-- Estranha natureza morta !
Pensou de boca escancarada enquanto aguardava, sentado na cadeira de suplícios, o dentista que saíra da sala, por um momento. No balcão ao lado, em meio ao emaranhado de instrumentos medievais de tortura , fitou novamente aquela paisagem insólita. Uma bandeja cheiinha de dentaduras, aguardando , desesperançadamente, como crianças a espera de adoção, alguma boca caridosa que lhes desse guarida. A do topo, dupla, apresentava dentes reluzentes e gengivas róseas , com encaixe perfeito, os da frente algo protusos, igualzinho a um maxilar de bode, quando se tira o couro. Os dentes cerravam-se firmemente como se o longínquo dono se visse acometido de alguma dor igualmente distante e indefinida. Caída de um lado, a prótese de dois caninos procurando, desapontada, pelos irmãos de arcada, em meio à nívea e desconhecida paisagem. À frente, uma ponte buscava , algo desesperada, as margens de um rio imponderável, sem compreender bem como uniria o inexistente ao desconhecido. Alguns dentes isolados, em meio àquela floresta ebúrnea, pareciam borregos enjeitados berrando atrás da mãe.No meio da pilha, um inciso de ouro se sobressaía claramente, observando os outros com um ar distante e fidalgal. À esquerda, uma dentadura inferior , com gengivas arroxeadas: se tivesse a língua ao seu lado, gritaria pela alma gêmea , espremida entre as bochechas de algum energúmeno da cidade.
Em feitio de um arqueólogo que se põe diante de um dente de dinossauro e faz detalhadas observações sobre o tamanho e os hábitos do bicho, começou a imaginar a história dos donos daquelas dentaduras. A dupla do topo , pelo jeitão, deve pertencer a um velho lazarino, ranzinza e que gostava muito de chupar cana em tempos idos, terminando meio bicudo. Os dois caninos do canto, ao que parece pertenceria a um sujeito espoletado, metido a cavalo do cão e que teve seus dois centroavantes fraturados, numa porrada, em alguma briga de bar. A ponte, com certeza, pela delicadeza do marfim, uniria os dois molares de uma senhora elegante, delgada , de fala mansa e sussurrante. O dente de ouro incrustado no inciso deixava antever claramente sua origem : um vendedor de bilhete de loteria e que trazia nos lábios a reluzente promessa de riqueza fácil. Os dentes isolados , sem muita história, preencheriam, igualmente , bocas de homens comuns, destes que passam pela vida sem lhes deixar qualquer traço. Só a chapa inferior mostrava-se misteriosa, como se compusesse o aparelho vocal de alguma rezadeira, de algum pai–de-santo.
Suas atividades arqueológicas terminaram com a volta do dentista à sala. Lá estava ele , boca ainda aberta, babador ao pescoço, aguardando , pacientemente, o reinício da seção de suplícios. Suportou o tormento com impressionante abnegação, como se a bandeja à sua frente se fizesse de platéia.
Saiu ,depois , pensativo. Imaginando: Quantas palavras permaneciam silentes em meio àquela selva de gengivas? Quantos beijos se escondiam envergonhados por trás da nudez descarada daquelas arcadas ? Quantos sorrisos pendiam , imóveis, de permeio à brancura ofuscante daqueles dentes ? Havia uma intrigante antítese entre a promessa fulgurante e a realidade insulsa. Matutou com suas cáries, quantas e quantas vezes não ficara de boca aberta diante da vida palpitante, igualzinho como acabara de fazer na cadeira do odontólogo. Seus lábios carregavam consigo segredos igualmente indevassáveis: declarações de amor trituradas e truncadas antes de se pronunciar; gritos sufocados, enforcados no patíbulo dos molares antes de ecoarem no mundo; ósculos que se reprimiram , se esconderam temendo o sutil toque de outros lábios. Não fosse o temor dos pincéis e o esmaecido das tintas escolhidas, quem sabe a aquarela de sua vida teria sido uma acolhedora marina e não esta natureza morta, com a mesma cara da insólita bandeja exposta no consultório do dentista .
J. Flávio Vieira
Zé Flávio, que texto lindo, cara!
ResponderExcluirLi e reli e o sorriso não sai de minha face, mostrando as inúmeras facetas de sua linguagem. Volto a afirmar: a cultura passeando pelo blog, afinal esse é um blog de ARTE E CULTURA.
