Com todo o respeito que tenho pelo brilhante intelectual e competente esculápio José do Vale Pinheiro Feitosa ouso discordar do seu artigo (apesar de longo, recomendo sua leitura logo abaixo).
Escusado dizer que nisso não vai nada de pessoal. Respeito as idéias dele. Nossa discordância é pontual. Outros fatos e acontecimentos – derivados da amizade entre nossos antepassados – nos aproximam e muito. Depois, nunca me incomodou quem pensa diferente de mim. Pelo contrário. Gosto de ouvir argumentos diferentes às minhas idéias. Isto posto, permita-me fazer algumas considerações sobre o denso trabalho do Dr. José do Vale.
(Como sei que ninguém perde mais tempo em ler matérias longas, pelo licença aos leitores para dividir o presente artigo)
Objetivamente, eis minha idéia síntese: A conquista e evangelização do continente americano representaram uma grande conquista para a humanidade. A condição social dos índios do Novo Mundo era a de verdadeiros escravos ante seus despóticos caciques.
Quantos habitantes tinha a América? Foi moda nos arraiais da esquerda, até a queda do Muro de Berlim – no final da década 80 – a divulgação de estatísticas, nem sempre confiáveis, além da acusação de que para subjugar os povos nativos, espanhóis e portugueses teriam cometido um imenso genocídio, matando em 70 a 90 milhões de indígenas. Citar, aleatoriamente, 70 e 90 milhões de índios “mortos” pelos conquistadores equivale a multiplicar por três – ou mais – cifras já infladas no século XVI, conforme a maioria dos historiadores. O renomado historiador norte-americano Philip W. Powell considera isso “um emaranhado de deformações, exageros e erros rotundos (1)
Na verdade, houve diminuição do número de índios depois da Conquista. A epidemia da gripe suína, para citar um único exemplo, causou milhares de mortes. Mas os que levantam a teoria de genocídio nunca mencionam a miscigenação ocorrida ao longo dos séculos. Quem, de sã consciência pode negar a mestiçagem na América Latina?
As culturas que os espanhóis encontraram na América Central – principalmente a maia e a asteca – praticavam holocaustos ao demônio, conforme o historiador Frei Toríbio Motolinia, OFM (2)
Este relatou que havia horríveis carnificinas humanas realizadas sobre pedras colocadas em cima das pirâmides sacrificais.Só na inauguração do templo principal de Tenochtitlan (hoje cidade do México) massacraram 80.000 vítimas, depois usadas em refeições canibalescas. “Esta mesma carne servia de alimentos para incontáveis cascavéis, criadas por Montezuma, num local próximo ao seu palácio” –cfe. CRONAU (3)
Hernán Cortés relatou aos reis de Espanha as festas bárbaras promovidas pelos aborígenes, dentre as quais a do “infanticídio propiciatório”. Quando queriam pedir alguma coisa a seus ídolos os índios tomavam milhares de crianças – meninos e meninas – e abriam-lhe vivos os peitos de onde arrancavam coração e entranhas e lançavam degraus abaixo das pirâmides. Esses sacrifícios chegavam a martirizar de 3 a 4 mil crianças de cada vez.
Não era diferente na América do Sul. Segundo o historiador Césare Cantu (4), os incas quando iam enterrar um índio morto, matavam seus escravos e mulheres para o acompanharem no outro mundo.
(Como sei que ninguém perde mais tempo em ler matérias longas, pelo licença aos leitores para dividir o presente artigo)
Objetivamente, eis minha idéia síntese: A conquista e evangelização do continente americano representaram uma grande conquista para a humanidade. A condição social dos índios do Novo Mundo era a de verdadeiros escravos ante seus despóticos caciques.
Quantos habitantes tinha a América? Foi moda nos arraiais da esquerda, até a queda do Muro de Berlim – no final da década 80 – a divulgação de estatísticas, nem sempre confiáveis, além da acusação de que para subjugar os povos nativos, espanhóis e portugueses teriam cometido um imenso genocídio, matando em 70 a 90 milhões de indígenas. Citar, aleatoriamente, 70 e 90 milhões de índios “mortos” pelos conquistadores equivale a multiplicar por três – ou mais – cifras já infladas no século XVI, conforme a maioria dos historiadores. O renomado historiador norte-americano Philip W. Powell considera isso “um emaranhado de deformações, exageros e erros rotundos (1)
Na verdade, houve diminuição do número de índios depois da Conquista. A epidemia da gripe suína, para citar um único exemplo, causou milhares de mortes. Mas os que levantam a teoria de genocídio nunca mencionam a miscigenação ocorrida ao longo dos séculos. Quem, de sã consciência pode negar a mestiçagem na América Latina?
