quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Lúdica solidão

Cá, minha musa
esfregar seus tornozelos lavanda
em minha virilha gordurosa.

A esposa enche o saco.
O filho enlouquece.
No trabalho não se pratica yoga.

Urgentemente careço
de musa com juba e apetite.
Sinto frio e fome.
Meu jeans surrado sumiu.
Minha língua cheia de sapinhos.

Cá, musinha
inspira esse espantalho sem cabeça.
Sinto desgosto e valentia.
Vontade de esbofetear minha sombra.
Apagar a última vela do jazigo.

A esposa tem cistos.
O filho odeia escovar os dentes.

Minha musa não faça cachos.
Joga sua juba sobre meus cílios.
Estou com frio, fome e sono.
Amanhã a gente brinca.

2 comentários:

  1. Cara, é com grande prazer que leio os seus textos. Fiquei impressionado com o seu livro "Vem bater tambor, meu amor", uma grande obra de um grande poeta, uma verdadeira aula de poesia, com todos os recursos poéticos dos grandes e infinitamente melhor do que uma imensa quantidade de porcaria lançada como sendo "poesia" cearense. Quero dizer que fiz o prefácio pedido e estou esperando apenas um tempo para o texto maturar e eu ter certeza que ele estará a altura da sua escrita.


    Quero enfatizar aqui também a satisfação de me deparar com cultura, coisa rara nos últimos dias nesse blog que já foi um dia cultural, hoje está mais para blog do Crato, só falta a famosa "frase do dia".

    abraços, poeta

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  2. que poesia do caralho mi hermano.
    também ando querendo o espantalho
    (sendo-o)
    sem cabeças, sem musas, sem grana...
    o que nos resta?
    escrever uma ode.
    valeu geral.

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