O que eu mais admiro em um autor é a sua consciência da linguagem, do conhecimento que ele tem das funcionalidades textuais, da opacidade da linguagem e dos infindáveis recursos da pós-modernidade, da fuga dos imediatismos pobres, do sentimentalismo barato, do confessionalismo afetado, da banalidade temática, dos arcaismos estéticos e do conteúdo raso.
O seu texto é escrita em alto grau de criatividade.
abraços
Grande Marcos,
ResponderExcluirFico feliz vc tenha gostado do texto, leitor exigente que sei que é. Encontrei-o aqui meio perdido entre tantos outros e resolvi publicá-lo no blog, creio que já tinha sido lido no Rádio mas creio que só na audição não tem o mesmo impacto. Um grande abraço e retornemos á vocação inerente deste blog, conforme vc tão bem lembrou.
José Flávio achei seu texto interessante e além do , como Marcos Vinícius falou,sentimentalismo barato e confessionalismo piegas tão comum em alguns textos publicados no blog.Ao contrário do que diz um dos cinco maiores pianistas do Brasil, na opinião dele é claro, eu escrevo também elogios. O que me cansa é a auto-indulgência dos grupinhos de amigos que se pavoneiam.
ResponderExcluirPerfeitamente compreendido, Maurício, sem sombra de dúvidas.
ResponderExcluirabraços
Grande Zé Flávio,
ResponderExcluirParabéns pelo texto, oh grande mago da descrição. Se há uma característica que se faz presente e na qual você é insuperável é no caráter descritivo da sua obra. Perfeição ? Aonde aprendeste a ser tão descritivo ?
Então elogio o seu trabalho.
Ao contrário do que diz o "Expert em tudo do Brasil e do CaririCult" ( na opinião dele mesmo ) quando diz que "O elogio quase sempre corrompe e não ajuda em nada (talvez inflar o ego)", eu digo que o elogio sim, é um grande fator de desenvolvimento da personalidade artística, pois é um feedback que os artistas recebem do público para medir a ressonância de seus trabalhos.
Parabéns por tão magnífico texto, talvez o mais descritivo seu que já li.
Abraços,
Bem-Vindo ao Crato.
Dihelson Mendonça
J. Flavio,
ResponderExcluirEu já havia comentado seu texto no outro Blog, mas sinto-me impelida a fazê-lo aqui pelo fato de apreciar tudo o que você escreve e pela clareza e originalidade de seu pensamento.
Sabe-se que a linguagem flui de formas diferentes pela alma de quem se arrisca a escrever, portanto, não é gentil da parte dos críticos literários que aqui se arvoram a comentar o que lêem, de taxar o resto dos escritos como se fosse um lixo literário pelo fato de expressarem as emoções de um momento vivido ou de um sentimento havido (sentimentos nunca são baratos, me desculpem)Confessar um sentimento é um ato corajoso sem impostações nem poses.
Não tenho presenciado por aqui também arcadismos (ou arcaísmos) estéticos e sim diferenciações no molde e no modo de se expressar que cada pessoa tem. Acho deselegante elogiar um autor em detrimento de outro. Creio que por aqui também não há grupelhos de moleques tecendo elogios imerecidos para com seus pares... I
A gratuidade dessa crítica cáustica não tem motivos plausíveis. Banal é essa discórdia, e raso o pensamento de quem não sabe entender o sentimento quando borbulha e não mais consegue ser contido.
Aplausos sim a você J. Flavio. Merecidos!
Para VOCÊ meu abraço
Claude
É Revoltante, Claude !
ResponderExcluirÉ um pouco revoltante para cada escritor ver seus escritos achincalhados por gente que se acha ( como sempre ) no posto de crítico supremo ( não só literário ) de todas as coisas, todos os assuntos que os outros produzem nestes Blogs.
Trabalhos que são construídos com muito esmêro e dedicação como são os trabalhos da arte da escrita serem afrontados dessa forma. Eu tenho enfrentado várias vezes esse tipo de problema no CaririCult, que por essas e outras, está perdendo o status de "Cult" e ficando apenas com o "Cariri".
Não é a primeira vez que tenho meus escritos menosprezados no CaririCult. Pior ainda, as afrontas nem são aos escritos, mas à minha pessoa. Já fui ameaçado aqui até de ver meus dedos decepados! Anteontem mesmo, fui ameaçado de processo judicial por outro anônimo!
