quarta-feira, 4 de março de 2009

As quizangas do Diogo

Ele é formado em Direito. E escritor, antes de tudo. Do tipo de texto que me causa orgulho. Incondicional orgulho.

"Apenas quizangas: não sou machado

Gosto de alguns rituais de final de ano. Preciso deles. Pra ironizar as merdas. Entre eles, incensos.

Levantar bandeira é fetiche de cantor de hip-hop que glamuriza burrice.

"Falo e escrevo errado. Isso mesmo, pois sou excluído, sacô."

Não sou engajadinho sequer quando escrevo contos.


Mas preciso dizer que o ano começa antes do Carnaval. Ser punk também é usar terno e gravata ao meio dia. Ler literatura no ônibus. Dedicar-se nas brechas das horas. Transgredir é convencer com os argumentos do sistema. Bem ao modelo socrático.

Não me filio a ninguém. Bebo minha tempestade sozinho, no bar. Não ando em grupos. Não sou ninguém. Sou aquele que observa o colete aprova de balas sem chapas, vazio e esgarçado no policial acima do peso. O detector de metais não funciona. Sejam bem-vindos ao Fórum Criminal. Teste: leve um guarda-chuva na valise e entre.

Uma vida de terno-e-gravata ao meio dia, na Capital de Salvador, justifica quando conseguimos a liberdade de alguém que mal tem grana pra comer. O baseado em questão em sua grande maioria é o pão com goiabada; a única alegria possível, talvez.

Não entrarei ao mérito. Cabe monografia.

Foco na mediunidade de determinadas autoridades:

'Guardava consigo certa quantia em dinheiro, escondido no bolso, fato que demonstra a prática do tráfico de drogas". Incrível. Como se o mero porte de dinheiro fosse um tipo penal. Com a espada justiceira de Lion do Thunder Cat´s encontrou o seguinte silogismo: "dinheiro no bolso, logo, fruto da venda de drogas'.

Agora andaremos pelas ruas com cofres de vidro pra não esconder e, expor, desde já, aos transeuntes-ladrões as nossas quantias.

'O interrogado declara que é surdo-mudo e não quis comunicar sua prisão à ninguém'... Risível. Preso por sua própria condição. Filhos de Caim, pra marcar no rosto. Sem comentários.

Pontuar erros não é legal. Pois compromete.

A justiça é uma ficção como um vestíbulo que não detecta metais. Acreditamos nela como acreditamos em Deus.

Existe?

Existem homens capazes de pequenos atos que salvam vidas. O que existe, de fato, é trabalho-dedicação. É gostoso o êxito. O jogo de xadrez do processo. As brechas pra educar o sistema; pra que façam cumprir determinações legais e não cometam arbitrariedades com você, amanhã; utopia.

Outras quizangas:

Temos o que queremos. Somos idiotas. Vivemos na escola-manada do ter. Ninguém lê sequer o básico. A classe média deseja mais prisão e pena; a mesma classe que mete o pau nas arbitrariedades da polícia, mas, gera do próprio ventre um pelotão de cavalos. Afinal, quem presta concurso pra policial? É um desejo quase erótico andar de cassetete.

O Brasil é um atraso. Nada pior que evangélicos-empresários na manutenção de dogmas. Um recado pros gays: fiquem ricos. As igrejas, prontamente, farão pleitos no legislativo pelo seu dízimo. Opostamente, a arte-plural é um alento pra poucos-loucos. Só pros raros. Nosso pão com goiabada. Nossa única alegriazinha nessa realidade inconstitucional. O Brasil precisa de mais bandas “punk´s”. Revolução é na base. É também andar de terno ao meio dia. E chinelos, bermuda, à noite, com um bom livro no colo e a cabeça fresca merecendo o chão que pisa.

Que a terra seja leve: esses são os votos para 2009. "

o blog dele: http://mastigandolinguas.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário