Qual o poema desta tarde?
Meus dedos entreolham-se.
O mindinho aponta pra cima.
Então os olhos bravejam -
"ei, não temos nada com isso!"
Meus filhinhos,
qual o poema desta tarde?
Majestoso silêncio.
Olho para os dedos -
balanço a cabeça.
Desprezíveis, penso.
Levanto-me da cadeira giratória -
diante do espelho encaro meus olhos.
Covardes, penso.
Sem a cumplicidade
dos dedos nem dos olhos
nesta tarde não escrevo poema.
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