O problema reside no fato de "algumas pessoas" não compreenderem o verdadeiro sentido da palavra fórum ou Blog. Em um fórum expõe-se idéias, que podem ou não serem debatidas, discutidas, confrontadas ou consubstanciadas. Isso se faz em todos os lugares com princípios de educação. Mesmo os elogios precisam passar por uma certa redação, quanto mais as críticas, pois quando o artigo se trata de um trabalho elaborado com dedicação pelo autor, deve-se ter todo um cuidado ao fazer as críticas.
Alguns entram apenas para criticar o autor, sem tocar no assunto em si. Por exemplo, postei artigo recente no CaririCult sobre o Funk de Rua, e tive como comentário de um dos participantes do Blog, não uma contestação construtiva à idéia do texto, mas um desdém à minha pessoa, ao que faço, ao que sou, quando o comentarista já em sua primeira "tirada" rudemente escreveu:
"Dihelson (é um nome grego?)
você continua incorrendo nos mesmos erros que atribui aos Filósofos da Batateira. Uma "visão provinciana, e rasa", imersa na velha lógica bipolar antagônica. Ninguém vai comparar os compositores do funk com os "clássicos" do séc. XX (seja lá o que isso signifique) como ninguém também vai comparar suas composições geniais com as dos músicos eruditos do séc. XIX."
Quer dizer, um ataque meramente PESSOAL e GRATÚITO com a simples finalidade de denegrir a minha pessoa, menosprezar o escritor para tentar diminuir a qualidade do escrito. O mesmo comentarista, aquele que escreveu deselegantemente contra ti e contra a Socorro Moreira. Deselegância é o que não lhe falta.
Então, como já expliquei até para a Socorro Moreira, que se mostrou também indignada pelo episódio recente, o que devemos fazer é ignorar esses comentários. Principalmente, porque eles não acrescentam NADA ao texto em si. No Blog do Crato esse tipo de comentarista seria sumariamente excluído, assim como todo o lixo, visto que está a perturbar o bem-estar de várias pessoas de bem que produzem formas artísticas, quando ela mesma, NADA produz.
Infelizmente, no CaririCult temos que conviver com essas larvas pusilânimes, que a gabar-se de um parco conhecimento em uma determinada área, acha-se capaz de julgar não o texto, mas as próprias pessoas em si, apenas tentando ridicularizar o trabalho realizado por outros muito mais afortunados em talento, criatividade, idéias e conhecimento.
Mas o que brilha com luz própria nada lhe pode apagar, e quem já recebeu críticas elogiosas dos grandes da sua área não vai se importunar muito com as picadas das muriçocas. Elas causam apenas um desconforto temporário de uma muriçoca, mas com o passar dos dias, aprendemos a relegar essas coisas à massa rude que sem nada produzir, ainda vivem a achincalhar o trabalho e aqueles que produzem.
Portanto, cabeça erguida e bola pra frente. Sou muito mais você!
Dihelson Mendonça
Claude Bloc,
ResponderExcluirlamento ter que utilizar o espaço destinado aos comentários da postagem de J. Flávio para responder às suas inferências sobre o meu comentário.
Creio que houve da sua parte uma precipitação interpretativa ao relacionar o que penso e defendo sobre estética literária aos escritos de outros autores postados aqui no blog. Em meu comentário eu me referi ao ato criativo em si, não citei nomes e nem textos. Sobre o lixo literário, as palavras são suas e não minhas.
Em meus posicionamentos aqui no blog eu não lanço mão de subterfúgios, de linguagem velada e nem tão pouco de codinomes. Quando eu quero expressar a minha opinião eu faço de forma direta. Desde que eu tenha à minha disposição a ferramenta do comentário permitida pelo mediador do blog,eu não preciso pedir licença a ninguém para expressar a minha opinião, muito menos ficar constrangido por achar que vou magoar alguém com aquilo que, segundo você, eu tenha me "arvorado" a "criticar".
Ainda assim, Claude Bloc, os seus referenciais literários são seus, se eu tiver que compartilhá-los será apenas naquilo que me interessa, pois da mesma forma que você tem a sua formação eu tenho a minha e não preciso, portanto, de nenhuma espécie de suporte teórico seu e nem da sua condecendência de "autoridade" docente para ter a minha opinião formada.
Essa postura infantil de construir uma redoma inconsútil às críticas, fundamentado no zêlo, no carinho e no tempo despendido para criar a sua obra de arte, a partir de uma coragem de expôr verdadeiramente seus sentimentos, desde que se publique, eu simplesmente desconheço.
