As novidades começam como contradição. Obviamente com o velho estabelecido. A contradição é viva, humana, ocorre tanto como apreensão consciente quanto como representação sobre a forma de diálogos e discursos entre o velho e o novo. Algumas sociedades estão maduras para o tema e justo o tratam, superando rapidamente a novidade sob a forma de tomada de posição como uma nova norma e uma nova prática.
Outras sociedades são mais assimétricas, a consciência de cidadania mais fluída e vivendo em formas hierárquicas anacrônicas (religiosas, morais, políticas, sociais etc.) tendem a desviar-se na contradição e a permanecer longos períodos sem um efetivo salto qualitativo em relação ao conflito. Vamos à questão da corrupção no Brasil e agora se observa que em todo o capitalismo dos países centrais. Hoje mesmo os jornais amanheceram relatando mais uma operação corrupta envolvendo partidos políticos, uma organização patronal (a FIESP) e uma empreiteira (Camargo Corrêa).
Onde nos perdemos? Em lançar lama como um jogo entre a situação e oposição. A grande mídia, conforme crítica do Observatório da Imprensa, quase sempre oposicionista, tratou de jogar toda a lama nos partidos da situação no chamado escândalo do Mensalão, mas agora vacila pois o novo escândalo atinge partidos da oposição. Ora mas a questão se encontra nos contrapesos necessários ao controle da contratação de obras públicas, ao fluxo destes dinheiros e, principalmente, no financiamento dos partidos políticos e suas campanhas.
Centrar a questão entre bandidos (da situação) e mocinhos (da oposição) é perpetuar o jogo da corrupção. É absolver os corruptos – por exemplo, diante de fato como este tanto o banco rural envolvido no mensalão quanto a Camargo Corrêa deveriam ser punidos em seu aspecto comercial, em seus negócios (não participar de obras públicas por um longo período, não poder fazer certas operações bancárias etc.), independente da penalidade que caia impreterível sobre os agentes diretamente envolvidos na questão. Mas onde se encontra o debate fomentado pela mídia: entre corrupção amiga e corrupção inimiga.
Outro aspecto emperrado na evolução brasileira. Todas as sociedades evoluídas criaram mecanismos de proteção social (assistência, previdência, transferência de renda, saúde pública, educação pública etc.), mas isso no Brasil virou xingamento entre situação e oposição. E claro quem critica se escuda no que ler e no que ouve. Um exemplo. Há pouco mais do que um mês tive um diálogo com um dos maiores comerciantes de Paracuru. Se encontra numa disputa acirrada por ocupação de espaço no mercado, por baixo do pano sonega impostos, não paga bem seus empregados, não cumpre as obrigações trabalhistas, trabalha muito articulando seu negócio e por isso confunde a sua própria corrupção como uma virtude comercial. Do quê se queixava: o governo é culpado de tudo, leva o dinheiro de quem trabalha sob a forma de impostos e não devolve em benefícios como gasolina barata (subsidiada?), ruas asfaltadas (não podia ser outro material?) e assim por diante. Agora fica dando esta bolsa família e, resultado, não tem quem queira dar um dia de serviço.
Vamos para um desconto sobre esta visão? A mídia nacional é desfocada, usada como muleta política e como formação ideológica do patrimonialismo brasileiro. Também pudera, enquanto nós oriundos das classes sociais mais da base lemos e ouvimos os formadores de opinião, os grandes jornais, cadeias e rádio e televisão são capitanias hereditárias familiares. Pertencem a hierarquia hereditária, dos Marinhos, Mesquitas, Civita, Frias de Oliveira só no eixo Rio-São Paulo sem contar os sátrapas das mídias regionais. O desconto é que quem fala é como corte colagem deste editores de texto de computador, transfere das rotativas dos senhores direto para a prateleira do dia-a-dia.
Vamos aos dois exemplos? Recente estudo de doutorado da Royal Holloway – University of London, feito pela professora Ana Caroline Costa Resende, concluindo sobre o Bolsa Escola, programa de transferência de renda brasileiro. “Os resultados estimados sugerem um efeito positivo das transferências monetárias sobre o consumo das famílias pobres beneficiárias. O fato de os recursos serem prioritariamente destinados a despesas com alimentos, educação, produtos de higiene e vestuário em detrimento de itens como bebidas e cigarros, despesas diversas e bens duráveis significa que, em alguma medida, estes recursos estão sendo gastos de forma eficiente. É provável, também, que o aumento do consumo destas famílias eleve o seu nível de bem-estar, representando um "alívio" imediato sobre a pobreza.”
Agora quanto o papel da mídia ao criar uma cortina de fumaça que protege a corrupção de grandes empreiteiras, partidos políticos e instituições patronais. Texto do Juiz de Santis ao decidir sobre a recente operação Castelo de Areia: “Essas palavras são necessárias num país em que o medo tomou conta de tudo e de todos, quer porque as pessoas se envergonham de serem honestas, quer porque têm acesso a notícias de parte de setores da imprensa, muitas vezes orquestradas apenas para consagrar interesses exclusivamente privados..”
