domingo, 14 de setembro de 2008

Jardim do meta-verso



Pé na estrada
Apesar da sombra ,
adoro seguir caminho
Acabo sempre perdida
cansada e adormecida
Não tenho malas ,
nem guardados
O zero é ponto ,
na reta numerada ...
Afinal , no dia "D" ,
o fardo é nada !
Exercito partidas ,
partindo sempre ...
Um verso ,
em cada dia .

Pão amanhecido
forno , cheiro ...
café coado ,
estômago cheio .
Pensamentos em crise
Rédeas , impedimentos
Leveza na alma
Alegria na mesa
Balanço de rosas
folhas caídas
Amores e toques
Amanhece
e anoitece a vida...
O que sonhei ,
que tanto esqueço ?
Pássaros cantam ...
São livres !

Tenho medo do mato ,
do escuro da noite
do perfume que exala...
Medo das cobras ,
e até das formigas ,
que as vezes me traçam ...
Medo de tudo que se mexe ,
quando o vento bate...
Encolhida na noite ,
embrulhada no sonho ...
sou livre , na madrugada
Amanhã tenho uma nova ,
e uma velha história ...
Afazeres e deveres...
Cadê aquele dia ,
quando tudo , ainda podia ?
Meu caminho é sozinho
Asas não me levam
A estrada é finda ...
Volto no rastro ,
como João e Maria.

5 comentários:

  1. "Tenho medo do mato ,
    do escuro da noite
    do perfume que exala...
    Medo das cobras
    e até das formigas" Não tenhas medo minha amiga, teu poetar de protege de todos os males!
    Abraços e xeros!

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  2. "Encolhida na noite ,
    embrulhada no sonho ..." Extamente o que consegue fazer com seus leitores. Embrulha-los num sonho!!!

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  3. Vcs são os cheiros da minha vida !


    Beijos

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  4. João e Maria. A chave deste poema da Socorro. Nâo precisavam penetrar o desconhecido e mesmo assim foram. E foram por qual motivo? Pelo zero que não é estático, um zero e mais nada. Este é um zero que veste um vazio que é feito o vácuo na natureza, esta tem horror a ele e imediatamente o preenche. E por isso seguem caminhos. Que podem se dispersar até o ponto de se perder. Que metem medo pelo conteúdo que possuem. E este ato de preencher e encontrar a trilha nas pedrinhas de volta, são os versos que semeam o retorno até o ponto zero inicial e tudo novamente recomeça. Até ao Jardim.

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  5. Teus comentários , José ,são sempre tão lindos... parecem pedrinhas fazendo caminho para outros versos...
    Vc é um abre alas... desfila um comentário... e a escola fecha , num samba enredo , que a vida dança !

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