Digo: "Condescendência"
ResponderExcluirClaude Bloc,
ResponderExcluirlamento ter que utilizar o espaço destinado aos comentários da postagem de J. Flávio para responder às suas inferências sobre o meu comentário.
Creio que houve da sua parte uma precipitação interpretativa ao relacionar o que penso e defendo sobre estética literária aos escritos de outros autores postados aqui no blog. Em meu comentário eu me referi ao ato criativo em si, não citei nomes e nem textos. Sobre o lixo literário, as palavras são suas e não minhas.
Em meus posicionamentos aqui no blog eu não lanço mão de subterfúgios, de linguagem velada e nem tão pouco de codinomes. Quando eu quero expressar a minha opinião eu faço de forma direta. Desde que eu tenha à minha disposição a ferramenta do comentário permitida pelo mediador do blog,eu não preciso pedir licença a ninguém para expressar a minha opinião, muito menos ficar constrangido por achar que vou magoar alguém com aquilo que, segundo você, eu tenha me "arvorado" a "criticar".
Ainda assim, Claude Bloc, os seus referenciais literários são seus, se eu tiver que compartilhá-los será apenas naquilo que me interessa, pois da mesma forma que você tem a sua formação eu tenho a minha e não preciso, portanto, de nenhuma espécie de suporte teórico seu e nem da sua condecendência de "autoridade" docente para ter a minha opinião formada.
Essa postura infantil de construir uma redoma inconsútil às críticas, fundamentado no zêlo, no carinho e no tempo despendido para criar a sua obra de arte, a partir de uma coragem de expôr verdadeiramente seus sentimentos, desde que se publique, eu simplesmente desconheço.
Querido pianista
ResponderExcluirSeu comentário é muito divertido. "Larvas pusilânimes" é o que há de mais kitsch no seu exercício de estilo. Uma coisa meio Liberace.Ainda bem que o blog Cariricult é coletivo e aberto à polêmicas que não cabem no Monoblog do Crato de sua propriedade. Quanto a não fazer nada é um pouco de exagero da sua parte (embora Titia Rita tenha dito que nada melhor do que não fazer nada). Acabei de dar uma oficina sobre texto jornalístico na Bienal da UNE aqui na província onde moro. Inclusive recomendei aos alunos a leitura de "Seis propostas para o novo milênio" de Ìtalo Calvino. Ia fazer muito bem a você. Lá ele aponta as qualidades da escrita do novo milênio: clareza, exatidão, multiplicidade etc. Espero que algum dia você ainda me agradeça por esse conselho. E Pelé disse Love, love , love.
TOLERÂNCIA À DIVERSIDADE DE ESTILOS
ResponderExcluirÉ perfeitamente possível a convivência de estilos diferentes, Romantismo, Realismo, Parnasianismo, Pós-Modernismo dentro de um Blog que se proponha a ser multicultural, para isso ele foi feito, desde que os membros possuam o mais básico do ser humano: A EDUCAÇÃO, e não promovam a ridicularização dos outros textos e autores que pertençam a outro estilo literário, caracterizando-os de "piegas", "baratos", "rasos", "banais", "pobres"... em favor de outro estilo. Isso é questão básica de convivência e respeito em grupo.
Se já não há essa tolerância, esse respeito, e sim uma pública manifestação de agressividade, hostilidade aos escritos de outros colegas que pertencem a outras correntes literárias, a exemplo de todos os grandes sites literários como o "Recanto das Letras", "Jornal da Poesia", onde o respeito ao ser humano vem antes das questões da escrita, creio que já não vale a pena escrever aqui no CaririCult, pois ninguém gosta de ver seus textos achincalhados. Quando muito, apenas sem os comentários maldosos.
Já disse antes, várias vezes: Deixem as pessoas escreverem! E cada leitor escolhe a corrente de pensamento que mais lhe convier. Dêm-lhes chances de expor o pensamento, os trabalhos artísticos. O CaririCult deveria ser de todos! Mas não. Alguns que estão começando, se sentem até intimidados em escrever, pois a impressão que se têm é de que só podem escrever aqui, se for GÊNIO. Abaixo disso, o caboclo corre o risco de ser ridicularizado. Que é isso, meus amigos ? Olha, Até Bilac já foi ridicularizado aqui...
Chega de intolerância ao Romantismo, Arcadismo, e Parnasianismo!
