segunda-feira, 22 de setembro de 2008

RIO DE PONTA-A-PONTA JANEIRO

cartão-postal,
próprio para o gozo do olhar,
guardar espiadelas no futuro,
desejar um momento de paz,
emoções em quartos solitários,
voltar à paisagem visitante.

o Rio de Janeiro,
não é verdadeiro postá-lo,
ser ele apenas um cartão.
Um cartão fixo, morto,
descolorando-se nos guardados.

a pauta das praias, divisões dodecafônicas,
e jamais um minuto depois a mesma frase,
entre a noite e o dia, entre as luas, se te afastas,
ao retornares uma nova narrativa de enseadas,
ilhas, restingas, pontas, a baía da Guanabara.

tantos morros que uma vida só é pouco,
as luzes de maio, o pino do sol em verão,
as manchas tonais, quebra-luzes nubilosos,
quanto verde, expressionismo tropical,
mas cada fóton é vida impressionada.

ontem e amanhã, da enseada de Botafogo,
a unidade da Urca e do Pão de Açúcar,
sabemos nós que toda a humanidade o vê,
mas que unidade é essa que se multiplica,
cada retorno é uma borbulha de novidade.

nada mais transcendente que a São Clemente,
entre velhos casarões do século XIX,
os zigurates dos anos XX,
numa linha o Corcovado, na ponta o Redentor,
na outra, o Pão de Açúcar, no nada o Bonde.

quando toda fotografia for revelada,
mesmo que no instante digital,
uma cidade, o Rio de Janeiro,
jamais será fótons em quadros,
mesmo a ilusão do cinema a mover-se,

O Rio é a vida e suas complexidades,
mas é, também, magma intrusivo,
que se levanta ante nossa timidez recolhida.

Um comentário:

  1. Li de ponta-a-ponta ... e fiquei com vontade do rio... Banho verde de beleza e novidades ... No mais , Deus protege !


    Abraços , meu grande !

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