Prá frente é que as malas batem - por A. Morais

Alardeiam pelos quatro cantos que o Lula conseguiu uma popularidade de 90%. Para refletir: na década de 70, uma liderança de Juazeiro do Norte transferiu para o seu candidato a prefeito, Dr. Ailton Gomes, 93% dos votos validos da Terra do Padre Cícero. .
Transferir é bem diferente de ter popularidade. O Lula tem popularidade. Mas não conseguiu transferir votos, nas recentes eleições municipais, em São Paulo, Natal, Salvador e outras grandes cidades. Muitos o elogiam pelo fato do presidente não ter curso superior. Os acertos ou erros de um governo não decorrem de supostas virtudes ou carências de instrução formal. Não se precisa de universidade para preencher a diretoria do Banco Central (BC) que é quem tem todo mérito pelo êxito da atual política econômica. É ao Banco Central que se deve a boa performance econômica atual. Por sinal, o BC é o único órgão setor publico que não foi alvo de denúncias. Poucos atentam para o fato de o presidente ter nomeado um deputado federal do PSDB, Henrique Meirelles, para a presidência do Banco Central.
O “salvacionismo” abomina a historia, julgando-se o inicio de tudo. De dia, denuncia a elite que nos governa há 500 anos, de noite cerca-se de grande empresários, a quem atende e de quem espera retribuição. De uma vez só foram cinco “Bi” para o Banco Votorantin dos Ermirios de Morais. Com a expansão da Bolsa Família reencontrou uma formula de modernização do assistencialismo tradicional. A distribuição direta de dinheiro, em lugar das proverbiais dentaduras. Respeito não exige de ninguém. O deputado Eduardo Paz , do PSDB do Rio, comentando sobre a compra de uma jóia pela Lurian – filha do presidente – paga com o Cartão Corporativo, não mediu palavras: O governo é uma quadrilha chefiada por Lula. Menos de um ano depois o mesmo Eduardo Paz, já no PMDB, e candidato a prefeito do Rio de Janeiro recebeu apoio do Lula em palanque publico. Para os mais ufanistas não haverá crise porque em 2009 teremos um negro governando os Estados Unidos, um índio governando a Bolívia e um metalúrgico na presidência do Brasil... O que tem em comum governar um país com tanta complexidade e pertencer a determinada etnia, ou, ter tido uma profissão humilde? E se a crise se aprofundar?
Nos últimos seis anos, nenhuma autoridade alvo de ação penal no STF foi condenada. Deram entrada 172 inquéritos contra autoridades, 46 foram rejeitados, 09 consideradas improcedentes. Existem ações pendentes contra 84 deputados e senadores.
O Congresso se anula politicamente enquanto os congressistas da base chantageam o presidente para conseguir cargos e favores. A troca descamba sem dificuldade para a corrupção. Não se tem idéia como será visto – daqui a alguns anos - o afastamento do delegado Protógenes e da diretoria da ABIN, nem o destino que terão os 40 “mensaleiros” cujos processos estão no Supremo Tribunal Federal. O exílio do Paulo Lacerda, em Portugal, enterra a caixa preta dos escândalos do primeiro mandato, mas deixa o Lula devendo explicações.
Estas são algumas heranças deixadas pela atual administração. Elas são como uma bomba de efeito retardado cujos efeitos serão sentidos pelos filhos e netos da atual geração. Popularidade sem caneta e diário oficial às vezes inexiste. Haverá tempo que os grotões irão reagir: não precisamos de esmolas, precisamos de empregos. Fomos enganados. Como dizia o meu velho e querido pai: “pra frente é que as malas batem”.