Escrevam seus textos. Não precisa tentar derrubar o trabalho dos outros para poder aparecer não...quem tem talento vai brilhar em meio a romantismo, parnasianismo...qualquer coisa!
Chega de intolerância!
Viva a multiplicidade de Estilos!
Dihelson Mendonça
Eita, menino, os ânimos estão exaltados ! Andamos muito armados, embora com tantas rezas e santos no Cariricult ! Sinceramente não vi no texto de Marcos uma crítica dirigida a escritores do blog. Creio que simplesmente ele especificou as qualidades que ele valoriza nos textos que lê ( e cada um tem a sua lista). Não entendo também que tenha de alguma maneira desvalorizado a literatura dos outros. Claro que ele pode não gostar de um ou outro estilo do mesmo jeitinho que todos nós gostamos ou não. Admiro , por exemplo Drummond, é possível que tenha sido um dos maiores poetas brasileiros, se não o maior, mas ele não fala minha linguagem poética, não bate no meu coração, como Quintana e Bandeira, Manoel de Barros por exemplo o fazem. Pessoalmente gosto da Claude e da Socorro, da Amanda ( para falar só nelas) principalmente porque me mostram um lado feminino da sensibilidade que me é muito caro e que percebo, por exemplo, em Florbela e em Clarice Lispector, em Cecília Meirelles.Isto em absoluto fala, a meu ver, contra qualquer escritor do blog, apenas atingimos sensibilidades diferentes. Agripino Griecco por exemplo era um crítico ferrenho de Machado de Assis a quem considerava um escritor menor( a média no entanto é profundamente favorável ao velho bruxo). O Maurício e o Dihelson têm concepções díspares de Cultura e isso é ótimo, é só a gente baixar um pouco as armas e apontar para o alvo certo sem maniqueismos e buscando a impessoalidade. Creio que o básico que o Maurício e o Marcos colocaram é que precisamos dirigir mais o Cariricult para sua finalidade básica ( e aí acredito estamos todos de acordo) Cultura & Arte . Acredito que o blog do Crato tem um caráter mais jornalístico e isto é muito bom, traz informações importantes, condensa notícias, reúne uma porção importante dos nossos memorialistas ( estilo talvez mais cortejado pelo grosso dos escritores cratenses) e é queridíssimo por toda a galera que reside em outros rincões do país. O Caricult sempre se voltou mais para a literatura propriamente dita e, aí, o mais importante é abrirmos o leque para todas as tendências possíveis e imaginárias, essa pluralidade acredito que é fundamental. Agora gostar ou não gostar, apreciar ou não apreciar, acreditar genial ou banal, será sempre um direito do leitor, diante das suas preferências íntimas e das suas escolhas literárias. Oscar Wilde dizia que toda arte no final é perfeitamente inútil. Sou mais otimista e menos utilitarista.
ResponderExcluirCreio o Zé Flávio não leu esse trecho clássico:
ResponderExcluir"sentimentalismo barato e confessionalismo piegas tão comum em alguns textos publicados no blog"
Caracteriza claramente a intolerância à diversidade cultural, já iniciada implicitamente desde o primeiro comentário neste tópico, provindo de uma política sistemática de postagens de críticas semelhantes que vem sendo feitas aqui neste Blog de vez em quando, que quase passam despercebidas aos desatentos, quando até os grandes mestres da poesia como Olavo Bilac já foram ridicularizados.
Gosto pessoal não se discute. Pode-se dizer que não se gosta claramente deste ou daquele autor, dentro dos moldes da Educação.
O que não pode haver é o patrulhamento de idéias, a tentativa de ridicularizar as pessoas e o trabalho delas, querendo se colocar no papel de juiz, de dono da verdade, como anluns tentam fazer. Isso desce o nível do cariricult a cada dia que passa, e desestimula qualquer produção literária por parte das outras correntes de pensamento. ISSO É UM ABSURDO para um local plural!
Não deve haver num espaço que se diz democrático qualquer hostilidade em relação a certos estilos literários. Tudo é permitido! Tudo MESMO! sem precisar ser criticado por isso, por pertencer a escola A ou B. Esses episódios afastam a cada dia novos e tímidos escritores, por verem que aqui só os "GÊNIOS" se acham no direito de postar sem levar bala...
Alguns querem que o cariricult seja uma espécie de Olimpo, onde os colossos ( ou eu diria os egos colossais ) é que têm espaço ao sol.
Isso desestimula, não constrói, e é repugnante a qualquer pessoa que odeia a intolerância.
