terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Estrelas... Por: Claude Bloc


Lembro-me.
Era repetido o prazer de encontrar, em janeiro, aquele céu noturno, imenso, brilhante, de estrelas. A quietude do tempo sempre me apascenta quando lembro. Acalma-se o ímpeto incitante das ansiosas tardes domingueiras e o clamor dos desejos que sangram em torvelinho.
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À noite olho para o céu. Sinto que lá longe, existem vidas recriadas por todas aquelas luzes que me encontram agora abstraída e inane.
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Os astros conhecem essas conversas minhas e nas réstias do espaço pousa a cor e a sinfonia do meu silêncio... Move-se, num átimo, a memória viva do meu tempo.
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É como se desta janela, de curta vista, voassem-me alguns sonhos e desejos sem retorno… Como se por palavras breves, eu os devolvesse intactos. Como se as estrelas viessem ao meu encontro num olhar celeste, pousando em mim pela breve janela: estrela nova e palpitante.

A lua espia-me. Tácita. Silenciosa espreita as múltiplas veredas dessa noite. Eu absorvo a palavra e esses silêncios assimétricos. A luz difusa se achega à incorpórea paisagem e eu apenas almejo a serena aprendizagem dessas pinceladas em tons suaves e quentes. Já tentei esculpir o passado no solar da minha vida. Fiz aquarelas. Fechei portas, feri sentimentos, destruí alguns outros.... Curioso, este constatar que sempre tive e penso que todos temos, de que a felicidade, também, colateralmente, gera infelicidade. Mas isso é só sintoma. Não vinga. Passa e se renova sempre.

Horas altas, a noite prossegue em mim. Fatias de tempo alimentam-me as lembranças. Olho à minha frente: estrelas! Sinto-me presa de repente ao par de olhos que me observavam. Debruço-me sobre essas sombras opacas de uma madrugada quente. Encontro-me na continuidade da estação chuvosa, na sua forma corpórea, no sorriso que já tinha sido meu.

Olho-te na noite que reflui. Sinto saudade. Uma saudade que não mora longe, que habita em mim, sem remédio. Em pinceladas, tento domar o sonho que nasce....

Estrelas... Procuro-as pela noite. Conversam comigo!
Encontro-as no silêncio. Encontro-as em meus/teus passos. Em teu abraço explícito. Em teus olhos...
Texto por Claude Bloc

2 comentários:

  1. Cecília, teu nome é Claude ?
    A felicidade gera oásis , que se fixa , no imenso deserto que é a vida.
    A próxima alegria , já se antecipou... Virá enrolada de uma estrela nova , que terás o encanto de rasgar papel e fita...Viva !



    Beijo , minha amiga estelar !

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  2. Socorro,
    Socorro,

    Você pegou direitinho o fio...
    E me devolveu a meada...

    Você sim, tem estrelas...

    Abraço,

    Claude

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