As culturas que os espanhóis encontraram na América Central – principalmente a maia e a asteca – praticavam holocaustos ao demônio, conforme o historiador Frei Toríbio Motolinia, OFM (2)
Este relatou que havia horríveis carnificinas humanas realizadas sobre pedras colocadas em cima das pirâmides sacrificais.Só na inauguração do templo principal de Tenochtitlan (hoje cidade do México) massacraram 80.000 vítimas, depois usadas em refeições canibalescas. “Esta mesma carne servia de alimentos para incontáveis cascavéis, criadas por Montezuma, num local próximo ao seu palácio” –cfe. CRONAU (3)
Hernán Cortés relatou aos reis de Espanha as festas bárbaras promovidas pelos aborígenes, dentre as quais a do “infanticídio propiciatório”. Quando queriam pedir alguma coisa a seus ídolos os índios tomavam milhares de crianças – meninos e meninas – e abriam-lhe vivos os peitos de onde arrancavam coração e entranhas e lançavam degraus abaixo das pirâmides. Esses sacrifícios chegavam a martirizar de 3 a 4 mil crianças de cada vez.
Não era diferente na América do Sul. Segundo o historiador Césare Cantu (4), os incas quando iam enterrar um índio morto, matavam seus escravos e mulheres para o acompanharem no outro mundo.
Este o panorama que os colonizadores encontraram quando aqui chegaram no final do século XV...
Bibliografia:
(1)POWELL, Philip W. Arbol de Ódio, Ediciones Jose Porrúa Turanzas, Madrid, 1971
(2)MOTOLINIA, Fray toribio, Relación de los ritos antiguos...- Manuscrito de la ciudad de México, Aragon Editores, 1ª ed.1979
(3) CRONAU, Rodolfo, América-historia de su descrobimiento, Montaner y Simon Editores, Barcelona, 1892
(4) CANTU, César, História Universal, volume XII, Empresa Literária Fluminense, Rio de Janeiro.
Bibliografia:
(1)POWELL, Philip W. Arbol de Ódio, Ediciones Jose Porrúa Turanzas, Madrid, 1971
(2)MOTOLINIA, Fray toribio, Relación de los ritos antiguos...- Manuscrito de la ciudad de México, Aragon Editores, 1ª ed.1979
(3) CRONAU, Rodolfo, América-historia de su descrobimiento, Montaner y Simon Editores, Barcelona, 1892
(4) CANTU, César, História Universal, volume XII, Empresa Literária Fluminense, Rio de Janeiro.
Prezado Armando: se formos fazer do passado uma disputa fla-flu, perdemos a história e ganhamos a arenga. Quando citei Fernand Braudel foi de propósito, ele nunca foi um historiador de esquerda e costuma citar dados apenas quando por referência solidamente científicas e de matriz acadêmica. Procure a referência que citei no artigo e verás que não se trata de "derrubar teses" mas de gerar a informação mais confiável possível. Sabes que estudar a demografia como método de contagem em relação aos referidos séculos é sempre um grande problema, especialmente nas Américas. O que se faz é aplicar modelos de relatos de então (todos europeus pois a escrita não era dos ameríndios), aplicar modelos matemático próprio da dinâmica demográfica humana e claro fazer estimativas. Ou seja, estimativas, não mais que isso.
ResponderExcluirFinalmente, sem prejuízo das outras partes do teu artigo, apenas recordo a você como historiador a dificuldade que sempre teremos em firmar referências de valor em relação ao comportamento passado. Afinal o fazemos, normalmente pelas nossas própria crenças e convicções, mas aí não estamos tratando de ciência. Estamos, normalmente, independente de qual seja a ideologia do autor, falando das nossas próprias "fé".
O que pretendi foi radicalizar a tua própria tese no artigo original: não transformar os índios em entes idílicos. Simplesmente apliquei a fórmula ao outro lado. Acho que a tua fórmula é a melhor. Não existe um melhor, ou um pior, existe um grande movimento do qual se pode extrair lições de história que podem construir valores de uma civilização hoje. Que valores? Um por exemplo o respeito ao outro (a matriz da ética), um não ao extermínio de povos, equilíbrio em analisar os fenômenos com força da realidade e da razão e assim por diante.
Eis querido Armando, a lição que chamaste longa que pretendi debater.
Querido José do Vale,
ResponderExcluirVocê sempre brilhante. Nem bem postei o articuleto e você já responde (como sempre com lhaneza e benquerença)com sólidos argumentos.
Diante deste seu comentário creio que a continuidade do meu articuleto fica sem sentido.
Grande abraço e seja bem-vindo às postagens.
Armando
Armando,sem querer colocar mais lenha na fogueira,eu que considero-me de esquerda liberal,concordo com sua tese ja que pude comprovar in loco,na minha visita a Macchu Picchu,o barbarismo que foi essas chamadas civilizações indígenas,longe dessa utopia de inocência e harmonia com a natureza que se tenta passar como verdade absoluta.
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