Outras sociedades são mais assimétricas, a consciência de cidadania mais fluída e vivendo em formas hierárquicas anacrônicas (religiosas, morais, políticas, sociais etc.) tendem a desviar-se na contradição e a permanecer longos períodos sem um efetivo salto qualitativo em relação ao conflito. Vamos à questão da corrupção no Brasil e agora se observa que em todo o capitalismo dos países centrais. Hoje mesmo os jornais amanheceram relatando mais uma operação corrupta envolvendo partidos políticos, uma organização patronal (a FIESP) e uma empreiteira (Camargo Corrêa).
Onde nos perdemos? Em lançar lama como um jogo entre a situação e oposição. A grande mídia, conforme crítica do Observatório da Imprensa, quase sempre oposicionista, tratou de jogar toda a lama nos partidos da situação no chamado escândalo do Mensalão, mas agora vacila pois o novo escândalo atinge partidos da oposição. Ora mas a questão se encontra nos contrapesos necessários ao controle da contratação de obras públicas, ao fluxo destes dinheiros e, principalmente, no financiamento dos partidos políticos e suas campanhas.
Centrar a questão entre bandidos (da situação) e mocinhos (da oposição) é perpetuar o jogo da corrupção. É absolver os corruptos – por exemplo, diante de fato como este tanto o banco rural envolvido no mensalão quanto a Camargo Corrêa deveriam ser punidos em seu aspecto comercial, em seus negócios (não participar de obras públicas por um longo período, não poder fazer certas operações bancárias etc.), independente da penalidade que caia impreterível sobre os agentes diretamente envolvidos na questão. Mas onde se encontra o debate fomentado pela mídia: entre corrupção amiga e corrupção inimiga.
Outro aspecto emperrado na evolução brasileira. Todas as sociedades evoluídas criaram mecanismos de proteção social (assistência, previdência, transferência de renda, saúde pública, educação pública etc.), mas isso no Brasil virou xingamento entre situação e oposição. E claro quem critica se escuda no que ler e no que ouve. Um exemplo. Há pouco mais do que um mês tive um diálogo com um dos maiores comerciantes de Paracuru. Se encontra numa disputa acirrada por ocupação de espaço no mercado, por baixo do pano sonega impostos, não paga bem seus empregados, não cumpre as obrigações trabalhistas, trabalha muito articulando seu negócio e por isso confunde a sua própria corrupção como uma virtude comercial. Do quê se queixava: o governo é culpado de tudo, leva o dinheiro de quem trabalha sob a forma de impostos e não devolve em benefícios como gasolina barata (subsidiada?), ruas asfaltadas (não podia ser outro material?) e assim por diante. Agora fica dando esta bolsa família e, resultado, não tem quem queira dar um dia de serviço.
Vamos para um desconto sobre esta visão? A mídia nacional é desfocada, usada como muleta política e como formação ideológica do patrimonialismo brasileiro. Também pudera, enquanto nós oriundos das classes sociais mais da base lemos e ouvimos os formadores de opinião, os grandes jornais, cadeias e rádio e televisão são capitanias hereditárias familiares. Pertencem a hierarquia hereditária, dos Marinhos, Mesquitas, Civita, Frias de Oliveira só no eixo Rio-São Paulo sem contar os sátrapas das mídias regionais. O desconto é que quem fala é como corte colagem deste editores de texto de computador, transfere das rotativas dos senhores direto para a prateleira do dia-a-dia.
Vamos aos dois exemplos? Recente estudo de doutorado da Royal Holloway – University of London, feito pela professora Ana Caroline Costa Resende, concluindo sobre o Bolsa Escola, programa de transferência de renda brasileiro. “Os resultados estimados sugerem um efeito positivo das transferências monetárias sobre o consumo das famílias pobres beneficiárias. O fato de os recursos serem prioritariamente destinados a despesas com alimentos, educação, produtos de higiene e vestuário em detrimento de itens como bebidas e cigarros, despesas diversas e bens duráveis significa que, em alguma medida, estes recursos estão sendo gastos de forma eficiente. É provável, também, que o aumento do consumo destas famílias eleve o seu nível de bem-estar, representando um "alívio" imediato sobre a pobreza.”
Agora quanto o papel da mídia ao criar uma cortina de fumaça que protege a corrupção de grandes empreiteiras, partidos políticos e instituições patronais. Texto do Juiz de Santis ao decidir sobre a recente operação Castelo de Areia: “Essas palavras são necessárias num país em que o medo tomou conta de tudo e de todos, quer porque as pessoas se envergonham de serem honestas, quer porque têm acesso a notícias de parte de setores da imprensa, muitas vezes orquestradas apenas para consagrar interesses exclusivamente privados..”
Texto coerente é elucidativo. Não tenho o que comentar. Só posso elogiar.
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