“Os ministros de Relações Exteriores dos 27 países membros da União Européia decidiram nesta quinta-feira retirar as sanções diplomáticas que impõem a Cuba. A intenção manifestada pelas autoridades européias é de abrir o diálogo, depois das reformas políticas e econômicas implantadas pelo novo governante cubano, Raúl Castro. Entre as condições que os ministros europeus impuseram ao regime cubano em troca do fim das sanções estão a libertação de todos os prisioneiros políticos, o acesso à internet para todos os cubanos e a permissão da viagem de todas as delegações européias à ilha, reunindo-se tanto com a oposição quanto com os membros do governo. A UE se comprometeu ainda a "destacar perante o governo cubano seu ponto de vista sobre a democracia, os direitos humanos universais e as liberdades fundamentais", e a pedir que se respeite a liberdade de expressão e de informação.
República Checa e Suécia foram relutantes em aprovar a medida, argumentando que Cuba deveria melhorar a situação dos direitos humanos antes do fim das restrições”.
Meu comentário:
O Reino da Suécia e a República Checa têm razão. Com muito estardalhaço, divulga-se que Raul, o novo ditador cubano – oriundo da dinastia Castro – promoveu três medidas de impacto em benefício da miserável população da ilha-cárcere. Quais seriam essas mudanças? O povo poderá ter livre acesso aos hotéis de Cuba (antes restrito aos turistas) e poderá comprar, a partir de agora, computadores e telefones celulares. Afinal, Cuba – o ícone das esquerdas jurássicas – deixará de ser o único país das Américas a não dispor desses benefícios.
Entretanto, dói dize-lo, a ilha-prisão continua, no mais, como dantes. Os cubanos – mesmo a minoria que recebe dólares de parentes residentes nos EUA (e, com isso, terá oportunidade de adquirir computador ou celular) continuarão submetidos ao um sistema político autoritário que suprimiu a liberdade de expressão e de imprensa. Continuarão vivendo numa ilha onde é proibida a livre organização política e o direito de ir e vir.
Os avanços excepcionais da social democracia na Europa, nos últimos 50 anos, provam que a democracia é o melhor regime político para promover mudanças sociais que levam à redução das desigualdades.
Está na revista VEJA que começa a circular neste domingo:
ResponderExcluir"Agora, fogem de Raúl
Apesar das reformas do irmão-sucessor,aumenta o êxodo cubano para os EUA
Raúl Castro, irmão de Fidel e seu sucessor, promoveu nos últimos meses algumas reformas econômicas destinadas a aliviar as agruras do dia-a-dia. Itens de consumo banais no restante do mundo estão agora acessíveis também na ilha. Os cubanos foram autorizados a se hospedar em hotéis, a comprar eletrodomésticos e aparelhos celulares. Como diz o ditado, muito pouco, muito tarde. As mudanças e o afastamento de Fidel (el comandante-en-jefe tornou-se irrelevante a ponto de bater boca publicamente com Caetano Veloso) não foram suficientes para convencer a população a esperar para ver no que vai dar. O número de cubanos que tentam fugir está no seu ponto mais alto desde 1994. Naquele ano, estrangulado pela crise econômica, Fidel liberou a emigração. No total, 37 000 pessoas tentaram chegar aos Estados Unidos por mar. De acordo com a Guarda Costeira americana, 3.846 cubanos lançaram-se ao mar nos últimos oito meses em direção à costa da Flórida, a 160 quilômetros de distância. Cerca de 40% deles foram interceptados no caminho.
"As tímidas reformas feitas por Raúl Castro não vão alterar a curto prazo a falta de perspectivas para os jovens cubanos", disse a VEJA o americano Andy Gomez, do Instituto de Estudos Cubanos da Universidade de Miami. O salário médio de um cubano é de 15 dólares por mês. Esse é o salário mínimo por duas horas de trabalho na Flórida. O movimento atual – que está sendo chamado de êxodo silencioso – tem características próprias. As fugas do passado ocorreram em embarcações precárias, algumas vezes simples bóias de borracha, ou dependeram de barcos de resgate enviados por organizações humanitárias. O percurso atual é feito em lanchas motorizadas. São viagens agenciadas por cubanos exilados em Miami, donos de um lucrativo tráfico de fugitivos. O preço médio por imigrante é de 10.000 dólares.
A fuga também deixou de ser uma viagem direta aos Estados Unidos. Com o aumento do controle americano no Estreito da Flórida, um em cada três balseros prefere a travessia mais longa até a Península de Yucatán, no México. Ao desembarcarem, os fugitivos seguem por terra em direção ao norte do país. Ao contrário de outros imigrantes clandestinos vindos da América Latina, os cubanos não precisam atravessar o deserto nem burlar a vigilância policial. Graças a uma lei do governo Clinton que prevê asilo a todo habitante da ilha que pise em território americano – a Lei do Pé Seco –, ele só precisa se apresentar às autoridades na fronteira e receber o visto de residência nos Estados Unidos".