Não estranhe. Não usarei o samba como referência. Em relação ao período que falo, o samba já era um mito nacional, aceito por todo mundo. O samba já havia saído dos guetos negros, já tinha Noel, Ary Barroso, Lamartine, Chico Alves e assim por diante. O samba já estava em Hollywood com Carmen Miranda. A música Aquarela do Brasil já era uma referência do espírito brasileiro em todo mundo. Aliás o samba já havia passado para a categoria da Velha Guarda e por isso mesmo é que a meninada passou a ser chamada de Jovem Guarda.
Só que nesta época estaremos tratando de uma música que se origina noutras classes sociais. A classe média. Aquela mesma que na Zona Sul da cidade viajava, curtia a música mundial do pós guerra que era a Americana de linha jazzística, de um ritmismo intimista, de câmara, em boates pequenas. A patota de alguns. Por isso é que a poética fala de mar, de praias, de amores rítmicos, afinado (ou desafinado), de pequenas coisas, diminutivas, de formação instrumental própria: violão, piano, contrabaixo e bateria.
Já na Zona Norte uma juventude igualmente de classe média tentava se expressar na mesma onda internacionalista e da grande produção discográfica e de broadcasting. Só que ali não era mais a música negra dos algodoais, de N. Orleans, de Nova York ou Chicago. Já era a influência junto ao centro dos EUA, o Rock, de massa, com a guitarra elétrica, dos grandes palcos, da dança e coreografia em um corpo de cabelos longos, roupas coloridas e óculos escuro. A mesma que por aqui entrou na Zona Norte da cidade caiu no gosto popular mundial, especialmente a partir do Beatles da velha Bretânia.
Na bossa nova a classe média de escritório, de advogados, funcionários públicos, intelectuais, comerciantes que apareciam nas páginas da revistas de circulação nacional. Já na Jovem Guarda estamos falando da pequena classe média que se pendurava no bonde, saindo da Tijuca para o centro, da Piedade ou de Madureira, de Campo Grande ou Santa Cruz pelo trem. Estamos falando da juventude que freqüentava a enorme quantidade de clubes sociais que espalhavam pela geografia além túnel da cidade.
Quando falamos da bossa nova, à exceção da esquisitice do natural de Juazeiro da Bahia, João Gilberto, estamos dizendo de Nara Leão moradora da Avenida Atlântica, de músicos e artistas que aconteciam e viviam entre Copacabana, Ipanema e Leblon. Claro que o nosso poetinha Vinícius, diplomata e filho da classe média tradicional da cidade deu uma colorido próprio à fala da bossa nova. E com isso ela, absorvendo as raízes do samba e do jazz, aconteceu lá fora como novidade brasileira.
Com a Jovem Guarda não foi assim. Esta meninada se dedicou mais à versão. O coração do sucesso deste pessoal foi a versão de músicas americanas, dos Beatles e alguma coisa que fizeram de novo com o mesmo material musical. Entre os maiores ícones desta guarda jovem estão Roberto e Erasmo Carlos que afinal que se tornam originais sobretudo por meio da velha canção latino americana de natureza romântica, incluindo até mesmo o samba canção.
Enquanto liguagem da emoção , a Música é um dos meus assuntos preferidos.Faltou-me disciplina e dextreza pra tocar um instrumento ... Nem Abidoral , resolveria o meu problema. Acostumada a fazer ,
ResponderExcluirantes do pensar, colhia antes do tocar , as notas que o sol e o luar , nos enviam noite e dia. Melhor era escutar rádio , um vinil na radiola , uma serenata , na madrugada , depois de um baile de 4 horas ... Sem contar com as "capelas" , que o chuveiro do banheiro (com a sua acústica peculiar) , nos instigava a cantar ... Assim aprendíamos todas : os sambas , as bossas e as versões americanas. Se duvidar , até canções ... na doçura do italiano , no romantismo do espanhol , na dramaticidade da tango , nostalgia do fado, e erotismo francês...
Interessante entender a origem de toda essa mistura cultural, que construiu a nossa emoção , e virou trilha sonora das nossas vidas.
"Era azul.lindoooooooo/ o olhar que doce me fitou./ e que na noite me encantou./ ao luar...../.de veludo era a boca que eu beijei"!
Por que usaram uma música tão linda e doce , num filme tão violento , quanto "Blue Velvet" ?
A Rádio Chapada do Araripe , reproduz para o nosso deleite , tudo de bom da MPB, em todos os tempos !
Temos que agradecer ao Dihelson ... sempre , e sempre !