diretamente a pele, mas o Leonel, o Carlos e Dihelson chegam a este "espírito" de tempo amplo no qual nos entendemos. Neste todo encontrei a voz da Maria Edith, uma prima irmã que ainda tem a voz de adolescente. E por isso o Guel tem razão: O CRATO É O MUNDO.
Em mensagens do Partido Verde eu tenho sugerido por aqui sempre que "a nossa cidade é o nosso planeta"! A gente cuida do planeta a partir de nossa casa, nossa rua e nossa cidade. Nos anos 80, a gente fazia um programa de rádio (Eu apresenta, Carlos Rafael redigia e Bola Bantim produzia) na rádio Araripe - o Terrae Brasilis - e a chamada principal era "nossa terra está no ar" e que depois foi copiada por outras rádios locais.
ResponderExcluirTudo prá dizer que sem a nossa memória não somos nada e o Crato é sempre esse belo cenário de todas as nossas memórias afetivas.
Acho lindo esse "caba" do Araripe ... Assumiu o Crato e adjascências ... Assumiu o povo , os amigos .... e a própria vida !
ResponderExcluirGuerreiro de fé , tenho o maior orgulho de ser tua amiga !