Ponto de Vista – Por Ezra Pound
Se nos dispusermos a ir em busca de “elementos puros”, em literatura, acabaremos concluindo que ela tem sido criada pela seguinte classe de pessoas:
1- INVENTORES – Homens que descobriram um novo processo ou cuja obra nos dá o primeiro exemplo conhecido de um processo.
2- MESTRES – Homens que combinaram um certo número de tais processos e que os usaram tão bem ou melhor do que os inventores.
3- DILUIDORES – Homens que vieram depois das duas primeiras espécies de escritor e não foram capazes de realizar tão bem o trabalho.
4- BONS ESCRITORES SEM QUALIDADES SALIENTES – Homens que tiveram a sorte de nascer numa época em que a literatura de seu país está em boa ordem ou em que algum ramo particular da arte de escrever “é saudável”. Por exemplo, homens que escreveram sonetos no tempo de Dante, homens que escreveram poemas curtos no tempo de Shakespeare ou algumas décadas a seguir, ou que escreveram romances e contos na França, depois que Flaubert lhes mostrou como fazê-lo.
5- BELETRISTAS – Homens que realmente não inventaram nada, mas que se especializaram em uma parte particular da arte de escrever, e que não podem ser considerados “grandes homens” ou autores que tentaram dar uma representação completa da vida ou da sua época.
6- LANÇADORES DE MODAS
Enquanto o leitor não conhecer as duas primeiras categorias, será incapaz de distinguir as “árvores da floresta”. Ele pode saber do que “gosta”. Ele pode ser um “verdadeiro amador de livros”, com uma grande biblioteca de volumes magnificamente impressos, nas mais caras e vistosas encadernações, mas nunca será capaz de ordenar o seu conhecimento ou de apreciar o valor de um livro em relação a outros, e se sentirá ainda mais confuso e menos capaz de formular um juízo sobre um livro cujo autor está “rompendo com as convenções” do que sobre um livro de oitenta ou cem anos atrás.
Ele jamais compreenderá a razão pela qual um especialista se mostra irritado com ele ao vê-lo exibir pomposamente uma opinião de segunda ou terceira mão a propósito dos méritos do seu mau autor preferido.
Ezra Pound – ABC da Literatura – páginas 42 e 43 – Editora Cultrix
Se nos dispusermos a ir em busca de “elementos puros”, em literatura, acabaremos concluindo que ela tem sido criada pela seguinte classe de pessoas:
1- INVENTORES – Homens que descobriram um novo processo ou cuja obra nos dá o primeiro exemplo conhecido de um processo.
2- MESTRES – Homens que combinaram um certo número de tais processos e que os usaram tão bem ou melhor do que os inventores.
3- DILUIDORES – Homens que vieram depois das duas primeiras espécies de escritor e não foram capazes de realizar tão bem o trabalho.
4- BONS ESCRITORES SEM QUALIDADES SALIENTES – Homens que tiveram a sorte de nascer numa época em que a literatura de seu país está em boa ordem ou em que algum ramo particular da arte de escrever “é saudável”. Por exemplo, homens que escreveram sonetos no tempo de Dante, homens que escreveram poemas curtos no tempo de Shakespeare ou algumas décadas a seguir, ou que escreveram romances e contos na França, depois que Flaubert lhes mostrou como fazê-lo.
5- BELETRISTAS – Homens que realmente não inventaram nada, mas que se especializaram em uma parte particular da arte de escrever, e que não podem ser considerados “grandes homens” ou autores que tentaram dar uma representação completa da vida ou da sua época.
6- LANÇADORES DE MODAS
Enquanto o leitor não conhecer as duas primeiras categorias, será incapaz de distinguir as “árvores da floresta”. Ele pode saber do que “gosta”. Ele pode ser um “verdadeiro amador de livros”, com uma grande biblioteca de volumes magnificamente impressos, nas mais caras e vistosas encadernações, mas nunca será capaz de ordenar o seu conhecimento ou de apreciar o valor de um livro em relação a outros, e se sentirá ainda mais confuso e menos capaz de formular um juízo sobre um livro cujo autor está “rompendo com as convenções” do que sobre um livro de oitenta ou cem anos atrás.
Ele jamais compreenderá a razão pela qual um especialista se mostra irritado com ele ao vê-lo exibir pomposamente uma opinião de segunda ou terceira mão a propósito dos méritos do seu mau autor preferido.
Ezra Pound – ABC da Literatura – páginas 42 e 43 – Editora Cultrix
Marcos Vinícius
ResponderExcluirsempre achei o texto de ezra pound super-pertinente pra fazer a distinção entre filósofos e professores de filosofia, poetas e professores de literatura etc. não que algumas vezes as duas funções não sejam cumpridas pela mesma pessoa. mas é bem raro ver essa combinação bem sucedida. há um grande abismo entre os inventores e os meros lançadores de modas/modismos. mas consigo admirar quem ao menos tem consciência do seu papel nessa escala de valores.
Prof Marcos,
ResponderExcluirO Pound fazia parte daquela casta resumidíssima de gênios, daqueles que estão bem adiante do seu tempo e, por isso mesmo, terminam tão incompreendidos. Lembro que nos hospício dizia que aquele é que era o seu lugar, pois nos EUA era impossível viver a não ser no manicômio. De que lado das grades estavam, na verdade, os doidos ?
Pois é, Maurício, nem sempre o fato de você ser professor o credencia ao conhecimento. A coisa mais comum, aliás, é justamente pessoas formadas e exercendo a profissão em sala, serem tremendamente picaretas, sem conhecimento de causa, mas arrotando diplomações. O conhecimento legitima opiniões, mas opiniões jamais legitimarão conhecimentos. Para tanto, basta dar uma passeada pelo blog, para vermos a história ser cortada ao meio, tal qual um fígado de porco no meio de uma feira.
ResponderExcluirEzra Pound é demais! Para não causar impacto, eu suprimi a parte subsequente, em que ele aconselha a não confiar em todo mundo.
abraços.
Grande JFlavio,
ResponderExcluirde vez em quando é necessário, nesse blog, se expressar de forma contundente para que muitos possam entender de uma vez por todas, que a blogsfera desse espaço é feita por pessoas cultas e com formação educacional adequada e que dificilmente engolirão gato por lebre.
Sobre loucura aparente ou transtorno aderente, basta uma passeada por algumas postagens, fica fácil perceber que a gaiola que prendeu Pound ainda está funcionando.
abraços