Pra não dizer que não falei da rosa
Da rosa de Hiroshima
Aquela anti-rosa cálida
Que vale cem mil poemas
E uma cirrose sem cura
No fígado do mais pacífico
Dos militantes anti-atômicos
Pra não dizer que não falei da China
Na véspera da mais esperada das olimpíadas
Enquanto chora os seus mortos
E os vivos ainda soterrados
E os feridos pintados de lama
Da torrente que veio pra lavar
E não lavou
Pra não dizer que não falei da Birmânia
E de seus bois de porcelana
Levados por uma junta
Que põe canga no povo
Há quarenta e seis anos
E que nem todos os ciclones unidos
Conseguem derrubar
Pra não dizer que não falei do Tibet
E dos seus santos monges com vestes açafroadas
Agora esquecidos após todos os cataclismos
Acontecidos de 1945 pra cá
Enquanto os últimos rufiões do totalitarismo
Justificam a opressão
Em nome de um trem alpinista
Que requer pressurização
Pra não dizer que não falei dos guerrilheiros santos escondidos nas bribocas do Afeganistão...
Carlos:
ResponderExcluirprá não dizer que não disse,
das rodas que trituram ossos,
aparam o sangue em molho pardo,
embute os pedaços das carnes.
pimenta do reino, alho e cebola,
sal a gosto, um sereno amadurecido,
depositado no vasilhame da feira,
para gourmant de certezas capitais.
prá não dizer da diarréia aguda,
nesta sempre crônica vida vazia,
que consome o hoje o embrião do amanhã;
arrota os gases da alma tonta,
poluindo as manhãs de nossas vidas.
prá não dizer que não falei da vida,
que a morte anda à procura,
o sono que a vígilia espanta,
o sonho que as vitrines roubam.
prá não dizer que não falei.
Grande, poeta!
ResponderExcluirSua poesia é crônica
Porém bela
E necessária
Nesses ácidos dias
De chuvas e tremores
E temores encharcados
Que não lavam os podres poderes
Já decompostos
apesar de aparentemente sadios
e tome poesia!
ResponderExcluire ainda há quem comente comigo, nos afazeres do dia-a-dia, que o blog é massa, só falta o povo para de postar essas poesias que não interessam a ninguém.
ou é muita cara de pau ou é muita flatulência mental.
A poesia é do poeta, que sabe o que diz. Possivelmente alguns olhos querem ver apenas. Outros lincam com a facilidade do apertar do gatilho. Outros tantos, como são sencíveis. O imaginário literário é multicor. Não adianta catar os décimos para não ir à final. Afinal, espenho foi feito para refletir. A poesia é do poeta, que sabe o diz. E como esse sabe!
ResponderExcluirFalei!
Uma viagem sem flores ...
ResponderExcluirSem paisagens gramadas
Sem gado no pasto ...
Existem tantas realidades ...
Como ouvidá-las ?
Eu só queria que o mundo fosse diferente ... No mínimo como a vida da gente ... que sente , o que não vê ... Pra não dizer que entende !
Marcos,
ResponderExcluirPoesia só interessa a quem se interessa pela vida. Valeu, poeta!
Calazans,
A quem sempre chamei de poeta por que é um poeta de fato e de versos lapidados a canivetadas.
Socorro,
Seu nome já diz tudo, pois é um refúgio aos que necessitam do seu lirismo, sempre meigo e doce.
Diga aí Calazans!!!
ResponderExcluirEspero encontrar com você logo.
Colocar essa conversa em dias, brother, já é sem tempo.