Qual o significado de um poste que dar choques? Choque elétrico. Ninguém em sã consciência tentaria uma resposta a isso. Menos ainda quem de repente começa uma leitura assim. Então mais um elemento: fica na praça, um poste que dar choque. Aí alguém dirá da segurança pública, do desleixo do governo, dos perigos da eletricidade. E se isso ocorreu num período em que a eletricidade ainda se universalizava e a maior parte das pessoas moravam em casas sem esta energia, mais perigos se via. Afinal esta coisa feroz que ainda hoje nos é desconhecida, mas fantasiosa era então: um servente do Colégio Diocesano, ainda jovem, morreu eletrocutado por uma simples enceradeira. Eletricidade é uma ameaça incontrolável de repente pode deixar alguém noutra dimensão.
Então na praça havia um poste que dava choque. Isso já sabemos, mas agora vou completar. Os rapazes na juntada das noites namoradeiras, enquanto as meninas volteavam a Siqueira Campos. Ficava em fila lateral de mãos dadas para, na hora que alguém passasse, o que ficasse mais próximo do poste pegasse no mesmo e assim a corrente de eletricidade circulasse até o último que recebia o raio do imprevisto. De vez em quando a deselegância atingia a orelha de alguma donzela no flutuar redondo da praça.
Agora cabe a pergunta inicial. Seria um senso coletivo de sado-masoquismo? É uma resposta bem óbvia, tipicamente teórica. Afinal o elemento surpresa era o fato central. Então seria apenas sádico. Menos ainda, pois o sadismo coletivo é coisa rara, quase simbólica. Então poderia ser uma mera brincadeira de jovens na falta maior do que fazer? Ai começamos a responder. Era uma brincadeira.
Mas uma brincadeira de sedução. De exibição diante das meninas. Como um rito guerreiro de nossa origem tribal. Parte da noite, por semanas sem cuidados da companhia elétrica e da prefeitura, parte dos jovens da cidade, ao redor do poste, no canto da praça que dava para a casa de Zé Alencar. Acho que a brincadeira perdeu o senso de surpresa e foi sendo esquecida antes até que um eletricista tornasse indene aquele poste.
Então na praça havia um poste que dava choque. Isso já sabemos, mas agora vou completar. Os rapazes na juntada das noites namoradeiras, enquanto as meninas volteavam a Siqueira Campos. Ficava em fila lateral de mãos dadas para, na hora que alguém passasse, o que ficasse mais próximo do poste pegasse no mesmo e assim a corrente de eletricidade circulasse até o último que recebia o raio do imprevisto. De vez em quando a deselegância atingia a orelha de alguma donzela no flutuar redondo da praça.
Agora cabe a pergunta inicial. Seria um senso coletivo de sado-masoquismo? É uma resposta bem óbvia, tipicamente teórica. Afinal o elemento surpresa era o fato central. Então seria apenas sádico. Menos ainda, pois o sadismo coletivo é coisa rara, quase simbólica. Então poderia ser uma mera brincadeira de jovens na falta maior do que fazer? Ai começamos a responder. Era uma brincadeira.
Mas uma brincadeira de sedução. De exibição diante das meninas. Como um rito guerreiro de nossa origem tribal. Parte da noite, por semanas sem cuidados da companhia elétrica e da prefeitura, parte dos jovens da cidade, ao redor do poste, no canto da praça que dava para a casa de Zé Alencar. Acho que a brincadeira perdeu o senso de surpresa e foi sendo esquecida antes até que um eletricista tornasse indene aquele poste.
Também tive o meu poste de dar choques. Na mesma praça Siqueira Campos. Diziam que matava soluços.
ResponderExcluirMas todos soluçando de medo davam-se as mãos e quem rompesse a corrente humana levava cascudos.
Um abraço, José.
O poste do choque é o olhar !
ResponderExcluirUma cruzada de luzes ...
E pronto !
Mas eram as meninas que se exibiam
Numa timidez vexatória
Mordiam os lábios, que tremiam.
Eu ficava de pernas bambas ...
Não pelo cansaço das voltas...
Mas pelo olhar trocado , escandaloso,
que fazia acender a lua , dentro do poste .
Massa, Socorro.
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