quarta-feira, 26 de novembro de 2008

CONFISSÕES

Foto: Renato Luiz Ferreira


Ainda cá, no mesmo local de sempre
Vivo com meu olhar de cão perdigueiro.
Não a caçar perdizes, mas na mesma ânsia do cão faminto, caço sobre o mundo, as nuances dos finais de tardes.
Ainda caço o negror da pupila reluzente a me olhar pelo canto do olho, assim como ainda insisto nas buscas das pele brancas e trigueiras ao longo das madrugadas.
Persigo após o pó das eras, a última gota do cuba libre, que me solta os instintos mais primitivos...
Com a lupa sobre o mundo meu anjo, rastejo a língua como uma cobra, a perseguir os sabores, o olfato os cheiros e a retina cansada, as matizes que pousam sobre o meu opaco olhar.
E cá estou sobre o mundo, sendo eu ainda o mesmo: esta forja de pecados e mesma labareda de desejos.

2 comentários:

  1. um fôlego sereno
    esgotado de sensibilidade -
    com o alforje cheio de "pecados".
    Maravilhoso, Antônio Sávio.
    Abraços.

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  2. O poeta é como o vinho
    Quanto mais velho, melhor

    Assim também, a poesia
    Quanto mais degustada
    Mais gostosa

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