Para "Economist", eleição de Sarney no Senado é vitória de semifeudalismo
da BBC Brasil
A eleição de José Sarney para a presidência do Senado, nesta semana, representa "uma vitória para o semifeudalismo", segundo uma reportagem da revista britânica "Economist" que chegou às bancas nesta sexta-feira. A reportagem, intitulada "Onde dinossauros ainda vagam", comenta o passado político de Sarney e o número de vezes em que foi eleito para cargos públicos, afirmando que talvez fosse "hora de (Sarney) se aposentar".
"Sarney pode parecer um regresso a uma era de políticas semifeudais que ainda prevalecem em alguns cantos do Brasil e puxam o resto dele para trás. Mas, com o apoio tácito de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente de centro-esquerda do país, ele foi escolhido esta semana para presidir o Senado", diz a revista. "Esta é a terceira vez em sua carreira que ele ocupa esse cargo poderoso, que dá a ele um grau de controle sobre a agenda do governo e oportunidades para nomear funcionários públicos."
De acordo com a revista, a escolha de Sarney vai fortalecer seu poder no Maranhão, "onde alguns moradores mantinham esperanças de que sua influência estivesse começando a ruir". "O centro de São Luís está decrépito", diz a Economist. "As ruas estão cheias de buracos e a cidade conta com um número extraordinário de flanelinhas. Só no mês passado, houve 38 assassinatos na cidade de 1 milhão de habitantes".
A reportagem afirma que no interior do estado o atraso é "mais evidente", e cita o exemplo da cidade de Sangue, onde "muitas pessoas vivem em casas de um só cômodo, cujo telhado é feito de folhas de palmeiras, e que não têm nem água nem eletricidade". "Os avanços educacionais no Estado são ruins. Sua taxa de mortalidade infantil, de 39 por mil nascidos vivos é 60% mais alta do que a média brasileira", cita a revista. A Economist diz que não é incomum que apenas um homem ou uma família domine Estados no nordeste, mas que isso estaria mudando.
Mas o controle da família Sarney no Maranhão é reforçado pelo fato de ela ser proprietária de uma estação de TV que passa programas da Rede Globo e que, no meio das novelas, "costuma exibir reportagens favoráveis ao clã", diz a revista. "O controle das estações de televisão e rádio é particularmente útil no interior do Maranhão, onde a maioria do eleitorado é analfabeto, e onde Sarney encontra a maior parte de seu apoio", diz a "Economist".
Ainda assim, o poder da família poderia estar diminuindo, afirma a revista, comentando a derrota de Roseana Sarney nas últimas eleições para governador, e as derrotas de alguns candidatos de Sarney nas eleições municipais do ano passado. "Sarney sempre diz que o Maranhão precisa votar nele para que ele traga dinheiro de Brasília", diz à revista Arleth Santos Borges, da Universidade Federal do Maranhão.
"Na verdade, ele precisa do poder em Brasília para aumentar seu poder aqui", diz a especialista.
da BBC Brasil
A eleição de José Sarney para a presidência do Senado, nesta semana, representa "uma vitória para o semifeudalismo", segundo uma reportagem da revista britânica "Economist" que chegou às bancas nesta sexta-feira. A reportagem, intitulada "Onde dinossauros ainda vagam", comenta o passado político de Sarney e o número de vezes em que foi eleito para cargos públicos, afirmando que talvez fosse "hora de (Sarney) se aposentar".
"Sarney pode parecer um regresso a uma era de políticas semifeudais que ainda prevalecem em alguns cantos do Brasil e puxam o resto dele para trás. Mas, com o apoio tácito de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente de centro-esquerda do país, ele foi escolhido esta semana para presidir o Senado", diz a revista. "Esta é a terceira vez em sua carreira que ele ocupa esse cargo poderoso, que dá a ele um grau de controle sobre a agenda do governo e oportunidades para nomear funcionários públicos."
De acordo com a revista, a escolha de Sarney vai fortalecer seu poder no Maranhão, "onde alguns moradores mantinham esperanças de que sua influência estivesse começando a ruir". "O centro de São Luís está decrépito", diz a Economist. "As ruas estão cheias de buracos e a cidade conta com um número extraordinário de flanelinhas. Só no mês passado, houve 38 assassinatos na cidade de 1 milhão de habitantes".
