terça-feira, 30 de setembro de 2008

Vendem votos nessa loja?

Salatiel, esse texto foi encaminhado ao meio jornalístico local, onde a política está prestes a passar para as mãos de empresários e aproveito para dividir as opiniões com vocês. Abraços eleitorais.

Duas vias caminham paralelamente na produção de bens e serviços, a via pública e a área privada, sendo esta última responsável pelas relações de troca autônoma, onde empregados e empregadores se baseiam no lucro próprio de cada parte. Na área pública a relação de troca se dá de maneira diversa, tanto empregados quanto empregadores estão voltados à prestação de serviço de atendimento e produção de bens à nação, sendo o indivíduo um usuário destes serviços e bens, não um cliente. Um usuário é quase um sócio, um dono também. Cliente é aquele que compra, só isso, e podem oferecer chazinho e flores que são somente compradores(ou eleitores). Mas essa distinção torna-se mais evidente se observarmos pelos resultados que cada área busca atingir: a pública, mais e melhores condições oferecidas à população; na rede privada, a expansão nos negócios.
O comércio independente apresenta-se como mola mestra do mundo, na verdade ele é apenas o nivelador das diferenças pelo acesso ao possível a uns e ao impossível a outros. E vem amealhando adeptos até precoces dessa modalidade desenfreada do ser-que-compra, ser-que-paga, ser-consumo. Votos então são até mais negociáveis. A modernidade representa um balcão de mercadorias sob esta ótica, sim, da arte também. Verificamos que as duas vias paralelas criam pontes para atuarem juntas, resultando nestes casos no beneficiamento final da área privada, que sem benefícios polpudos não se submete à vontade do Estado, empresas que apesar dos altos índices econômicos em todos os setores - um crescimento "nunca visto antes neste país", como diz o Presidente Lula - ainda não deram a sua contra-partida social devida. Os preços não baixam, sequer estabilizam temporariamente, sempre à frente dos que não conseguirão acompanhar. O Estado, por sua vez, abre os cofres públicos para promover o bem comum das populações em atraso, impostos bem gastos é preciso reconhecer, cuidados, direitos e facilitações hoje alcançadas por jovens, idosos, mulheres, crianças, pobres, negros e...até ricos.
Sobretudo os ricos, o grande mercado empresarial tem lucrado bastante, as oligarquias, a área privada beneficiadíssima que agora observamos ganhando a simpatia de muitos nestas eleições 2008. As preferências políticas tem flutuado numa tendência ao delírio, inadvertidas a respeito do perigo em elevar ao patamar de político os homem de negócios. A carreira política é uma escola que começa com um ideal de convicção, mas às vezes, justamente em época de eleição, aparecem vários produtos do oportunismo midiático. Vereadores de toda sorte de intenções, é só escolher. Prefeitos que surgiram do nada pra lugar nenhum e podem encher as repartições públicas de donas de butique, micro-empresários e seus asseclas em cargos comissionados nas prefeituras pelos próximos quatro anos. A via privada no poder público, arriscado.
Os funcionários públicos depois de 5 de outubro terão um novo chefe, um empresário ou um político, e o Presidente está aí para nos ensinar o que é ação política que transforma e dá lição em tantos políticos mais velhos que misturados a empresas pensaram a grandeza de uma região sem a perspectiva do progresso para além dos seus currais. Mas fizeram muito bem aos seus próximos. E ainda operam milagres e removem montanhas, se deixarem. Quem decide estas urnas é o maior número de seus beneficiados...durante o período eleitoral, porque a grande maioria nestes últimos anos não viu a riqueza produzida chegar-lhe à porta da casa, do barraco de Mazé, do sítio de Seu Coelhin, coitado...E me chegou a informação da suntuosa residência erguendo-se em Recife de propriedade de um político-empresário daqui da região - um Coelhão -, tem destes espertos que para eles comércio e política são uma coisa só e fazem negociatas o tempo todo em benefício próprio com seus caixa-dois a tiracolo. Como disse, as urnas serão decididas pelo maior numero de seus beneficiados...durante o período eleitoral, porque campanha bem feita até eu tiro o chapéu. E piso em cima...dos votos comprados.

Um comentário:

  1. Caros colegas, ainda bem que o texto não foi publicado.Além de agressivo, o que não constrói, é limitado linguisticamente, social e politicamente. Esta minha incursão no texto jornalístico foi um fracasso, fico melhor quando mergulho no meu desconhecido e faço poemas.
    Em 01/10/08, Marta Feitosa escreveu:

    Bet, não há escapatória, dos dois lados tem coelho dando pulo...peça a Deus pra viver muito e alcançar as transformações idealizadas por umas cabeças que juntas não dão um caldo morno de esquerda nesta região. Pra que se afobar? E meu texto remendado tanto pior quanto desnecessário, não tanto pelos "interesses", mas porque a reserva guarda em si as forças para lutas maiores no porvir. Concorda? Beijos, Marta.

    Obrigada a vocês pela lucidez, até.

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