Tudo é possível quando existe o respeito ao ser humano, ainda que exista um conflito de idéias.
Mas o que vi poucas linhas acima, horrorizado, foi um TRATOR esmagando uma FLOR.
Dihelson Mendonça
Nossa, Dihelson, que melodrama!
ResponderExcluirAté parece capítulo de novela do SBT.
Mas,já que você me atribuiu o papel de supremo vilão, eu tenho que encerrar o nosso(?)complicadíssimo diálogo com uma autêntica chave de ouro:
Cara, Olavo Bilac pode ser grande
para você e Zé de Zumba,para mim ele não passa de uma broa de bodega
da antiga rua da Saudade, empazina na primeira mordida.
Tô na área e vou continuar nela,
flw
Zé Flávio,
ResponderExcluirfico grato pela sua intervenção sensata.O que importa é que você entendeu o que eu comentei.
Cara, se eu pelo menos desconfiasse da existência dessa trincheira eu teria feito o comentário por e-mail, mas aí já seria esquizofrenia.
abraços
Quem sabe eu tenha me precipitado, quem sabe eu tenha me apressado, mas as palavras soltas aqui pareciam ter endereço certo:"da fuga dos imediatismos pobres, do sentimentalismo barato, do confessionalismo afetado, da banalidade temática, dos arcaismos estéticos e do conteúdo raso"
ResponderExcluir... e depois: "O que me cansa é a auto-indulgência dos grupinhos de amigos que se pavoneiam".
Por essa razão me manifestei.
De qualquer forma não esbravejei ofensas pessoais, apenas utilizei as próprias palavras usadas aqui para expor as coisas da forma que senti. Creio que mesmo um crítico ferrenho na imprensa maior não usaria tanta contundência em suas palavras: "eu não preciso pedir licença a ninguém para expressar a minha opinião, muito menos ficar constrangido por achar que vou magoar alguém com aquilo que, segundo você, eu tenha me "arvorado" a "criticar"... ou ainda: "não preciso, portanto, de nenhuma espécie de suporte teórico seu e nem da sua condecendência de "autoridade" docente para ter a minha opinião formada".
Critica-se o texto, não se agride a pessoa! Veja ainda:
"Essa postura infantil de construir uma redoma inconsútil às críticas, fundamentado no zêlo, no carinho e no tempo despendido para criar a sua obra de arte, a partir de uma coragem de expôr verdadeiramente seus sentimentos, desde que se publique, eu simplesmente desconheço".
Bom, de qualquer forma agradeço pela lição que aprendi.
Pra finalizar: meu nome é mesmo Claude Bloc, não é um codinome. (Em meus posicionamentos aqui no blog eu não lanço mão de subterfúgios, de linguagem velada e nem tão pouco de codinomes).
Sinto muito !!
Grande Marcos,
ResponderExcluirAhahahahah,
Então...Viva Zé de Zumba!
( E Marcos Damasceno )
E assim encerramos nossa discussão sobre ( tão frutífero ) tema, rs rs. Mas não há trincheiras. Tudo entre amigos. Que venha o próximo assunto. Desse aqui, já me cansei também. Fui...
Um abraço a todos,
Dihelson Mendonça
Bem amigos,
ResponderExcluirEntre mortos e feridos creio que escaparam todos.Algumas farpas, algum disse-que-disse, algumas sensibilidades feridas mas acredito que tudo funcionou como uma freiada brusca para arrumação de toda a galera que se espreme no blog. O carro não capotou, nem houve batida. Estamos todos no mesmo veículo, cada um pretende seguir uma estrada diferente mas o destino final é comum a todos.Precisamos entender que somos todos amigos fraternos e que o inimigo está do outro lado, assistindo ao conflito, comendo caviar e palitando o dente. Há tempos não assistia a um embate mais franco de idéias e conceitos aqui no blog e acredito que isto oxigena um pouco o ambiente embora, a princípio, o cheiro que rescende seja de enxofre.Voltemos à vocação natural do blog, cada um a seu modo, produzindo a sua maneira para o gáudio ou o dissabor dos outros.
Abraços a todos !
Zé Flávio vai ser canonizado!
ResponderExcluirKKKK, foi boa Salatiel, só você mesmo para passar a régua nesse discurso bairista. E não me venham com críticas, pois "não sei de nada, não digo nada, nem nadar eu sei". Geraldo Urano.
ResponderExcluir