quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Prova Inconteste - Por: Claude Bloc


Já me falaram que o tempo não existe. Que o inventamos e o aprisionamos nos ponteiros dos relógios, nas caixinhas que o guardam e que o mostram. Dizem que o tempo ficou prenhe dos calendários, que os dias se contam para exaltá-lo.

Dizem! E nem ousarei discutir essa questão escancarada sobre a passagem de um momento. Não me embrenharia nessa altercação filosófica, existencial ou coisa que o/a valha. Basta pensar.

Se o tempo não passa, como passo? Se ele não existe, eu existo! Com se explica essa imagem que vejo refletida no espelho?

O tempo certamente é responsável pelo que se passa comigo. Interfere no meu olhar, hoje mais agudo e mais atento.

Perdi no tempo as imagens da infância. A grandeza das coisas. As passarelas infinitas onde a vida corria. As portas e janelas voltadas para um mundo irreal.

O tempo ajustou minhas retinas, deu nova proporção às minhas ilusões. O tempo apontou minhas fraquezas, quebrou minha rotina, me fez experimentar o carinho sereno do dia e o mar revolto das madrugadas.

O tempo desintegrou o medo, estilhaçou o amor. Desarrumou a grandeza dos meus afetos. Então, o que dizer do tempo? Uma simples fantasia?

Com as mãos desnudas alcanço seus galhos num pulo. E eis a prova inconteste: o tempo existe! O tempo altera o talhe e a proporção das coisas. A gente vai crescendo e o tempo nos vai modelando em seu encalço.
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Por: Claude Bloc

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