POESIA É PROSA
A revelação de um poeta acima dos adjetivos deveria ser sempre motivo para celebração. Venha de onde vier, seja qual for o seu nome de batismo. O deste livro é assim: palavra a palavra, verso a verso, estrofe a estrofe o espaço que ele constrói tem algo dos paradoxos de que se nutre a arte: desnuda e significa, expõe e encobre. Preserva, enfim, o mistério do poeta.
Para além da história e da geografia, pessoas e aldeias desfilam diante do leitor. Para quem os conhece, o reconhecimento. Para quem nunca ouviu falar deles valem talvez ainda mais. O mito basta para esmerilar a fala de um poeta como este. Num processo de acúmulo e associação, as metáforas, as imagens vão, uma a uma, se esmerando em reinventar coisas e gentes. Tema é pretexto. A forma forma a forma.
Alguém virá que o poeta dá carne e fogo a espectros da fé como os que se contam no Nordeste do Brasil. Faz isso com versos que dialogam com fotografias. Tudo, aliás, aqui é conversa. Poesia é prosa de todo dia em sítios como o Cariri do Ceará, pois onde buscar a magia senão no abismo? O poeta diz isso em cada verso.
Marcos Leonel faz a poesia coisa tão sua que num livro como este de vinte anos todo o encantamento se preserva a cada leitura. Vale pensar na epopéia ainda mais do que no lirismo a que se escravizou quase toda a literatura do Brasil. Este livro é isto que lembra – o ritmo do romance, a ladainha que há em toda a poesia narrativa e fala dos cantos. Dos cantos, entenda-se, não aqueles de música, mas os de lugar. A cada um a sua prece, sua a pedra.
Poesia de nervos e de ossos esta que faz Marcos Leonel. Com o seu tanto de meditação, de análise, de observação aqui e acolá lembrando filosofia, sociologia. Mas, ao fim, o que triunfa é a fotossíntese da linguagem. Consciência do discurso que é como se deveria definir um livro assim, realidade e linguagem: abismo que atrai abismo, cem por cento imã de imanência.
Mário Hélio, 41, jornalista e crítico literário
A revelação de um poeta acima dos adjetivos deveria ser sempre motivo para celebração. Venha de onde vier, seja qual for o seu nome de batismo. O deste livro é assim: palavra a palavra, verso a verso, estrofe a estrofe o espaço que ele constrói tem algo dos paradoxos de que se nutre a arte: desnuda e significa, expõe e encobre. Preserva, enfim, o mistério do poeta.
Para além da história e da geografia, pessoas e aldeias desfilam diante do leitor. Para quem os conhece, o reconhecimento. Para quem nunca ouviu falar deles valem talvez ainda mais. O mito basta para esmerilar a fala de um poeta como este. Num processo de acúmulo e associação, as metáforas, as imagens vão, uma a uma, se esmerando em reinventar coisas e gentes. Tema é pretexto. A forma forma a forma.
Alguém virá que o poeta dá carne e fogo a espectros da fé como os que se contam no Nordeste do Brasil. Faz isso com versos que dialogam com fotografias. Tudo, aliás, aqui é conversa. Poesia é prosa de todo dia em sítios como o Cariri do Ceará, pois onde buscar a magia senão no abismo? O poeta diz isso em cada verso.
Marcos Leonel faz a poesia coisa tão sua que num livro como este de vinte anos todo o encantamento se preserva a cada leitura. Vale pensar na epopéia ainda mais do que no lirismo a que se escravizou quase toda a literatura do Brasil. Este livro é isto que lembra – o ritmo do romance, a ladainha que há em toda a poesia narrativa e fala dos cantos. Dos cantos, entenda-se, não aqueles de música, mas os de lugar. A cada um a sua prece, sua a pedra.
Poesia de nervos e de ossos esta que faz Marcos Leonel. Com o seu tanto de meditação, de análise, de observação aqui e acolá lembrando filosofia, sociologia. Mas, ao fim, o que triunfa é a fotossíntese da linguagem. Consciência do discurso que é como se deveria definir um livro assim, realidade e linguagem: abismo que atrai abismo, cem por cento imã de imanência.
Mário Hélio, 41, jornalista e crítico literário
Essa postagem é em função de divulgação do meu blog
http:marcosleonel.blogspot.com/
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Que massa ! Preciso dessa leitura , viu ?
ResponderExcluirQuero escrever , um dia ...aos 80 anos !
Abraços !
Sou lírica e prosaica demais , pra conviver com tantos cobras !
ResponderExcluirNada disso
ResponderExcluirseu lirismo é inspirador e é poesia de verdade, aliás, o Cariri não é careta não em poesia. Temos autores fenomenais, você, Geraldo Urano, Cleílson Ribeiro, Lupeu, Wilson Bernardo, Carlos Rafael, Domingos Barroso, Pachelly e Abidoral Jamacaru, José do Vale e tantos outros que não lembro no momento. Acho, inclusive, que já devemos elaborar uma coletânea de autores caririenses, com uma embalagem que fique como produto de arte.
abraços