segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A Bicicleta Mágica

De manhãzinha
debaixo de chuva
andava de bicicleta
louco e feliz.

De noite
com o céu escuro
a sombra do guidom
dois chifres
e o cheiro dos pneus
puro enxofre.

Servia eu a dois senhores -
ludibriando um
e enaltecendo o outro,
conforme o arrebatamento
e os pesares.

Foi preciso
em dia de trovoada
que a poça de lama sutilmente
um tenebroso abismo -

O guidom partiu-se ao meio,
dos pneus rasgou-se o ventre.

Tombo fabuloso,
hematomas inebriantes.

Logo saquei que toda máscara
adormece sob a iminência do mofo.

2 comentários:

  1. E eis que uma singela bicicleta prenuncia o armagedon individual e instranferível. Bendito seja o tombo que liberta, mesmo a custa de vísceras expostas e joelhos em carne viva.

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  2. Às vezes a gente lê um poema e pensa: mermão, esse poeta deve ter fumado demais. Será que tava andando de bicicleta de máscara? será por que é carnaval? E o mofo dela não pode vir da chuva, mas de ser guardada molhada por uns dias. E o cara descobriu já na lama da chuva a mofação futura.
    Pense numa pedalada inspirada,uma poesia-viagem,fui na garupa viajar também.

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