A reportagem afirma que no interior do estado o atraso é "mais evidente", e cita o exemplo da cidade de Sangue, onde "muitas pessoas vivem em casas de um só cômodo, cujo telhado é feito de folhas de palmeiras, e que não têm nem água nem eletricidade". "Os avanços educacionais no Estado são ruins. Sua taxa de mortalidade infantil, de 39 por mil nascidos vivos é 60% mais alta do que a média brasileira", cita a revista. A Economist diz que não é incomum que apenas um homem ou uma família domine Estados no nordeste, mas que isso estaria mudando.
Mas o controle da família Sarney no Maranhão é reforçado pelo fato de ela ser proprietária de uma estação de TV que passa programas da Rede Globo e que, no meio das novelas, "costuma exibir reportagens favoráveis ao clã", diz a revista. "O controle das estações de televisão e rádio é particularmente útil no interior do Maranhão, onde a maioria do eleitorado é analfabeto, e onde Sarney encontra a maior parte de seu apoio", diz a "Economist".
Ainda assim, o poder da família poderia estar diminuindo, afirma a revista, comentando a derrota de Roseana Sarney nas últimas eleições para governador, e as derrotas de alguns candidatos de Sarney nas eleições municipais do ano passado. "Sarney sempre diz que o Maranhão precisa votar nele para que ele traga dinheiro de Brasília", diz à revista Arleth Santos Borges, da Universidade Federal do Maranhão.
"Na verdade, ele precisa do poder em Brasília para aumentar seu poder aqui", diz a especialista.
(Fonte:"Folha de S.Paulo",06-fev-2009)
Apenas num ponto discordo da matéria do “Economist”: o interior do Maranhão começa – "lenta e gradualmente" – a mudar.
ResponderExcluirNo fim do ano passado estive no Sul daquele estado. Numa das cidades visitadas – Porto Franco – na eleição municipal de 2008, o atual e jovem prefeito, Deoclides Macedo, foi reeleito com o maior percentual do Brasil: 90,50% dos votos válidos.
Este fato foi destaque na mídia brasileira. Deoclides é do PDT e o vice, Aderson Motta Marinho, é do PSDB. A dupla elegeu toda a bancada de vereadores. A outra candidata – Gilca – da “Base do Governo”, claro – apoiada pela família Sarney – teve míseros 747 votos...
O preocupante, no entanto, é que o clã Sarney - agora fortificado com a eleição do Chefe para a presidência do Senado - vai dar prosseguimento a luta - que já vem empreendendo - para "cassar" o atual Governador do Maranhão, Jackson Lago, por "Abuso do poder econômico".
Quem coordena a derrubada do governador é a Senadora Roseana Sarrney (líder de Lula no Senado) a mesma que guardava milhares de Reais, encontrados pela Polícia Federal em São Luís (MA) como foi amplamente divulgado pela mídia numa das pré-campanhas presidenciais...
O clã Sarney fez do fisiologismo uma arte e um meio de sobrevivência. Representam o que há de pior no Nordeste, são os arautos do atraso, lembram as trevas do regime militar, o voto de cabresto e a política do 'é dando que se recebe' - a fase embrionária do 'mensalão'. É lamentável que, em nome da governabilidade, Lula tenha de manchar sua biografia com mais esta nódoa. O jornal britânico foi impecável em sua análise, mas no Brasil falar a verdade incomoda.
ResponderExcluirPEDRO TÁCITO DE OLIVEIRA
Está na revista VEJA que circula neste fim de semana:
ResponderExcluirPMDB: Mais forte ainda
O PMDB está forte. Todo mundo se cansou de ouvir essa assertiva nos últimos dias. Só que o partido pode ficar mais poderoso ainda: se, nos próximos dias, o TSE confirmar a cassação de Cássio Cunha Lima e cassar Jackson Lago, o partido ganhará mais dois governadores – José Maranhão (Paraíba) e Roseana Sarney (Maranhão).