Desde que me pus a escrever, aos 16 anos, encantada com a musicalidade e o ritmo do soneto, com a formalidade de seus versos de rimas rebuscadas, passei a preocupar-me com as palavras e comecei a sentir-lhes a força e, também, o fascínio que exerciam sobre mim. Lia simplesmente tudo o que me vinha às mãos e sob os olhos , esses já inquietos e ávidos.
Ainda sou capaz de reproduzir um pequeno trecho de um poema que fiz sob a influência desse aparatado estudo sobre a poesia... Fiz o primeiro, tentei um segundo ainda tateando a melhor maneira de aplicar a teoria que aprendera. O tema já demonstrava as inquietações de uma adolescente que se de defrontava com sentimentos platônicos e amores irrealizados. Creio que a solidão alegada e sentida por mim a essa época da vida, denotava essa incapacidade que o jovem tem muitas vezes de assimilar o mundo de modo diferente daquele idealizado.
Aventurei-me, então, a encaixar meus primeiros versos naquela forma rígida que um soneto impõe: dois quartetos, dois tercetos, rimas encadeadas ou nãoe a mesma quantidade de sílabas (métricas) ... tudo isso ou tudo aquilo. Na primeira tentativa quase tudo rimava com “ão”: coração, emoção etc. etc. Eu mesma me convenci que estava feio aquilo. Perecia um eco, um trem apitando na esquina da vida... E assim, fui burilando as idéias e as palavras, lapidando o pensamento. Claro, minha imaturidade poética ou mesmo emocional não permitiam ainda que eu tivesse a capacidade de criar algo (quase) perfeito no campo da idéias, mas eram apenas os meus primeiros passos.
Meu tema era “solidão” como disse anteriormente. Ouso aqui apresentar a cria tal qual foi concebida naquele tempo: “Solidão // É o que sinto no meu peito agora / É o que fala a alma de quem chora / É esperar sempre esperar alguém. “ Este era um dos tercetos e todo o resto do soneto sucedia-se com rimas –ora/ -ora / -em / -em, porém não me recordo como se processou o restante do poema, com versos decassilábicos.
Segui com afinco as orientações do professor de Português: o cuidado para que as palavras que compunham a rima não tivessem a mesma classe gramatical. “Agora” (advérbio de tempo) rimando com “chora” (verbo). Enfim, o cuidado e o esmero para que meu poema fosse funcional como soneto, foram o impulso primordial para que eu me iniciasse no caminho da escrita.O soneto perdeu-se por aí numa das mudanças que fiz. Restou-me a lembrança desse momento criativo e de como persegui o sonho de escrever.
Hoje deixei de lado a métrica de meus sonetos e consigo voar mais alto. Livre e sem rimas. Simples e sem rebuscamento exagerado. E se me ponho a amar em verso e prosa, posso dizer que nunca mais estarei sozinha a enfrentar a solidão.
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Texto de Claude Bloc
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Texto de Claude Bloc
Claude: o verso e a prosa, ritmo, rima, fonemas, são os recursos maravilhosos deste tecido musculoso com duas pregas apenas capazes de expressar o amor. O amor este cosmo sem limites que conquista o Deus Kronos. E claro como cosmo já é a prória pluralidade.
ResponderExcluirAcabei de postar um comentário sobre o texto no blogdocrato.
ResponderExcluirAgora fiz a ponte . Aqui e lá , Zé do Vale há !
E Claude , e tantos , e outros ...
Esse alimento que sai das tetas poéticas é meu verve !
rs.
Claude,
Não páro de pensar sobre a possibilidade de uma oficina de criação literária , na segunda quinzena de janeiro/09.
Você e Zé do Vale seriam as nossas estrelas guias...
Você ,eu sei que topa !
E o Zé ? Que podemos fazer pra ele deixar Rio, Asas de Brasília , e baixar na Serra Verde ?
Preciso somar forças ...
Barroso , Lupeu , Rafael , Wilson Bernardes,Salatiel , Carlos Esmeraldo e Magali , A,Morais , João Marni , Pachelly , Dihelson , Valdetário , Sávio , Armando , Amanda , Urca, Uva , Prefeitura, Edilma Saraiva , Zé Flávio , Zé Nilton , Leonel , etc, etc, etc.
Desse jeito a casa lota , e as estrelas caem , no terreiro do nosso querer.
Abraços apertados e suspiros dobrados.
Zé do Vale,
ResponderExcluirSempre bem postas suas palavras. Atrás delas, o rastro da filosofia e o alumbramento de sua sensibilidade. Agradeço, portanto.
Gostaria que você lesse o comentário de Socorro. Estamos tentando organizar uma Oficina da Escrita (no Crato) em janeiro com direito a Sarau no final, além de uma aula de campo na Serra Verde (literalmente aula de campo !) Gostaríamos de contar com sua presença ilustrando este "momento histórico"
Pense, imagine, escreva... e nos responda.
Abraço,
Claude
falar que voce escreve bem é chover no molhado. então que seja: você escreve bem demais da conta. como eu sei? pelo jeito que eu aprendi da rua: lendo.
ResponderExcluirum abraço.
Caras e caros amigos desta terra que não me aparto. No mês de janeiro estarei, até a primeira semana de fevereiro, em Paracuru. Por uma situação familiar com alguma dificuldade de ausentar-me da cidade. No entanto, se a roda girar e os dias forem poucos, estou pronto para algo fora do programado. Agora eu não sei como funciona uma oficina de criação literária. Me digam como será que tento me adaptar.
ResponderExcluirabraços
José do Vale
José do Vale,
ResponderExcluirGostaria de te explicar com mais detalhes minhas (e da Socorro) intenções de fazer promover uma semana de oficina da escrita em Crato na semana de 12 a 17 de janeiro. Veja se isto é viável para você. Para melhores e maiores detalhes,seria bom se houvesse um meio mais direto de nos comunicarmos seria ideal.
Abraço,
Claude