segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O CAMINHO DAS INDIAS E O CAMINHO DA TV GLOBO

A índia sempre me fascinou por sua história, tradição, cultura, espiritualidade e povo. Tive uma boa impressão do primeiro capítulo da novela da TV Globo. Torço para que a Glória Peres mantenha essa linha de fazer esse contraponto entre a cultura oriental e a cultura ocidental. As primeiras cenas foram lindíssimas onde pudemos sentir a diversidade cultural, os costumes e tradições espirituais indianos. Espero que a autora nos dê a chance de conhecer por dentro essa cultura milenar fantástica. Confesso que fiquei encantado com a riqueza de cores e movimentos sensuais das dançarinas. O que mais me interessa nessa novela é conhecer mais o oriente e saber mais sobre as diferenças e os pontos comuns entre uma cultura e outra (oriental indiana e ocidental brasileira). Assisti o primeiro capítulo da novela prestando atenção nessas interfaces e lugares comuns da vida social de ambas as culturas. E um ponto em comum que me chamou atenção foi a questão do poder de influência na escolha dos caminhos: (p. ex.:) no oriente o casamento, no ocidente (classe média-alta) o trabalho. Enquanto no Oriente (Índia) os pais tem poder na escolha dos parceiros e parceiras no casamento, no Ocidente as famílias preparam e de certa forma escolhem os caminhos profissionais dos filhos. Nesse sentido, se a autora for nesse caminho terá que mostrar a diversidade religiosa e espiritual dos brasileiros em contraponto a imensa diversidade espiritual indiana. Enquanto na India temos as castas (tradição espiritual) e no Brasil temos as classes sociais (tradição econômica). A questão é saber o que é mais danoso: as castas indianas ou as classes sociais brasileiras? Outro aspecto que me chamou atenção na cultura oriental indiana foi a mistura do tradicional com o moderno: os rituais espirituais milenares e a cultura da informática (e da ciência). Na índia o sagrado é projetado nas relações de respeito e adoração do homem com a natureza: a vaca, o elefante, o macaco etc.
Acredito que a tendência da novela é sair dessa perspectiva pedagógica, histórica, espiritual e cultural. E assim entrar no que é comercial e que rende ou aumenta a assistência (IBOPE): conflito entre pobres e ricos; o homem generoso em crise com o homem cruel; a paixão da menina bonitinha com o galã; uma família contra outra; crimes e traições; amores não correspondidos; questões psicológicas do passado influenciando o presente e o futuro etc.
Será que a TV Globo vai nos brindar com uma novela mais humana e espiritual ou vai continuar na idéia de que time que vence não se mexe? Se for continuar com o velho e badalado modelo que tornou-a primeira em novela no Brasil e também no mundo, eu vou desligar o volume da minha TV (como fiz na FAVORITA ou “raivorita”). Vamos aguardar os próximos capítulos.
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – bernardomelgaco@hotmail.com

Um comentário:

  1. Assistimos !
    -Incenso de almíscar para atrair o amor...
    -Cuidar da pele , se enfeitar , e deixar aflorar a deusa que existe dentro de nós.
    -A maquiagem... realce do olhar.
    Agora lembrei o olhar de ressaca e obliquo da Capitu , em contrapartida com o olhar das mulheres indianas...Existe qualquer coisa de semelhante.
    Quem pode com o olhar?
    Quem deixa cruzá-lo, sabe !

    Espero que o caminho das Índias não seja desviado.
    "O nosso corpo é como uma roupa que usamos até gastá-la...Precisa ser renovado. O espírito é eterno!"
    Essa frase que escutei no primeiro capítulo , nos ajuda a não temer a "morte". Também não precisamos antecipá-la , nos destruindo.

    Tudo bem, meu amigo ?


    Saudades !

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