sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ovelha negra

PR gosta de sombra e água fresca. Também, adora brincar no quintal, por debaixo das mangueiras, cajueiros et alii.

Só que, ultimamente, têm cessado seus pedidos insistentes para satisfazer esse desejo que parecia irrefreável. O motivo é que há um novo morador na área: uma ovelhinha negra, que ele recebeu de presente de Dona Lúcia.

Sábado de carnaval, pela manhã, fomos buscar a ovelhinha e PR foi junto. Era todo alegria com a inusitada dádiva. A priori, até brincou um pouco com o novo “brinquedo”, conduzindo-o por uma corda até o carro. Tivemos que trazê-lo, porém, no banco de trás, bem perto de PR, que vinha no banco de carona, no colo da mãe. Sua alegria desapareceu, no entanto, ao primeiro berro da ovelhinha, bem estridente, por sinal, e assustador, visto que fomos pegos de surpresa. Desde então, PR mantém uma estratégica distância do bichinho, negando-se peremptoriamente a brincar com ele.

Enquanto isso, a ovelhinha vem se adaptando muito bem à sua nova morada, só que com um detalhe: entrou em crise de identidade. Devido à companhia dos cães, vem comportando-se como um deles, perfeitamente integrado ao bando.

Agora, só falta mesmo latir.

6 comentários:

  1. Carlos: me desculpe as fantasias deste afastado. Por vezes encontro em você um certo tom do Armando, mas este é de mais luta, provoca mais e gosta do embate. Neste último semestre de 2008 o achei um tanto contemplativo, mais recolhido ao próprio blog. Por certas manifestações tuas achei que estavas com um certo cansaço das lutas renhidas que não levam a nada. Mas com esta fábula passo a achar um Carlos que já conhecia de outras postagens.

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  2. Prezado José do Vale,

    Você estar certíssimo na observação sobre meu estilo: não sou chegado a polêmicas, principalmente nos últimos dias, onde ando um pouco recolhido. Mas resolvir postar com mais frequência por aqui, não por motivos de avivar polêmica de nenhuma ordem, mas para estabelecer uma trincheira que considero sagrada: o da liberdade de expressão, de credo, de pensamento, de ideologia e do escambau.
    Outra coisa, este post não é uma fábula, mas um episódio doméstico, que envolveu o meu caçula Paulo Rafael, o PR. Espero que não achem que é uma indireta com ninguém. Pois do jeito que a coisa anda por aqui, tudo pode ser relacionado a tudo ou a nada.

    Grande abraço, Mestre! Minhas reverências ao seu bom senso, inteligência e discernimento.

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  3. P.R e a ovelhinha negra -
    logo que cesse essa atmosfera de medo - hão de ser bons companheiros.

    E quiçá a ovelhinha cantarole para o lúdico e belo P.R aquela canção da Rita Lee...
    Então P.R entenderá daquele berro cavernoso dentro do carro.

    Meu camarada e meu irmão,
    um forte abraço.

    Um beijão na testinha desse garotão mágico, P.R - o lúdico.

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  4. kkkkkkkkkkkkk, Domingos, só você é uma semana inteira de tiradas espertas.

    Grande poeta Rafa, sua prosa não me engana nunca, é poesia pura, mesmo íntima e confessional.

    Em tempo de contratempos: esse comentário tem, também, a cumplicidade da camaradagem, pois filhos nós temos aos montes.

    abraços

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  5. O blog em crise,e Rafael que não gosta de polêmica cria uma ovelha que não late. Ainda bem, e aliás mesmo os latidos, cada cão tem o seu.
    E as ovelhas, dóceis por natureza, adaptam-se em meio turbulento. Espero que aprimore o berro com o tempo pra não assustar o PR de novo.

    Mando-lhe beijos, ou berros de alegria, pelo seu jeito embutido de dizer o necessário.

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  6. Caros amigos,

    Mudança no showbizz: entra em cena aquela que já foi até chamada de Madame Min do Rock Tupiniquim. Nada mais salutar, além de simbólico. Decretada aberta a estação de caças às bruxas. Porém, tudo que se abre, um dia fecha-se.
    Inquisições, salens, noites de cristal, mccartismos, revoluções culturais, paredons, marchas com deus e com a família e contra instrumentos elétricos na mpb. Chega de saudade e de intolerância. Ovelhas & cães latindo e pastando juntos, eis o espetáculo que se apresenta com o pastor e o bumbo na praça (ops!).

    Cantemos, pois, o hino da rebeldia tardia:

    "Levava uma vida sossegada
    Gostava de sombra
    E água fresca
    Meu Deus!
    Quanto tempo eu passei
    Sem saber!

    "Foi quando meu pai
    Me disse:
    "Filha, você é a Ovelha Negra
    Da família"
    Agora é hora de você assumir
    E sumir!...

    "Baby Baby
    Não adianta chamar
    Quando alguém está perdido
    Procurando se encontrar
    Baby Baby
    Não vale a pena esperar
    Oh! Não!
    Tire isso da cabeça
    Ponha o resto no lugar"

    (...)

    Iconoclatas e idiossincráticos, uni-vos, enquanto há tempo"!

    Beijos carinhosos
    (em arames farpados não se cortarão os lábios. Em pétalas de rosa, perfurmar-se-ão os hálitos).

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