terça-feira, 17 de março de 2009

"Diário do Nordeste" - Caderno Regional, 17-03-2009


SÍTIO CALDEIRÃO
Será iniciada licitação para Parque Histórico
Crato. Será aberto, esta semana, o processo de licitação do projeto de Revitalização do Parque Histórico do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto. Serão investidos no projeto, na primeira etapa de trabalho, R$ 360 mil, com recursos do Governo do Estado, repassados pela Secretaria de Cultura (Secult) e contrapartida da Prefeitura Municipal do Crato, no valor de R$ 60 mil.

Segundo a secretária de Cultura do Crato, Danielle Esmeraldo, a perspectiva é que os serviços sejam iniciados no mês de abril ou tão logo que esteja concluída a quadra invernosa. A primeira parcela para investimento na obra já foi liberada pelo Governo do Estado.

O local passará a ter uma nova visibilidade com o projeto de revitalização. O objetivo, segundo Danielle, é fornecer uma estrutura com atrativos culturais, turísticos e históricos, com aproveitamento racional do potencial do espaço, trazendo como elemento a memória histórica da experiência vivenciada pela comunidade na época. “É o resgate não só material, mas imaterial também”, disse.
Restauração completa
Dentro das metas estruturais do projeto, consta a reconstrução da casa do beato José Lourenço, resgatando o modelo original, restauração completa da Capela de Santo Inácio, com altares, santos e mobiliários, restauração completa do cruzeiro, das fundações e identificação dos cemitérios e dos túmulos dos jesuítas.

Também está incluído no projeto melhoria dos acessos aos caldeirões, fendas abertas nas pedras, que deram origem ao nome do sítio. Eram responsáveis pelo abastecimento d’água da comunidade. Faz parte do projeto, a construção de estrada e espaço para estacionamento, Açude do Caldeirão, restauração das ruínas do engenho, banheiros e uma casa para morador.

Será erguido o “Memorial da Religiosidade dos Povos do Nordeste”, incluindo o próprio Caldeirão, Canudos, Pedra Bonita, Pau de Colher, entre outros. Uma sala-auditório está prevista no projeto para palestras, aulas, exibição de filmes e exposições, espaço de recepção aos visitantes e uma pequena loja de souvenir.

O projeto de resgate histórico do Caldeirão foi idealizado pelo então secretário de Cultura do Crato, Rosembeg Cariry, em 1998, na administração do prefeito Raimundo Bezerra Coelho e agora concretizado pelo prefeito Samuel Araripe, que tem como vice-prefeito um filho de Raimundo Bezerra.

O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto marca a história cearense com um grande massacre. Oficialmente, 400 pessoas mortas pelas milícias do Exército Brasileiro e Polícia Militar do Estado. O massacre ocorreu em 1937, em cima da Serra do Araripe, mas tudo começou no Caldeirão, de onde o beato e seus seguidores foram expulsos no ano anterior.

Em 1936, sem a proteção de Padre Cícero, que falecera em 1934, a fazenda foi invadida, destruída, e os sertanejos divididos, ressurgindo novamente pela mata em uma nova comunidade, a qual em 11 de maio foi invadida novamente.
Local desconhecido
Foi a primeira ação de extermínio do Exército Brasileiro e Polícia Militar do Ceará. Os familiares e descendentes dos mortos nunca localizaram corpos, pois o Exército Brasileiro e a Polícia Militar do Ceará não informaram o local da vala coletiva na qual os seguidores do beato José Lourenço foram enterrados.Presume-se que a vala coletiva está na Mata dos Cavalos, na Serra do Cruzeiro.

ANTÔNIO VICELMO
Repórter

Um comentário:

  1. Meu caro Armando.

    Quem comandou a carnificina foi o Capitão Inacio Vinhas. Conhecido por sua violencia e crueldade. A capela de Santo Inacio já existia. Triste coincidencia?

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