segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ASCO - Dihelson Mendonça

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Asco


Talvez não haja afinal, no mundo
lar ideal à minh'alma inquieta
nem cabeças a compreender a fundo
o músico, o cientista e o poeta

De frias notas me alimento
-pesados fardos que carrego insone-
amargos frutos de um sabor intenso
que sorvo vorazmente qual ciclone

Ser pó, e tentar antes, ser homem
em meio à peste de um século podre
abandona-me o coração cheio de ânsia

Pois busco a verdade em lajes frias
para encontrar afinal apenas a antipatia
dos cadáveres do mundo e a sua ignorância


Dihelson Mendonça

10 comentários:

  1. Muito obrigado, Pachelly. Muito gentil da sua parte para com esse aprendiz de feiticeiro aqui.

    Na verdade, a Arte nos liberta. É a válvula de escape para que não enlouqueçamos neste mundo caótico. Tu sabes disso...

    Talvez 90 por cento dos suicidas não levassem a cabo o seu intento se se ativessem a uma forma e expressão de Arte.

    Abraços,
    P.S - BOA TARDE...

    Dihelson Mendonça

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  2. Poesia não é apenas rítmo, canto, conteúdo, poesia é verdade e esta do Dihelson é a verdade dele. Um ser expoente que pensa ser escondido; um colhedor de adjetivos que professa verdades mas se espanta com a ignorância sobre as verdades anunciadas; um músico que escolhe a forma mais sofisticada de arte e assim brinca de incompreendido. Dihelson é completo dele mesmo e nós somos entusiastas de sua grande energia. E evidente que nenhuma arte nos exime da auto-anulação, mas é claro que emula os sujeitos entre si.

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  3. Meu Prezado e sempre querido José do Vale,

    Obrigado por se dar ao trabalho de ler e comentar sobre esse pequeno soneto.

    Só quero dizer, que inevitavelmente, a arte escolhe o artista. Nunca o contrário. E o grau de sofisticação vai se refinando aos que se dedicam a ela de tal modo que no final, quase que somente o artista a compreende, como a um filho, porque se torna mais complicado explicar o que se faz, que somente outro artista que tenha trilhado caminhos semelhantes conseguirá entender. É o preço da sofisticação. E isso não se escolhe, é por refinamento e evolução, falando francamente. Mas felizmente no meu caso - isso eu coloco em ressalva até no meu CD que deve sair em Janeiro - espera-se de uma platéia que o gostar esteja acima do cohecimento, e a arte vá direto ao coração. Até porque quando o artista amadurece, muitas vezes se torna muito cerebral, o que não é boa coisa, pelo menos para mim.

    Quanto mais se sobe, mais o ar se torna rarefeito, até não haver molécula nenhuma. Sufôco. Mas a essa altura, já não visaremos mais as núvens do céu e sim, as estrêlas. Embora, talvez, desabitadas...portanto, a Arte leva à Solidão, que via de regra, é também o gemido que o artista emprega em sua arte.

    O Artista é um eterno Reclamador...
    rs rs rs

    Abraços Sinceros,

    Dihelson Mendonça

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  4. Complementando, meu caro José do Vale,... ia me esquecendo...

    Obrigado duplamente por achar nele verdade. O poeta sempre deve escrever verdades, como disseste. E essa verdade só pode ser a dele mesmo. Porque cada um encontra suas próprias verdades, de acordo com a realidade e o meio em que vive. Isso se chama ser sincero dentro de si próprio. Se de alguma forma fui notado por ti nesse sentido, fico maravilhado, pois elogio maior não há ao artista do que ser sincero à própria arte. Buscarei me aperfeiçoar nesse sentido.

    Abraços,

    Dihelson Mendonça

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  5. Bela voz de poeta, afinada como seus teclados infinitos. E o melhor é sabermos que de onde saiu essa vem bem mais.

    abraços

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  6. Amigo Dihelson, tive a ousadia de colocar uns acordes naturais nessas mágicas palavras.
    Estou com um estudio pequeno em casa, vou fazer um arranjo do meu jeito e vou lhe enviar nesses dias.
    Se gostar e você quiser, pedirei permissão para ficar tocando para uns amigos. Caso contrário, respeitarei seu posicionamento.
    Abraços.

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  7. Amigo Marcos Leonel, a quem tanto admiro. O José do vale ( grande poeta ), me chama de "colecionador de adjetivos", mas quem não é ?

    Só que diante de um gigante das letras como você, eu sou uma gota no oceano. E se essa pequena gota lhe causou mesmo um mísero reflexo na alma, minha alegria não poderia ser maior. Pois coisa ruim é não possuir o senso de direção se os outros não nos apontam.

    Tudo que aprendi em música, devo a minha curiosidade e a observações como essas. Não fui à Berklee nem a Moscou estudar. Aprendi com a natureza. Acho isso importante, o autodidatismo, pelo fato de que quando comecei a caminhar procurando o sol nacente, caminhava na verdade para o oeste, totalmente contrário, e se não fôra pelos comentários de alguns, certamente que eu iria chegar ao sol nascente contornando a terra... rs rs

    De modo que eu fico mesmo muito feliz pelos que escrevem comentários, mesmo de poucas linhas, fazendo críticas, para que eu "cego que sou nestas áreas" , possa me desenvolver também. O objetivo não é me tornar nenhum Marcos Leonel, nem um Zé Flávio, ( até porque teria de nascer novamente ), mas extravasar aqueles sentimentos que são tão nossos, tolos às vezes, e ao mesmo tempo continuamente exercitar a linguagem.

    Obrigado mesmo, irmão!

    CALAZANS CALLOU,

    ( Mas falou alto... )

    Calazans, não sei se entendi direito, tu vais musicar esta "coisa" ?? rs rs rs
    Só pode ser por amizade mesmo, velho!

    Teu gesto é muito humano, ou nem é humano! É muita gentileza sua. E eu também fiquei curioso para ouvir. Sinta-se à vontade para desmanchar isso e construir algo de útil a alguém. É todo seu!

    Grandes Abraços,

    Dihelson Mendonça

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  8. É mais ou menos Dihelson, é como falei, é uma ousadia diante da sua musicalidade. Pois é, já coloquei uns acordes NATURAIS, porque os outros eu não sei tocar. Mas o que interessa é a sencibilidade. Deixa eu camuflar mais um pouquinho com uns samples, que te mando em breve.

    Agradeço a você.

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  9. Beleza, Calazans,

    Estou morrendo de curiosidade. De qualquer modo, tenho certeza que vai ficar muito bom. E é um belo de um presente, diga-se de passagem.

    Muito Obrigado, amigo!

    Dihelson Mendonça

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